Depois de sabe-se lá quanto tempo depois eu acordei. Tive tantos sonhos que quando tentava lembrar eles se misturavam e tudo se tornava uma confusão na minha cabeça.
Ergui-me da cama, da janela vinha uma luz fraca e eu não tinha a menor ideia do horário. Procurei meu celular e quando o achei percebi que eram exatamente nove e trinta e cinco da manhã do dia vinte de abril, três dias após o acidente.
"Certo, tudo bem. Está tudo bem." Sussurrei para mim mesma, ainda era um pouco difícil entender tudo... Não é todo dia que você descobre que criaturas míticas são reais e estão relacionadas a sua vida.
Decidi ligar para Igor e desabafar, ou apenas ouvir sua voz. Conversar com alguém que, agora, parecia ser de uma outra vida. Mas quando estava prestes a arrastar o dedo no botão chamar eu percebi que talvez não deveria fazer isso. Ontem Elena me contou sobre as regras dos vampiros, manter a sua existência em segredo era uma delas... De qualquer modo, minha decisão sobre ligar ou não foi interrompida pelas batidas na porta do meu quarto.
"Pode entar"
Devagar a porta abriu e uma Elena tímida carregando uma bandeja adentrou meu quarto.
"Bom dia. Eu vim deixar o seu café da manhã" Ela disse colocando a travessa em cima da mesa que ali ficava. "Você está se sentindo melhor?"
"Sim, muito melhor." Ela sorriu dócil.
"Vou deixar você comer em paz."
"Espera. Humm, posso perguntar uma coisa?"
"Claro."
"Eu... É, posso falar com alguém, comum, sobre isso de lobisomens, vampiros e bruxas?"
Ela desviou o olhar e respirou fundo.
"Você não é submetida às regras do meu mundo, você é humana. Mas já deve ter percebido que é mais seguro quando as pessoas normais não sabem sobre a nossa existência..." Ela suspirou mais uma vez. "Eu não gosto de pedir isso, mas se eu fosse você manteria em segredo."
"Certo. Tudo bem." Joguei o celular na cama e me direcione a mesa com a bandeja.
Elena foi em direção a porta.
"Você poderia ficar, por favor. Eu... Eu não quero ficar sozinha." Sorri amarelo e recebi um lindo sorriso em troca.
"Claro."
Comecei a comer e meu Deus estava delicioso, panquecas com gostas de chocolate e chá de erva doce, nunca fui muito fã de chá mas aquele estava maravilhoso. Eu devia estar gemendo enquanto mastigava pois Elena assistia tudo com um olhar divertido e os lábios precionados para não rir.
"Isso tá maravilhoso!" Eu disse exagerada.
"Obrigada." Ela disse convencida, ela gosta muito de se gabar por suas habilidades excepcionais.
"Você fez isso?" Eu disse fazendo um pouco de teatro.
"Por que todo esse espanto?"
"Nada, é... É que é difícil imaginar você cozinhando?" Eu cutuquei e consegui o que queria.
"Por que?" O seu rosto demonstrava um leve ultraje e o sorriso ainda preso em seus lábios.
"Sei lá, você parece fazer parte da realeza dos vampiro..." Eu disse ao me lembrar da sua pose descontraída mas, ainda assim, elegante naquela imagem.
"Oh, não. Não acredito que o Consilium seja comparável à realeza e eu não sou exatamente popular por lá."
"Não? Por causa do que houve Ryan?" Eu não sabia exatamente o quê tinha acontecido, mas coisa boa não era.
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Infinito - Livro I
Teen FictionO mundo é muito mais vasto e extraordinário do que nós somos capazes de imaginar. Coisas inacreditáveis estão escondidas bem de baixo dos nossos narizes. E Lana Davis, uma jovem de dezenove anos, acaba descobrindo que está inteiramente ligada a este...