Estou entre ligar para o Juan e não ligar. Se eu ligar, ele vai perguntar o porque eu não esperei. E eu posso dar duas respostas. A verdade ou contar uma mentira. Tenho que confessar que a mentira está ganhando de oitenta por cento. A verdade é que eu fui embora com Richard por livre e espontânea vontade. Mas eu posso falar que eu estava passando mal e que meus amigos me ofereceram para me levar embora. já que não o achamos em lugar nenhum. Mas como vamos saber se ele estava em algum lugar da festa, sendo que nós não o procuramos?
Decido contar a mentira, e começo a discar o número dele, mas me detenho ao pensar que, se ele achar que estou mal, ele vai querer vir aqui. Não! Droga! A mentira não. Vou ter que falar a verdade. Qual é? O cara sai por mais de hora e não fala onde foi. Será que ele fez o mesmo que eu? Ele pode ter ido embora. Será que ele estava entediado comigo?
Quer saber? Não vou ligar pra ninguém. Não vou dar satisfação só porque ele era meu par. Até porque ele próprio não fez o mesmo. Jogo o telefone no sofá ao lado e me concentro no filme. Mas sou interrompida de novo por vozes no corredor. Ouço alguém bater na porta. Minha mãe não sai do pé, caramba!
- Mãe, já falei que não quero comer. Pode deixar estou bem nutrida - a porta se abre mesmo assim. E quando eu vejo quem é, não disfarço o susto que levo.
- Richard? - ele entra devagar esperando alguma resistência da minha parte. Até eu me dar conta, eu abaixo a cabeça e olho para minha roupa. Não, nao. Erradíssimo. Mas ele parece nem olhar. - é... O que você está fazendo aqui? - eu digo levantando e dando uma ajeitada no cabelo.
- Oi... - ele diz colocando as duas mãos no bolso da calça jeans. Os cabelos acobreados dele está bagunçado, os olhos castanhos parecem estar mais abertos que o habitual. Ele está com uma camisa branca e parece bem casual. - desculpa chegar assim. Só vim saber como você está.
Ele parece deslocado, mas acaba se aproximando mais.
- Estou bem... Obrigada por vir - eu não sei muito bem pra onde olhar, mas logo ele quebra o silêncio.
- Desculpa, você está assistindo e eu entrei assim - ele fala meio sem jeito.
- Não! - eu digo alto e ele me olha meio que assustado - não tem problema. Até porque já assisti esse filme antes. Então, não faz muita diferença.
- Sobre ontem – ele começa – não quero que você pense que chamei a Penélope para te provocar.
- Claro que não – eu falo fazendo a melhor expressão possível – Nem passou isso pela minha cabeça – eu minto, na verdade a primeira coisa em que pensei foi exatamente isso.
- Que bom! – ele fala e estamos em um silêncio, constrangedor.
- E também, não tem porque eu pensar isso, nós somos amigos e... - Ele tira as mãos no bolso e as solta ao lado do corpo. Ele parece querer colocar tudo para fora.
- Então é isso? – ele parece impaciente, e eu faço uma cara de quem não está entendendo, fazendo ele aumentar o descontentamento – Vai ser assim? Só isso o que você vai dizer? Não vai me dizer o que está acontecendo aqui?
- E o que está acontecendo aqui? – eu pergunto e quero que ele seja mais claro.
- Está acontecendo algo entre nós, e você sabe muito bem disso – ele solta de uma vez, e eu fico impressionada. Não esperava uma atitude direta, ainda mais do Richard.
- Como você pode ter tanta certeza? – eu pergunto meio nervosa, porque sei muito bem que ele está no controle da conversa. - Eu não... – ele me puxa antes que eu termine de falar. – Eu não sei sobre o que você está falando.
- Você é teimosa Alexa – ele diz perto e com a voz profunda.
- Não sou não – eu respondo automaticamente.
- Eu não te falei ontem, mas, você estava linda – ele diz quase com a boca na minha. Eu fico paralizada, e me sinto vulnerável. – Maravilhosa seria a palavra mais apropriada.
Eu tento me soltar dele. Tento lutar contra o que eu quero, mas ele não parece se importar com a minha resistência. E logo ele está com os lábios grudados ao meu. Eu tento lutar mais uma vez, mas acabo cedendo. Eu só tive uma experiência de beijo, e não foi boa. Mas o beijo do Richard é muito bom. Agora sim, as descrições dos livros fazem sentido. Eu pareço estar flutuando, e quando ele coloca a língua, eu me solto de uma vez, e já passo as minhas mãos na nuca dele trazendo-o para mais perto ainda. Ele me puxa ainda mais pela cintura. Eu aproveito muito, como se esse fosse o último beijo que darei em minha vida, e também porque não tenho certeza quando isso irá acontecer novamente. Depois que nos beijamos, nós dois estamos ofegantes, e sinto minha boca quente.
Com dificuldade abro os olhos. Richard parece desconcertado. Eu fico muda e ele também.
- Acho melhor eu ir embora – ele diz e eu tento esconder minha cara de surpresa. O que? Ir embora? Então é isso o que os garotos fazem depois de um beijo?
- Tudo bem – eu digo com a voz embargada. – Vou te levar até a porta. – eu digo e não disfarço que estou magoada.
Quando nós passamos pelo corredor depois de sair da sala de TV, dou de cara com Penélope que está sentada no sofá, como se estivesse esperando na sala de espera de um médico. Ela levanta o olhar e dá um sorriso simpático, e com alguma coisa a mais que eu não sei definir. Ela está casualmente vestida, e os cabelos estão fora do lugar como se tivesse pegado uma ventania das boas.
- Penélope? – eu pergunto – O que você está fazendo aqui?
- Ah... – ela parece desorientada – Oi... eu vim, te ver. – ela diz e abre um sorriso.
- Bom, eu já vou indo – Richard diz – Até mais Alexa, tchau Pen. – ele diz e nós ficamos olhando ele ir até a porta. – Ah... já ia me esquecendo. Vamos dar uma volta hoje? – ele pergunta e como não falamos nada, ele completa – Vocês duas.
- Eu não... – Eu começo a falar, mas Penélope me interrompe.
- Sim, claro. Nós vamos. Que horas? – Essa Penélope só pode estar de brincadeira.
- Eu busco vocês, e depois decidimos onde vamos. Pode ser?
- Perfeito! – Penélope responde e não esconde o entusiasmo.
Quando ele vai embora, eu encaro ela.
- O que você pensa que está fazendo? – eu pergunto séria, e ela revira os olhos.
- Alexa, para de ser durona. Ele está caidinho, e a única coisa que você faz é espantar o garoto. – ela dá um risada de vencedora – Só estou te ajudando, e te arrumando um gato.
- Na verdade, eu já tenho um gato – eu falo me referindo ao meu gatinho Bill. – Você não deveria ter feito isso.
- Você ia ter coragem de dar um fora nele, depois daquele beijo? – eu congelo, é claro. Ela viu. Por isso estava com aquele sorriso no rosto.
- Você viu? – eu pergunto e ela ri.
- É claro Alexa. Eu fui na sala de TV e vocês estavam no maior amasso. – Eu arregalo os olhos na medida em que ela vai falando. – Mas resolvi não cortar o clima, ia ser constrangedor. Por isso, esperei aqui. – ela diz como se fosse a coisa mais natural do mundo. – Uau, que beijo hein.
- Cala essa boca Penélope. – eu digo e tento não me afetar – Foi um acidente.
- Acidente? – ela começa a rir – Ah, mas não foi mesmo.
- Chega! – eu corto – O que você quer?
- Nossa, vim aqui te ver. Já te falei – ela diz e faz biquinho. – Até pensei em chamar a Lianna, mas quis ver como estaria o seu humor primeiro. Vejo que agi certo.
Depois que resolvemos parar de discutir, voltamos para sala de TV e terminamos de assistir o filme. Não antes de Penélope me fazer mil e uma perguntas a respeito.
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Amor Esnobe
RomancePenélope é uma garota normal, tem notas boas, amigos maravilhosos. Mas tem um grande conflito com a mãe, e decepções amorosas. Prefere não chamar atenção de ninguém e principalmente dos garotos. Até que ela se vê apaixona pelo garoto mais popular do...