Não questiona aquele que não consegue responder

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Eva Bovoir

Trancada no banheiro longo e branco abaixo do jato d'agua me recusava a pensar sobre o que Hugo disse.

Teria meu inconsciente me traído assim?

Era perigoso pensar na resposta.

Ademais de que não era importante.

Afinal, afora havia alguém querendo minha cabeça e mesmo sem saber quem é eu sei o porque.

Revivi a noite instintivamente na minha cabeça.

O hálito fétido sobre mim, o desespero por pensar que seria violada e que ficaria marcada com seu gozo sujo até depois que me lavasse, pois o reviveria em mim cadê vez que revivesse o maldito trauma.

Encostei a mão contra o azulejo e quase tenho um refluxo.

Lembrar desse fato me faz um mal quase físico e ainda mais quando sei que vou pagar por ele.

Por ter matado quem poderia ter me feito mal, mas ainda sim ter matado.

A vida se esvaindo, o corpo estando inerte baixo meus olhos.

Era insuportável demais trazer a tona e agradeci a interrupção daquela sucessão de cenas que só minha vontade não pode bloquear.

Escutei um baque surdo de fora da porta conforme terminei de me ensaboar, logo depois dele a maçaneta se abre me fazendo instintivamente cobrir meus seios apavorada.

Só soltei a respiração quando consegui ver que era Hugo quem irrompeu pela porta, mas ainda sim mantenho as mãos.

- Segure isso. Vamos embora. Nada é seguro - Diz tudo de uma vez e muito rápido me estendendo a toalha e por isso relutei um pouco com os pés grudados no piso molhado, em choque.

- Ou saímos agora ou não temos qualquer chance. Acabaram de tentar me matar então ande porra - Começou brando e terminou num grito característicos seu quando ficava nervoso.

Me segurei nas bordas do tecido felpudo e me escondi atrás dos seus músculos enquanto ele dava passos suaves com uma faca de cortar comida na mão sem que eu tenha idéia de onde arrumou.

Ao chegarmos a porta tive a pergunta devidamente respondida quando vejo um carrinho de serviço de quarto.

Teria Hugo se exaltado apenas por um jantar não solicitado?

Mais a frente comprovei que não, pois esbarrei num corpo que não tenho certeza se morto ou desmaiado.

Jean Michel, o recepcionista, jazia estático no chão com as mãos juntas no colarinho branco tentando em vão livrar-se do que parecia sufocar-lhe.

Dessa vez segurei o braço forte de Hugo e me apertei contra ele sem nunca deixar de obedecer sua ordem de seguir andando.

- Eu não posso afirmar sobre ele. O que posso dizer é que alguém por seu intermédio esperava que isso acontecesse comigo - Certamente não queria estar com Hugo, ou com isso me enganava, mas não imaginava mais um mundo em que não estivesse.

Não seria a mesma coisa.

- Agradeço que esteja bem - Devolvi no mesmo sussurro que ele me deu próximo ao seu ouvido, mas não senti um músculo dele sequer olhar em minha direção até que estivéssemos perto da saída.

Foi quando um homem grande e mascarado chega e nos ataca sorrateiramente.

Sou arremessada a um lado por Hugo que entra num embate voraz com o homem armado.

Levantei os olhos o vi desarmado ao passo que a prata da faca reluzia contra o chão frente aos meus olhos meio turvos da rapidez que tudo ocorreu.

O pecado de Hugo Onde histórias criam vida. Descubra agora