"Certo, não sente frio ou calor... Mas e quanto a dor?" Era uma pergunta pertinente em minha cabeça. Uma estranha dor domava meu peito sempre que imaginava Elena sofrendo ou lutando com Ryan. A mesma dor que senti quando tentei deixar Lavenham.
Estávamos sentadas em um pequeno sofá.
"Sim. Meu corpo ainda tem terminações nervosas, porém são muito fracas se comparadas com a força que tenho... Quase insignificantes. Mas existe outros meios de fazer minha espécie sofrer..."
"Não, tudo bem." A interrompi imediatamente, as imagens em minha cabeça, lembranças do dia do meu acidente , ainda eram bem frescas.
"O que foi?" Desviei do seu olhar curioso.
Ainda não tinha reparado de fato na pequena biblioteca. A maioria dos livros era grossos e em tons pastei, talvez as cores estivessem desgastadas pelo tempo. Perguntei-me se, como o livro que Elena havia me mostrado, todos eles fossem sobre historias do mundo sobrenatural.
"Lana...?"
O lustre grande no teto parecia que podia despencar a qualquer momento.
"Humm, o que aconteceu com Ryan?" Não que eu estivesse preocupada com o estado daquele monstro, só queria mudar de assunto.
Ela ponderou por segundos, as sobrancelhas unidas.
"Ele fugiu." Passou a mão nos cabelos impecavelmente lisos. Um aroma de jasmim invadiu minha mente, deliciosamente familiar. "Daniel e Ania o seguiram por uns sessenta quilômetros e depois desistiram. Eu teria ido até o inferno atrás dele..." Um sorriso diferente tomou conta de seus lábios. "Mas você era mais importante no momento." O torto sorriso de antes se transformou no meu sorriso preferido.
Eu sabia que ela ainda achava que a culpa era sua, mas também sentia em suas palavras a gratificação por eu estar bem.
"Não podia esperar nada menos da minha heroína." Nossos rostos estavam tão próximos que era difícil manter meus pensamentos no lugar. Para o meu cérebro parecia mais importante a textura e sabor de seus lábios do que qualquer outra coisa.
"Não acho que uma garota que fez ginástica no colegial precise de heróis..." Ela disse com tom de voz brincalhão, mas não ofensivo.
"Você ouviu isso também? Nossa!" Super audição de vampiros... Faz sentido. "É eu fiz ginástica. E na verdade eu sou muito boa!"
Ela riu baixo.
Nós ainda estávamos muito próximas. Sua mão repousava nas costas do sofá envolta do meu corpo. Se eu me movesse um pouco... Demorei uns segundos a mais que qualquer outra pessoa para perceber a vibração no bolso do meu jeans.
"Hã, eu tenho que atender." Eu disse quando vi o nome da minha melhor amiga no visor do meu celular.
"Tudo bem." Ela disse com um sorriso gentil.
"Oi Mel"
"Ah, finalmente!" A voz estridente de Mel saiu do aparelho. "Eu estava à dois cliques de comprar uma passagem para Lavenham! Você não tem noção do quanto eu fiquei preocupada! Tem sorte por eu ainda não ter falado com Igor..."
"Ai meu Deus!" Respirei fundo. "Obrigada! Ele surtaria!!"
"É, exatamente como eu surtei!"
"Desculpe." Eu suspirei, ela deve ter ficado louca. "Eu cai..." Pigarreei, não era boa em mentir. "Bati a cabeça, mas agora está tudo bem. Eu estou ótima, pode respirar agora."
"Lana, eu realmente posso confiar que está tudo bem com você?" Agora sua voz era somente preocupação.
"Mel, eu juro que estou bem! Eu tenho família aqui, posso confiar em Ania."
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Infinito - Livro I
Teen FictionO mundo é muito mais vasto e extraordinário do que nós somos capazes de imaginar. Coisas inacreditáveis estão escondidas bem de baixo dos nossos narizes. E Lana Davis, uma jovem de dezenove anos, acaba descobrindo que está inteiramente ligada a este...