Bruno

Prólogo

"Nunca pensei que minha vida tomaria rumos como os que estava vivendo. É fato que o amor surge sem nenhuma espera, mas aquilo foi anormal, foi avassalador, foi enigmático e um tanto excitante.
Como um cometa em chamas que cruza o céu à noite, ele surgiu para virar meu mundo de cabeça para baixo. Ele remexeu em todos os âmbitos e desregulou um sistema que já estava organizado no âmago de meu ser e me deixou sem rumo. Sim, ele foi como um cometa de fato, iluminando minha noite com seu brilho e sumindo no horizonte, desfalecendo e queimando ao fundo, me deixando cego e mais uma vez abandonado, sentindo a pior das dores, dor essa que eu havia lutado para deixar no passado. Ele, que antes me iluminara e fora meu tudo agora havia me deixado sem um norte. Duplamente traído, agora com o coração estilhaçado, e sem pensar duas vezes, me abandonei na sua saudade e na angústia. Ele foi meu primeiro tudo, inclusive minha primeira morte. Ele me matou de diversas maneiras possíveis e imagináveis, mas também me fez sentir mais forte. Não era completo, mas era mais forte.
E então, todavia como um raio ele retorna e realça o brilho que existia no céu escuro. Seus olhos azuis refletiam uma luz quase palatável, quase tocável. Seu amor levou o melhor de mim, fez-me de tolo e deixou-me extasiado pelo que por ele sentia. E de repente, não mais que de repente, ele retorna mudando o que eu tinha refeito e recolocando sentimentos em lugares que estavam lacrados pelo ódio e pela razão. E remexeu no mais fundo de minha alma me pondo uma dúvida cruel, mas necessária: será que aquilo iria ter um fim?
O fato era que o garoto dos olhos azuis ainda era o homem da minha vida. Eu o amava e o queria para sempre ao meu lado, mas o que eu deveria fazer, o quê?"