Capítulo 28

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Bruno tentou ser o mais carinhoso possível, mas como eu estava tenso com tudo o que estava acontecendo, senti uma dor insuportável quando ele começou a me penetrar.
- Se você não relaxar, nós não vamos conseguir – ele falou no meu ouvido e beijou o meu rosto.
Eu estava com medo. Sabia que aquilo ia doer e ia me machucar.
- Não fica com medo, amor – Bitch tentou me consolar. – Eu não vou te machucar.
Tentei relaxar a minha musculatura ao máximo. depois de um tempo, ele introduziu a cabeça de novo.
- Tá doendo?
- Um pouco – confessei.
- Relaxa – ele pediu de novo e começou a me beijar.
Com o beijo, eu fiquei mais calmo e relaxei mais um pouco, o que facilitou a entrada de mais alguns centímetros.
Fiquei me perguntando como alguém podia sentir prazar com aquilo, sendo que doía tanto?
Foi muito difícil e demorado, mas quando ele me possuiu por completo, eu me senti aliviado. Queria dar prazer ao Bruno na mesma proporção que ele me proporcionava. Não era justo só eu me satisfazer, ele também precisava.
À partir daquele momento eu matei todas as minhas curiosidades a respeito do sexo anal. Com muita maestria, ele começou o vai-e-vem com o quadril e quase que instantaneamente, eu comecei a sentir prazer.
Não sei se era porquê ele não era lá muito dotado, mas a dor foi indo embora aos poucos e em seu lugar, ficou o fogo e o tesão, o que me deixou completamente aliviado e totalmente relaxado.
Ele não meteu com muita força, ao contrário: todos os seus movimentos foram perfeitos. Cautelosos, carinhosos, na medida certa. Parecia que ele entendia do assunto.
Comecei a gemer. Era um prazer diferente de todos os outros que eu já tinha sentido na minha vida. Algo novo, inusitado e ao mesmo tempo esquisito.
- Tá doendo? – ele perguntou de novo.
- Não – falei baixinho. – Continua...
Grudamos as nossas testas e nos fitamos. Vez ou outra nossos lábios se tocavam, mas o que eu queria mesmo é ver ele entrando e saindo de dentro de mim.
Sempre quis fazer aquilo e no momento em que consegui concretizar, parecia que nem estava acontecendo.
Não que eu sonhasse em ser passivo. Eu sonhava em ter um amor verdadeiro e que nós ficássemos juntos para sempre e fossemos felizes juntos.
Parecia que eu tinha alcançado esse sonho. Um sonho muitas vezes distante, mas que com a chegada daquele garoto, quase se tornou tangível.
Eu estava cego. Cego de amor, cego de paixão, cego de desejo, de tesão. E talvez por essa cegueira eu não tenha conseguido enxergar a realidade.
Será mesmo que eu ia ser feliz com o Bruno?
Será que duas pessoas tão parecidas como nós íam conseguir levar aquele relacionamento adiante?
Reza o velho ditado que "os opostos se atraem". O que eu e o Bruno tínhamos de oposição?
Nada. A gente vivia a mesma realidade. A mesma triste realidade da falta de aceitação de nossas famílias.
Tínhamos quase a mesma idade e estávamos condenados ao mesmo destino. Ele vinha de uma família conservadora. Eu também.
A família dele tinha posses. A minha também. Ele foi obrigado a trabalhar para sobreviver. Eu também.
Talvez a única coisa que nós tivéssemos de diferente, fosse a maneira com a qual enxergávamos a vida. Eu era realista, embora que com uma frequência um tanto rotineira, eu me permitia sonhar.
Ele era frívolo. Tentava se esconder da sua realidade em uma máscara que não me descia pela garganta.
Será que pela primeira vez eu estava começando a pesar os prós e os contras daquele namoro?
Tentei me concentrar no sexo. Ele continuava me penetrando e eu estava sentindo que algo dentro de mim endurecia sem parar.
Não demorou para ele anunciar o orgasmo. Não houve tempo nem de tirar o pênis de dentro de mim. Ele ejaculou dentro da camisinha.
Nos beijamos. Eu fiquei fazendo carinho no rosto dele até ele tombar ao meu lado, cansado, sem fôlego e suado.
Minha primeira vez sendo passivo tinha acontecido. Dali em diante eu tive a certeza que, mesmo que nós não ficássemos juntos por muito tempo, eu sempre ia levar o Bruno na minha vida.
Ia leva-lo como a minha primeira paixão, o meu primeiro amor e a pessoa com a qual eu perdi a minha virgindade.
Nossos destinos estavam cruzados para sempre. Eu nunca ia conseguir esquecê-lo. Nunca.
Deitei a minha cabeça em seu peito e fiquei ouvindo o seu coração voltar a bater em um ritmo normal. Ele me abraçou e beijou o meu cabelo. Eu senti vontade de chorar.
- O que foi? – ele perguntou. – Não gostou?
- Eu amei – falei com sinceridade. Tinha sido perfeito.
- Então por que está tão quietinho?
- Estou pensando.
- Posso saber em quê?
- Em você.
- Em mim?
Eu me apoiei nos cotovelos e olhei em seus olhos azuis:
- Pensando que mesmo que um dia a gente não fique mais junto, você sempre vai morar dentro do meu coração e da minha memória.
- Por que diz isso? Está pensando em terminar comigo?
Sorri e baleancei a cabeça negativamente.
- É lógico que não. Eu falo pelo fato de você ter sido minha primeira paixão. Meu primeiro amor. Meu primeiro namorado... Meu primeiro... Homem...
- É sério mesmo que você era virgem, amor?
- É sim. Nunca tinha transado com ninguém.
Ele me puxou e me deu um beijo mais apaixonado que nunca.
- Pois eu quero que você saiba – ele começou –, que você também se tornou inesquecível para mim. E eu te amo demais!
- Também te amo. Quero ficar com você pro resto da minha vida.
- Eu também.
Nos beijamos mais uma vez. Era bom ficar com ele. Me sentia em paz e todos os meus problemas fugiam da minha cabeça.
- Você gostou da sua primeira vez? – ele perguntou, um pouco tímido.
- Foi maravilhoso, Bruno. Eu nunca vou esquecer desse dia.
- Eu também não vou esquecer. Você foi o melhor.
- Fui?
- Sim. Porque foi com amor. Não foi simplesmente sexo. Foi amor. E eu nunca tinha feito amor antes.
Não me segurei e o beijei novamente.
- É nesses momentos que eu sinto falta de um cigarrinho – ele disse com as bochechas vermelhas.
- Se quiser, pode fumar – eu falei. – Nâo quero que você se prive por minha causa.
- Não vou fazer isso. Eu sei que você não gosta e eu disse que por você eu paro de fumar.
Achei aquele gesto lindo. Embora eu não estivesse acreditando que ele ia conseguir segurar a vontade por muito tempo.
- Você é muito lindo – acariciei seu rostinho. Ele fechou os olhos.
- Você que é lindo, amor.
Bruno e eu ficamos abraçados na cama por cerca de meia hora. Quando ele percebeu que o meu tesão tinha voltado, voltou a ação e começou a me chupar de novo.
- Não cansa não? – perguntei.
- Não – ele passou a língua em toda a extensão do meu cacete e depois colocou tudo dentro da boca. Gozei pela 4ª vez aquele dia.
- Preciso ir, gatinho – olhei no meu celular e vi que já estava tarde. – Amanhã não posso fugir da aula.
- Quando você vem dormir aqui?
- Quando você quiser.
- Que tal na sexta? Sábado não tem aula mesmo, daí você pode acordar mais tarde.
- Não tenho aula, mas tenho que trabalhar na Dona Elvira – fiz bico.
- Ah, é verdade, que chato, hein?
- Preciso de dinheiro...
- Eu sei, amor. Eu sei e te entendo. Não tem problema. Não faltarão oportunidades.
- Eu quero muito passar a noite com você.
- Eu também amor.
Rolaram beijos e mais beijos até eu ir embora de vez. A noite tinha caído e a temperatura também. Eu senti um pouco de frio.
- Vou te acompanhar até a estação.
- Não precisa...
- Faço questão – ele me puxou pela cintura e me deu um baita beijo. Minhas pernas tremeram.
- Como eu te amo!!! – ele exclamou.
- Ama mesmo?
- Tem dúvidas?
- Não – menti. É claro que eu tinha. – Eu te amo também.
- Você quer comer alguma coisa? Deve estar morrendo de fome...
- Não. Onrigado. Eu preciso mesmo ir. Já está tarde e eu estou com sono...
- Não é pra menos... Você gastou todas as suas energias hoje.
- A culpa é sua.
Rimos e demos o último beijo, mal sabia eu que aquele era o nosso último beijo de verdade.
A gente desceu a rua juntos, mas quase não falamos nada. Eu estava muito pensativo, parecia que alguma coisa de errado ia acontecer...
- O que você tanto pensa, hein? – Bruno perguntou.
- Estou com um mau pressentimento.
- Como assim?
- Sei lá. Como se alguma coisa estivesse pra acontecer...
- Credo. Vai em uma igreja.
- Estou precisando mesmo.
- Pois então vá.
- Acho que vou seguir o seu conselho.
- Sempre é bom buscar conforto em Deus.
- É verdade.
Eu concordava com ele. No momento em que eu mais precisei, Deus não me virou as costas.
- Chegamos – falei.
- Chegamos – ele me olhou com a fisionomia séria.
Que vontade de beijá-lo, de abraçá-lo... Mas para o meu grande azar, nós não estávamos sozinhos. Tinha um casal se agarrando em menos de um metro de distância.
- Eu vou descer senão não vou me segurar, tá bom?
Ele sorriu.
- Vai. Estou quase te agarrando.
Eu também sorri. Ele era bobo demais.
- Até amanhã então – falei. – E muito obrigado por tudo.
- Até amanhã, vai com cuidado.
- Pode deixar. Depois a gente acerta aquele dinheiro lá.
- Vai ver se eu tô lá na esquina!!!
Não ia deixar ele gastar dinheiro comigo.
- É sério.
- Eu também estou falando sério – ele comentou.
- Depois a gente vê isso. Até amanhã.
- Até amanhã.
- Te amo – dissemos juntos.
Nossos olhos não se desgrudavam. Eu só comecei a descer a escada rolante quando uma senhora mal educada pediu para eu sair da frente.
- Grossa – reclamei.
- Vai te catar – ela esbravejou.
Velha nojenta. Tinha quebrado todo o meu clima. Acenei pro meu namorado e um segundo depois ele desapareceu de vista.

BrunoOnde histórias criam vida. Descubra agora