Interesse

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Angel Mondragón

A tive em minha posse, foi tudo o que desejei em tempos mas depois que desmaiou fui incapaz de puxar o gatilho tanto quanto da primeira vez.

Eu precisava da adrenalina da surpresa, precisava de olhos esbugalhados e súplica.

Então para meu total prazer apenas me ocupei de tira-la dali comigo ultrapassando os corpos inertes com um assentir de caneca a Mateo e Berto que fizessem um serviço limpo e discreto.

Que ao menos uma vez se realizou como deveria ser, como eu imaginei, pois horas depois, no carro de película escura e tocando finalmente os fios pretos com os dedos eu respirava regularmente por tão perto da glória.

Certo que tive de apaga-la ainda uma vez mais diante de um olhar atento de Mateo que de nada entendeu mas não precisava, não era de sua incumbência o que fazia.

Um dia depois, quase, de seu sequestro enquanto a mantinha cedada quando estava próxima da consciência aterrissamos de volta a terras Colombianas com Nandinho, meu irmão mais jovem, em meu encalço.

- O que é isso? - Apontou para Eva embalada como um pertence no banco de trás.

- Não seja ganancioso. Não é valioso para você - Me limito a dizer além de porque não devo a ele explicações de nada que faço, mas omiti.

Tinha total confiança de que uma máfia não era o lugar perfeito para criar laços de confiança, ainda mais quando a qualquer momento pode ser passado para trás por um irmão igualmente ambicioso e frio que sentira em minha ausência o gosto do poder.

Dava para ver em seus olhos igualmente azuis, só que mais escuros, que esperava um deslize meu, logo estava ciente de que se quero conservar o que tenho não posso demonstrar uma inclinação tão escancarada ao prazer.

Me deixaria demasiado vulnerável diante dele e de outros que poderiam se juntar contra, logo não houve mais remédio do que trancar Eva numa dependência longe demais da minha casa, num extremo de Medelín próximo dos matagais que usávamos como um discreto cemitério, mais especificamente na cova dos vivos: El calabolzo, uma espécie de caixa de concreta localizada abaixo da terra depois de vários caminhos longos como tubos em formato de labirinto.

Uma cama de gato para quem não o conhece e contava com isso desde o primeiro instante para mante-la presa mim e a tortura que caberia-lhe até que eu me cansasse e ela virasse um risco da parede, uma mera estática, um alguém cuja a existência residiria apenas em lembrança, apenas mais um adubo das árvores frondosas que escondiam a entrada da caixa de poucos cômodos.

No fim não destoava mesmo era de uma prisão já que era feita de concreto e ferro, além de que propiciava o preso a incomunicação que começava por deixa-lo louco apesar de logo no primeiro descobri que talvez com ela não seja rapidamente, afinal não só me respondeu com a estupidez de alguém sóbrio como me obrigou a corrigi-la da maneira mais incisiva, não gostava, de verdade de bater ou matar mulheres mas com o tempo que ganhara de mim era suficiente para que eu somente admitisse que não se trata de qualquer mulher.

Eva é minha obsessão.

Por algumas vezes buscava trazer tudo o que poderia para estar em um dos quartos e vigia-la enquanto Mateo e Berto faziam o que pessoas fazem e para isso me encarregava das refeições ao diário.

Já próximo de sair, como todos os dias, recebo uma ligação  inoportuna  assim que me impede de entrar com a picape na estrada, soment faltavam poucos minutos, já vestido para trabalhar.

Tento ignorar e até aperto naquela opcao da tela, porém logo que o faço reaparece nova ligação.

Só aperto quando de soslaio não me concentrando no trânsito vejo a foto de Berto.

O pecado de Hugo Onde histórias criam vida. Descubra agora