Fred Crawford
No instante em que vi Eva sair pela porta com Hugo eu soube que havia muito mais do que ela contou.
E sobretudo que pelo que sentia por ela eu deveria descobrir.
Seu cheiro ainda fazia parte da minha pele apesar de fazer tempo.
Aquele olhos pretos se encontrando com o meu enquanto suavemente eu fundia nossos corpos é demasiado para esquecer.
Não poderia.
E menos agora quando ela saia com ele.
- O que... - Começa minha mãe mas eu logo levanto a mão em sinal de interrupção.
- Eu a conheci em Genebra. Ela havia sido levada ilegalmente como prostituta. Mesmo assim era doce e pura como nenhuma outra apesar de ser uma controvérsia - Começo lambendo os lábios lembrando do gosto inocente deles - Eu me apaixonei por ela mãe. Mesmo que só tenha sido uma única semana eu senti tudo isso porque não há como não fazê-lo por ela. Hugo é uma prova, nunca pensei que ele poderia chegar a cogitar a amar e ainda que eu duvide é ele que acredita.
O semblante de Anna, obviamente, permanece intrigado então antes que indague eu prossigo.
- Ela teve problemas. Não sei o gênero porque ela não me especificou e teve de voltar. Hugo a quis desde antes, mas só a conseguiu depois e agora ao que parece em definitivo - Se não ela teria ficado.
Se não ela deixaria eu cumprir a promessa de mante-la longe dele.
- Então ela é a mulher que ele ama - Constatou tocando os lábios e testando as palavras como se sentisse dor.
- Não cometa esse erro mãe - Mas seus olhos meio lacrimejantes confirmavam que sim.
Que de alguma maneira ela se apaixonou por ele e não conseguiu evitar.
- Ele não merece vocês. Juro que parto a cara dele se o encontrar por ter feito isso - Aviso circulando o seu corpo e apoiando minha cabeça no topo da sua.
- Não vai encontra-lo. Todos já fizemos as escolhas é hora de que convivamos com elas.
Ah mãe! Mal sabia que eu na verdade não tinha feito a minha...
Tanto que provei.
Dias mais tarde quando teríamos que embarcar para Londres por segurança, o que me deixou ainda mais desconfiado, eu a fiz.
- Não vai acontecer mãe. Você vai para Londres e instale Sophie no melhor hospital que puder. Sabe que ela ainda está frágil pela recuperação e se puder em meu lugar leve Leonard porque eu definitivamente não vou embarcar - Aviso-lhe, não peço permissão.
Dessa maneira, me sinto preparado para simplesmente sua contrariedade que gera vários argumentos que não chegam nem ao mínimo de mudar minha opinião.
Não era discutível no fim.
Logo, não me demoro no aeroporto e sigo para o lugar que forneceria para mim todas as respostas que ninguém me deu e pelo amor que dedico a Eva devo saber.
Já que Vicente nunca diz onde ela está sinto que ao pisar novamente no zepelim terei voz para meu silêncio.
Assim que entro naquele antro o cheiro pungente de álcool e as risadas desde a entrada de mulheres que eram sempre agradável aos olhos ainda que não cheguem ao pé de Eva.
Me aproximo do bar e vislumbro uma mesma mulher que me cobiça tão faminta que acredito que daria um tudo para que eu fosse dela.
Sei, porque como um homem sensível que me considero sei identificar a linguagem dos olhos, se não isso no mínimo queria me atrair por outra coisa, então acato indo ao canto da pista de dança em pufs improvisados.

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O pecado de Hugo
RandomHugo Crawford, de 35 anos, tem em si os sete pecados conhecidos e a partir deles criou uma barreira intransponível para tudo, pensava, até Eva Bovoir. Desde que seu olhar parara na jovem, de 17 anos, o magnata soube que não poderia mais voltar atrás...