Capítulo 13

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Bruno. Então o nome dele era Bruno... Até aquele momento eu não conhecia nenhum garoto com aquele nome...
- Que mal-educado, desculpa. Muito prazer, Bruno.
- O prazer foi meu.
- Bem-vindo à equipe. Se precisar de ajuda, pode contar.
- Valeu.
Nós ficamos parados um olhando nos olhos do outro. Não sabia o que eu estava sentindo por aquele garoto, mas definitivamente eu não conseguia parar de olhar pra ele. Bruno... Por que será que ele tinha me chamado tanto a atenção???

- Você não vai embora? – perguntou Leonardo.
- Vou sim – respondi. – Até amanhã então, Bruno.
- Até – ele respondeu e sorriu.
Eu e o meu amigo saímos da Central de Atendimento e fomos direto aos armários pra pegar as nossas coisas. O corredor estava abarrotado de pessoas por causa do fim do expediente.
- Gostou dele? – Léo me perguntou quando nós já estávamos na rua.
- Hã?
- Você gostou dele, não gostou?
- De quem? Tá doido, é?
- Do menino que estava fazendo escuta com você...
- Ah, é claro que não. Não seja idiota.
- Sei... Eu percebi o jeito que você estava olhando pra ele!
- Jeito? Que jeito? Você está vendo demais, isso sim!
- Jeito de quem está apaixonado – ele soltou. Meu coração parou de bater.
- Eu? Apaixonado? Bebeu? Eu nem conheço o cara, como posso estar apaixonado? Se liga, moleque!
- Nunca ouviu falar em "amor à primeira vista"?
Não tive argumentos para responder o meu amigo. Será? Será que eu tinha me apaixonado pelo Bruno sem nem ao menos conhecê-lo?
Nós entramos na estação do metrô e começamos a descer as escadas rolantes. Eu me dirigi ao mesmo lugar de sempre e fiquei esperando o trem chegar, o que não demorou a acontecer.
Como ele era lindo! O que mais me chamou a atenção naquele garoto foram os olhos azuis. Eu sempre tive uma quedinha por olhos claros. E o olhar dele era tão penetrante... Como se ele pudesse falar com os olhos...
- Caio? Vai me deixar falando sozinho? – Léo reclamou e me deu um cutucão no braço esquerdo.
- O que foi?
- Você está no mundo da lua?
- Não, eu só tô pensando.
- Pensando no Bruno?
- É claro que não!!! – senti minha pele esquentar.
- Por que não vai falar com ele? Ele está ali na frente.
- Onde? – meu coração acelerou e minha barriga gelou.
Meu amigo indicou o local e o meu estômago revirou de excitação quando meus olhos bateram em seu rosto. Ele estava rodeado de amigos e dava risada sem parar.
- Vai lá – Léo me incentivou.
- Não, Léo. Para de ser idiota, garoto. Eu não estava pensando nele.
- E estava pensando em quê então?
- Em uns problemas.
- Problemas de nome Bruno? – ele deu risada.
- Não vi a menor graça.
- Tá bom, parei. Anda, a próxima estação é a sua.
- Já? – me surpreendi.
- Já. Você realmente está no mundo da lua.
Quando eu desci do trem, fiquei olhando discretamente para saber se o Bruno havia descido, mas me decepcionei.
Enquanto eu caminhava pela calçada, fiquei pensando naquele garoto. Sempre que a voz dele ecoava na minha cabeça, um iceberg descia pela minha garganta e se alojava na minha barriga. Eu queria saber que sentimento era aquele...
- Boa noite, Seu Manollo.
- Boa noite – disse, meio rabugento.
- Na quinta-feira eu vou receber e trago o dinheiro pro resto do mês, tá bom?
- Vou ficar aguardando. Chegou essa carta pra você.
- Deve ser do Víctor – falei, mais pra mim mesmo.
Ele me entregou a correspondência e eu me surpreendi quando vi que era um cartão do banco onde eu era correntista. Só que eu não havia solicitado cartão nenhum...
- Obrigado, Seu Manollo. Boa noite.
Enquanto eu subia as escadas até meus aposentos, abri o envelope e percebi que era um cartão de crédito. Nem ousei a desbloqueá-lo, meu dinheiro mal dava pra pagar as minhas contas, que dirá ter luxo com aquele tipo de coisa...
Quando me deitei naquela noite, não pude deixar de pensar naquele menino que fez escuta comigo no trabalho. Bruno...
Por que ele tinha mexido tanto comigo? Será que o que o Leonardo dissera era realmente verdade? Será que eu tinha me apaixonado pelo Bruno?
Mas tão cedo? Tão rapidamente? Nós nem nos conhecíamos direito... Como eu poderia estar apaixonado por um cara que eu nem conhecia?
Não... Não era paixão... Eu só estava achando o carinha bonito. Bonito até demais, diga-se de passagem...
Por mais que eu tentesse, não consegui parar de pensar nele um segundo sequer. O que estava acontecendo comigo, meu Deus?

BrunoOnde histórias criam vida. Descubra agora