Proteção

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Hugo Crawford

Os olhos castanhos reluzem com lágrimas não contidas e aguardo ele começar a falar.

A boca se abre e se fecha num instante.

- Porque não disse? - Sibila.

Então percebo que Fred sabia de Eva.

- Eu queria protege-la. E pode não acreditar nisso mas penso que se menos soubessem mais seguros estariam - Expliquei olhando nos olhos com uma calma que não tinha a um segundo.

Fred respirou fundo.

- Angel Mondragón.

- O que?

- É quem você está procurando. É ele que está atrás de Eva - Testo o nome na minha mente e não me vem nada.

- Você não o conhece. Eu tampouco. Está atrás de Eva pelo que já deve ter pensado, pelo assassinato - Avisa e balanço a cabeça de um lado a outro.

- Não foi assim Fred. Eva nunca quis mata-lo. Não sei o que e como contaram mas...

Como ele sabia?

- Vicente - Demando e ele aparece abrindo a porta numa velocidade que denuncia que estava logo atrás dela.

- Não foi ele. Eu não fui a Londres, nunca fui. Troquei a passagem até Genebra - O olhei exprimindo toda a minha descontentação e a milésima ruga acabara de nascer em minha face.

- Quer dizer que eu estive tentando protege-los mandando-os para longe e você do contrário estava atrás de confusão num lugar que esse assassino já esteve?

- Assassino? - Indagou me pegando no exato momento.

- Um traficante, então não há o que dizer mais. Certamente tem um extinto assassino de sangue que o faz matar sem motivos - Tenta atenuar a situação Vicente, mas o que acontece é que deixa Fred com os olhos esbugalhados.

- Não podemos deixar que chegue perto dela. Portanto, não estará sozinha um segundo.

Vicente e eu trocamos olhares e logo depois minha cabeça baixa.

- Fred...

Toco seu ombro e ele olha o movimento até reparar no meu rosto.

- Não...

- Eva sumiu a pouco mais de vinte e quatro horas Fred - Falo sem rodeios admitindo toda a derrota em voz alta.

- É sua culpa - Grita - Você disse que só você poderia protegê-la e eu deixei que a levasse então a deixou sozinha. Sozinha e ele a levou - Avança até meu peito e segura meu colarinho - Porque você faz tudo errado Hugo? Porque você machuca tudo que está a sua volta? Porque é assim destrutivo? - Cada vez que fala ele me chacoalha e dá passos com meu corpo até que estou contra o vidro que recebe chuva .

Ele está frio.

A tempestade continua aqui dentro.

- Você tem razão. Em tudo - Disse e sua surpresa vem no instante da minha constatação.

- Errei porque me deixei amar filho. Mesmo sabendo que estou quebrado. Minha incapacidade de não deixar de ceder me levou a tudo isso. É culpa minha e eu falhei. Eu aceito apesar de não poder viver com isso.

- E nem deve. Afinal ela provavelmente agora... - Suas mãos chegaram ao rosto e ele começou a limpar as lágrimas que começavam a aparecer.

- Temos que acreditar.

Parecia uma ironia do destino que num fim tudo o que me restava era uma fé cega de que tudo ia melhorar.

- Eu não sei se posso crer no que não posso ver.

O pecado de Hugo Onde histórias criam vida. Descubra agora