Eva Bovoir
Eu não tinha idéia de onde tinha vindo mais mesmo assim o tomei nas mãos observando aquele A.
Não conhecia aquela letra e tampouco tinha idéia de quem o enviou mas não queria saber na verdade.
Tudo o que queria era abraça-lo contra o peito e agradecer quando tomo o celular e começo a discar com a mão trêmula.
- 1 - 312/91312 - Digo com os dedos trêmulos batendo nas teclas logo depois que ligo o aparelho em minhas mãos.
Espero os três toques com ânsia.
Angel estaria distraído agora e não notaria nada porém ninguém atende.
Me desespero e ao mesmo tempo me questiono se o número realmente é esse quando disco outra vez e depois dos três toques recebo retorno.
Escuto um tiro e me reteso inteira desesperada ni outro lado da linha.
- Vicente... Vicente - Grito com a respiração irregular e o peito mais ainda.
- Que porra - Diz entre gemidos e percebo que ele também está machucado, já que no tiro escutado meu coração só diz que é ele, que foi ele que machucou-se.
- Eu tenho que desligar eu... - Começa a dizer para o meu desespero já que não tinha idéia de quem eu era pela voz.
Era hora e eu tremi de emoção.
- Não o faça. Sou eu Eva e tenho quase certeza que estou na Colômbia. Venham o mais rápido possível. Não sei exatamente onde estou porque fui dopada mas um homem disse falou de Escobar. Isso te diz algo? - Pergunto mas por um tempo só escuto sua respiração do outro lado da linha.
Seria seu número aquele mesmo? E se estivesse certo mas Hugo tivesse errado ao dizê-lo?
- Só me diga quem é - Eu peço começando a chorar.
- Sou eu meu Éden. E eu vou retirar você daí nem que custe a minha
vida - Aquela voz perpassa a linha e me atinge de um jeito que me faz arrepiar segundos depois de perceber que ele desligou.Em um segundo no meio do desespero ao menos me permiti não sentir a raiva que tinha de Hugo, pois ainda temia por em que estado estava ele já que Vicente me pareceu ferido devido aos gemidos, e ele falou pouco demais para eu ter certeza.
Mas ao menos de algo o tinha.
Ele me tiraria daqui.
Eu e meu filho e então...
Então não sei.
Permaneceria fugindo toda uma vida com um bebê nos braços, sem que possa ter uma vida normal de país em país fugindo de um mafioso?
Ou pior...
Da lei?
Quem eu seria para essa criança? Uma mãe de verdade ou só a assassina que queira quer não eu era?
Não sei.
O que eu sei é que quanto mais penso sobre isso mais me enredo.
Não posso viajar, não possuo recursos para fazê-lo a não ser que utilize do dinheiro que Hugo deu para mim, porém nem mesmo sei que conta foi essa que disse que fez.
E mesmo que soubesse não poderia, se não posso estar com ele não posso também estar com seu dinheiro.
- Você nem nasceu e já virou meu mundo de cabeça abaixo meu bebê - Falo ridiculamente com aquela barriga plana.
Digo meu, pronome possessivo, porque pelos dizeres do progenitor ele não pode ser pai.
E engraçado como a vida é injusta, desde o primeiro instante o homem pode abdicar dessa responsabilidade, porém não a mulher.
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O pecado de Hugo
CasualeHugo Crawford, de 35 anos, tem em si os sete pecados conhecidos e a partir deles criou uma barreira intransponível para tudo, pensava, até Eva Bovoir. Desde que seu olhar parara na jovem, de 17 anos, o magnata soube que não poderia mais voltar atrás...