Capítulo 61

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Pensei em morder a boca dela de tanta raiva que estava sentindo, mas é claro que não fiz isso.
Por mais que eu tentasse parar aquele beijo, a menina sempre dava um jeitinho de me puxar e eu fui obrigado a corresponder aos movimentos que ela estava fazendo. Só paramos de nos beijar depois de um bom tempo.
- Você beija muito bem – ela me deu um selinho e acariciou o meu rosto.
- Obrigado, você também – suspirei e tentei me afastar, mas não consegui.
- Quer ir para um lugar mais calmo?
Que galinha assanhada!
- Não posso. Meus amigos estão aqui, nós viemos juntos e vamos voltar juntos.
- Ué, mas você não disse que estava sozinho?
- Nesse momento sim, eles estão perdidos por aí, mas nós viemos juntos.
- Ah, entendi.
- Pode me dar um minuto? Vou pegar outra bebida.
- Mas essa aí nem acabou! – ela desconfiou.
- Sim, mas já está quente. Quero outra. Já volto...
- Não demora!
- Pode deixar.
Assim que a Carol me deu espaço para passar eu quase saí correndo. Fingi que estava indo ao bar, mas na verdade, peguei o rumo da saída e só diminuí a velocidade dos meus passos quando cheguei na rua.
Suspirei e respirei aliviado quando me senti liberto daquele lugar chato onde meus amigos me obrigaram a ir.
- Finalmente!
É claro que eu queria esticar a noite na balada destinada ao público gay, mas eu não sabia onde encontrar uma boate GLS...
Foi então que eu comecei a andar sem rumo e quando dei por mim, estava sentado na frente do mar de Copacabana.
Fazia uma madrugada tipicamente carioca. Quente, gostosa e para finalizar, a lua estava linda e cheia, do jeito que eu gostava.
Não sei por quanto tempo fiquei parado, olhando para as ondas, mas deve ter sido muito tempo porque quando levantei e resolvi procurar a balada gay, percebi que a rua estava praticamente vazia.
A raiva que eu senti da Carol já tinha passado por completo e eu não estava mais pensando nela, ao contrário: já não estava nem aí para o que havia acontecido, embora estivesse com a consciência um pouco pesada por tê-la deixado plantada no meio da balada.
Quando coloquei os meus pés do outro lado da Avenida Atlântida, avistei um grupinho de gays e não pensei duas vezes em me aproximar e perguntar onde tinha uma danceteria GLS:
- Com licença?
Os carinhas ficaram calados de imediato e todos, absolutamente todos, me olharam ao mesmo tempo.
- Pois não? – disse um deles.
Eram seis no total, um mais afeminado que o outro.
- Sabem onde tem uma balada GLS por aqui?
- Ah, ele é do babado! – um dos guris deu risada.
- Então gato, tem uma lá na Raul Pompéia – disse outro deles.
- Onde fica essa rua?
- Um quarteirão depois da Nossa Senhora de Copacabana.
- Hum, subindo essa rua, né?
- Isso!
- Como chama o lugar?
Eles me disseram o nome da balada e eu confesso que fiquei animado. Só pelo nome percebi que iria me divertir bastante naquele lugar.
- Valeu...
- Disponha!
Quando dei as costas, eles voltaram a dar risada e a conversar com o tom de voz um pouco alterado. O que será que eles estavam fazendo naquela esquina? Seriam garotos de programa?
Nâo foi nada difícil encontrar o lugar que eles me recomendaram. Quando eu avistei o nome que os caras haviam dito, comecei a analisar o ambiente e rapidamente me pus para dentro do estabelecimento.
Logo na entrada já pude notar que o ambiente era muito mais alegre que o outro onde eu estava.
- Boa noite – disse o carinha do caixa.
- Boa noite.
- 15 reais, por favor?
- Só? – arregalei os olhos. Muito mais barato do que eu imaginava.
- Só – ele deu risada.
- Aí sim, hein? Fica aberta até que horas?
- Umas 5, 6, no máximo.
- E que horas são agora?
- 2.
- Ah, ainda dá para aproveitar um pouco.
- Ah, dá sim! Seu recibo. Bom divertimento.
- Valeu!
Eu andei com a cabeça baixa enquanto arrumava meu troco na carteira.
- Moço? Seu recibo, por favor?
- Hã?
- Pode me entregar seu recibo? – perguntou um funcionário.
- Ah!
Que esquisito! Para que tinham me entregado um recibo se eu não ia ficar com ele? Não tive nem tempo de ler o que estava escrito!
A danceteria também era de dois andares. Na verdade, três. Em cima existia a sauna, no térreo era a chapelaria, o caixa e um bar e no subsolo uma das pistas de dança. Desci as escadas e me deparei com um ambiente descolado, animado e completamente diferente do outro onde eu estava.
Ali me senti livre, me senti no meio de pessoas que me entendiam, pessoas que não eram preconceituosas e que buscavam as mesmas coisas que eu.
Dei uma circulada pelo local, fui até o bar, pedi uma tequila e procurei alguém para me entreter, mas não encontrei ninguém que fizesse o meu tipo.
Acabei me arrependendo de não ter escolhido outra caipirinha. A tequila acabou me deixando um pouco tonto e eu realmente não estava a fim de ficar bêbado.
- Tudo bem? – um cara se aproximou e segurou no meu cotovelo.
- Uhum, tudo bem sim...
- Parece tonto! Está tudo bem mesmo?
- Sim, tudo ótimo. Só fiquei um pouco tonto, mas já passou.
- Passou mesmo? – ele me puxou para mais perto e segurou na minha cintura.
- Passou sim – senti as minhas bochechas queimarem.
- Como se chama?
- Caio. E você?
- Daniel.
Não falamos mais nada e começamos a nos beijar. Daniel não era muito bonito, mas dava pro gasto. Para uns pegas ele dava um belo caldo.
Ele segurou na minha cintura e deslizou um dedo até o botão da minha calça. Muito apressadinho para o meu gosto!
- Que foi? – ele perguntou quando eu afastei a mão de cima do meu colo.
- Apressado demais, né?
- Ah, cara! Aqui é assim...
- Hum...
O carinha me puxou para outro beijo e dessa vez eu é que avancei o sinal, também dei uma conferida no volume por cima da calça, mas me decepcionei tanto com o tamanho que fiquei completamente sem vontade de continuar aquele beijo.
- Espera aí, Daniel. Já volto.
- Onde você vai?
- Andar por aí. Até mais!
Ficar com um carinha que não era bonito tudo bem, mas ficar com um cara que tem o pau minúsculo? Aí não era pra mim...
Não que eu fosse preconceituoso ou nada do gênero, eu só não senti tesão por ele! E olha que eu nem vi o negócio fora da calça... Só de apalpar consegui ter uma noção do que estava me aguardando. E não era nada grande mesmo.
Foi então que eu resolvi partir para a segunda vítima da noite. E dessa vez foi muito mais criterioso.
Passei meus olhos por todos os lados na procura de um bofe gostoso, mas infelizmente não encontrei ninguém que me chamasse a atenção, muito pelo contrário: até idosos eu consegui avistar, mas bofe que é bom... nada!
E durante mais de meia hora, eu fiquei só na vontade. Todos os caras que eu queria pegar já estavam com alguém e os que estavam disponíveis não me interessaram em nada... O jeito foi ficar só olhando mesmo.
Mas de repente eu avistei duas escadas e fiquei extremamente curioso. O que será que tinha lá em cima?
Subi os degraus com muito cuidado porque estava escuro e existia uns vãos entre um degrau e outro. Eu não podia me dar ao luxo de cair no meio da balada, né?
Quando cheguei ao topo da escada, me deparei com um corredor estreito, onde existia um sofá e uma mesinha de centro. O corredor tinha alguns gatos pingados e até que eu encontrei um carinha bonitinho. Será que ia rolar com ele?
Fui até o final desse corredor e vi mais uma escadinha, mas essa menor. Subi os cinco degraus e cheguei a outro corredor, este menor e muito, muito frio.
Através desse corredor, tive uma visão privilegiada do que estava acontecendo lá embaixo, mas à princípio não entendi que lugar era aquele.
Fiquei olhando o que ocorria na pista de dança e de repente, sem mais nem menos, senti alguém me encoxar...
Algo duro, muito duro bateu na minha bunda e me fez sentir um arrepio de tesão na hora! Quem seria o doido que estava "me bulinando" no meio daquele corredor esquisito?
Quando eu me virei, quase tive um troço de tanta felicidade. Ele não era lá um deus grego, estava longe de ser perfeito, mas era bonito. Muito mais bonito que o tal do Daniel. E era gostoso também...
O cara não estava usando camiseta e deixou os músculos à mostra para quem quisesse ver. E era impossível não ver aqueles músculos deliciosos...
- Opa... – eu falei, já totalmente trêmulo.
- Sozinho?
- Aham.
- Vem cá, vem?
O cara me puxou pela mão, me fez descer dois lances de escada e me jogou contra uma parede. Rapidamente ele começou a me beijar feito um louco e em seguida eu percebi que algo duro estava roçando na minha barriga.
Fui obrigado a parar o beijo e olhar pra baixo. Como estava escuro, não consegui ver direito, mas obviamente que percebi que o pau dele estava pra fora da calça e estava me tocando.
- Chupa! – o rapaz falou com a voz grave e autoritária.

BrunoOnde histórias criam vida. Descubra agora