No outro dia, a tarde, Changkyun e Kihyun foram prontamente para a estação de metrô de Incheon, onde lá pegaram o metrô para a estação de Daejeon. O trajeto de duas horas permitiu que Kihyun cochilasse até que chegassem, com a cabeça no ombro de Changkyun, agarrando o braço dele. Eles então saíram do metrô ainda de braços dados e seguiram algumas quadras até chegarem em uma rua residencial de aparência refinada, cheia de altos prédios e grandes casas. Pararam de andar em frente a um prédio mais parecido com um arranha-céu, cheio de janelas e varandas.
— Bom, chegamos. — Kihyun anunciou.
— É aqui? — Changkyun perguntou, boquiaberto, olhando para o alto tentando enxergar o último andar.
— Não se engane, cinco dos andares são apenas estacionamento. Vamos indo.
Os dois entraram na recepção, onde o porteiro cumprimentou Kihyun. Eles seguiram pelo grande hall de entrada, que era revestido de porcelanato e grandes pilastras de madeira com sofás acolchoados no canto direito e um balcão no esquerdo, até que então entraram no elevador. Uma vez que as portas se fecharam, Kihyun soltou um suspiro.
— Você está pronto? — Changkyun o olhou, esperando que o contato visual pudesse transmitir certa paz para Kihyun, que com certeza não estava bem.
— Eu não sei. — Admitiu. — Mas eu só vou saber se tentar.
Quando o elevador parou, Kihyun instintivamente agarrou a mão de Changkyun e entrelaçou seus dedos, respirando fundo e enchendo o peito da pouca confiança que ainda tinha antes de sair; estavam de frente para um largo corredor cheio de portas laterais com um tapete que se estendia da saída do elevador até a última porta no centro, que era justamente a porta que iriam entrar. Cada entrada possuía um pequeno lustre de parede ao lado, e Kihyun dali retirou uma chave.
Ele enfiou a chave na porta e parou. Changkyun não o interrompeu porque sabia que aquilo não ia ser rápido, e também porque respeitava o tempo de Kihyun. Quantas horas ele quisesse.
— Você acha que tem alguém? — Perguntou ele, a voz de repente tão fraca quanto da primeira vez em que se viram.
— Não, acho que não. — Changkyun respondeu com sinceridade. — Mas se tiver, vamos fazer assim mesmo. Você consegue.
— É... é, tem razão. Eu consigo. — E Kihyun virou a chave, ecoando o barulho da fechadura pelos corredores vazios, abrindo a porta com um rangido lento e sarcástico e pavoroso. E então eles entraram.
Aparentemente não havia ninguém. O apartamento era tão grande que possivelmente caberia duas vezes o tamanho do de Changkyun. Era todo em tábua corrida, com quadros, espelhos e diplomas nas paredes, móveis finos, uma cristaleira próxima à mesa de jantar, um vaso de costela-de-adão e um tapete persa manchado, e isso era tudo. As janelas e cortinas estavam fechadas, tornando o ambiente muito abafado e começando a cheirar a mofo, indiciando que ninguém entrava ali fazia certo tempo. Eles estavam em silêncio e Changkyun só fazia seguir Kihyun pelos cômodos, até finalmente entrarem em outro: o quarto.
Kihyun tinha desprezo em seu rosto e ao mesmo tempo muita, muita dor. Ele estava tenso e isso era visível. Se não fosse o momento, ele teria ficado muito mais feliz em ver que todas as suas coisas não tinham sido queimadas por Youngho. Com ajuda de Changkyun, eles juntaram tudo que julgaram necessário e enfiaram em duas pequenas malas de viagem.
— Falta algo? — Changkyun perguntou quando pareciam enfim terminados.
— Até falta, mas o necessário está todo aqui. Agora devemos ir, essa casa me deixa nervoso.
Arrastaram as malas pelo corredor e ao voltarem para a sala, Changkyun matou sua curiosidade sobre o tapete manchado e foi conferir com seus próprios olhos; as manchas se concentravam em um único canto e se assemelhavam a sangue, o que o assustou.
— Kihyun, o que é isso? — Perguntou ele, apontando para as manchas.
Kihyun empalideceu em um tom doente, e mesmo querendo disfarçar, sua respiração começou a se tornar agitada.
— D-Deve ser vinho... coisa dele, não sei. Vamos logo, por favor.
— Isso aqui claramente não é vinho. Tem haver com seu corte no lábio, não tem?
— Changkyun-
— É impossível que você possa fingir que não aconteceu nada. Olha esse tapete, essas cortinas fechadas...
— Eu te conto tudo no caminho, é sério. Só vamos embora logo. Estou te pedindo.
E Changkyun se sentia horrível por estar segurando Kihyun ali dentro, mas ele sabia que não conseguiria as respostas uma vez que fossem embora. Aquele era o assunto, a parte mais sombria da história que não havia sido revelada. A parte que realmente traumatizou Kihyun.
— Kihyun, Youngho por acaso bateu em você?
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SOJU
Fanfiction[𝐂𝐇𝐀𝐍𝐆𝐊𝐈] A vida de Changkyun nunca mais foi a mesma desde que viu Kihyun, bêbado, chorando no bar em que trabalhava. LONG FIC | PT-BR 1° BETAGEM - novembro/2019 2° BETAGEM - EM ANDAMENTO Capítulos ainda não revisionados sinalizados com ( '...