Capítulo 48

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Pparecia que o meu dedo havia virado o centro das atenções em todos os lugares por onde eu passava.
Assim que cheguei na empresa e cumprimentei o meu supervisor, ele foi logo notando a presença da minha aliança e comentou:
- Parece que temos um solteiro a menos na equipe?
Será que ele tinha mesmo que fazer aquele comentário?
- Pois é – não sabia onde enfiar a cara.
- Posso dar uma olhada? – Breno se interessou.
Suspirei baixinho e estendi a minha mão direita.
A cara que ele fez quando analisou a minha mão foi tão esquisita que senti vontade de dar risada.
- Quem é a felizarda?
- Você não a conhece.
- Não é da equipe não, né?
- Não – eu garanti.
- Ah...
Antes que ele pudesse querer perguntar mais alguma coisa, eu me dirigi rapidamente até minha PA, mas antes mesmo de me logar, a fofoca já havia começado:
- O que é isso no seu dedo, Caio? – perguntou Geruza.
- Não está vendo que é uma aliança? – Giovanni era curto e grosso.
- Não estou falando com você, estúpido.
- Não briguem – Aline interferiu. – Está namorando, Caio?
- Acho que sim, né? – eu não me virei e continuei abrindo os meus sistemas.
- Que lindo! Quem é a garota?
- Ninguém conhece então eu não vou falar quem é.
- Diz pelo menos o nome? – ela insistiu.
- Caraca, vocês não estão vendo que o cara não está a fim de contar? – Giovanni me defendeu.
Eu lancei um olhar rápido de agradecimento e ele me retribuiu com um breve suspiro.
- Credo, a gente só quer saber quem é – uma menina se ofendeu.
- Já ouviu aquele ditado que diz que a curiosidade matou o gato? Então fiquem na de vocês e deixem o cara em pax. Bando de fofoqueira!
Desde que eu havia entrado na equipe, aquela foi a primeira vez que o Giovanni me defendeu. Ele foi um dos poucos que não ficou fazendo questionamentos.
Percebendo que quase todas as minhas colegas de trabalho haviam ficado ofendidas com o meu silêncio, eu resolvi deixar que elas vissem a minha aliança. Mas elas acabaram se decepcionando ainda mais quando perceberam que não havia um nome e sim as iniciais gravadas no objeto.
- Pensei que tinha nome – Aline revirou os olhos.
- Tem sim, mas só eu sei – abri um sorriso.
- Bem feito – Giovanni riu.
- Cala a boca, seu grosseiro!
Se na empresa eu fui motivos de comentários, na escola fui ainda mais.
Até as pessoas que normalmente não falavam comigo, ficaram comentando o objeto que estava na minha mão direita.
O Rogério foi um dos poucos que não falou muita coisa a respeito, talvez pela briga que nós tivemos meses antes.
- Só posso dizer que estou muito feliz por você – ele comentou, com sinceridade.
- Obrigado, Rogério. Você é um bom amigo.
- Sempre que precisar, sabe que pode contar comigo, embora você esteja me devendo uma pelada há meses – ele riu.
- Eu sei, cara. Prometo que eu vou te pagar assim que puder. Talvez já neste domingo. Pode ser?
- Por mim tranquilo, desde que você não me enrole mais.
- Prometo que farei o possível.
Eu achava um pouco esquisito o Rogério não ter amizade com os outros garotos da sala. Todo mundo tinha seu grupinho feito e só nós dois ficávamos excluídos em um canto da sala. Talvez pelo fato de sermos os únicos novatos da turma.
Contudo, foi na república que eu senti vergonha em exibir aquela aliança.
- Agora eu entendi – Vinícius deu uma risadinha bem safada.
- Entendeu o quê?
- Ah, você sabe – ele coçou o saco de leve.
Eu engoli em seco. Que vontade que eu estava de mamar aquela delícia...
- Ah...
- Por que não me contou antes?
- Ah, sei lá...
- Posso dar uma olhada?
- Claro!
Eu tirei a aliança pela segunda vez e coloquei na palma da mão do meu amigo. Quando ele leu as iniciais dentro da circunferência, sorriu mais uma vez e disse:
- Muito bem sacado essas iniciais. Ninguém vai desconfiar de nada.
- Hum... valeu – eu queria cavar um buraco e desaparecer.
- E aí, Caio? – Rodrigo apareceu do nada. Será que ele havia ouvido alguma coisa indevida? – Como foi?
- Bem – eu estava muito constrangido.
- Olha só – ele abriu um sorriso largo. – De aliança e tudo!
- É...
Rodrigo soube ser discreto e não pediu para analisar o objeto. Sem tocar mais no assunto, ele se despediu e saiu de casa para almoçar e ir trabalhar.
- Espera, eu vou junto – Vini apareceu com uma mochila enorme nas costas.
- Vou almoçar, Vini – ele falou.
- Vou com você. Posso?
- Ah, claro! Odeio almoçar sozinho.
E foi dessa forma que eu fiquei totalmente abandonado naquela casa. Meus olhos estavam fechando sozinhos de tanto sono, mas eu ainda queria tomar banho, almoçar e dar uma conferida no meu perfil na internet. Será que havia alguma coisa diferente?
E para a minha grande surpresa, havia mais de dez recados questionando sobre o meu namoro.
Eu respondi um por um e quando estava na metade, o Víctor me chamou no MSN e começou a fazer vários questionamentos.
Fui praticamente obrigado a contar quem era o Bruno. Eu mandei o link do perfil do meu namorado e a bicha ficou toda assanhada, dizendo que ele era um gato e blá, blá, blá...
Entretanto, o que mais me deixou surpreso foi um comentário do meu irmão na foto em que eu tinha postado – a foto das alianças.
Ele foi rápido e só colocou um "RIDÍCULO" em letras maiúsculas.
Sem nem pensar duas vezes, excluí aquele comentário e acabei ficando aborrecido.
Quem o Cauã pensava que era pra estragar a minha felicidade? Se ele tinh ódio de mim e me achava ridículo, por que não me excluía do Orkut de uma vez por todas?

BrunoOnde histórias criam vida. Descubra agora