Infinito - Livro I

Capítulo Vinte e Dois

Eu não poderia fazer nada para amenizar a agonia da linda garota na minha frente. A dor que eu sentia em meu quadril ou a falta de oxigênio em meus pulmões, eu podia sentir a vida se esvaindo do meu corpo e tudo que me restava era a voz de Elena implorando para eu não fechar os olhos, ao fundo podia-se ouvir as rochas chocando-se umas com as outras, de onde tinham vindo as rochas? E por que Daniel estava tentando arrancar a cabeça de Ryan?

Eu não pude ver o resto, apenas escutar, pois Elena segurava firmemente meu rosto com as duas mãos.

"Olhe para mim!" Ela implorava com as lágrimas escorrendo por sua pele de porcelana. Eu começava a sentir o frio e eu sabia que sua pele sempre fria não poderia me aquecer, mas, mesmo assim, eu a abracei esperando a morte chegar.

Eu a ouvi grunir.

"Daniel!"

Ela me afastava como se estivesse com medo de mim e sem forças meu corpo molengo fazia o que ela queria.

Eu ouvi um grito, as rochas não haviam parado.

"Elena faça!" Como um trovão a voz de Daniel ecoou pelo ambiente como eu nunca havia ouvido antes.

"Ela vai morrer!"

Mais estrondos.

"Ah, senhor!" Eu podia sentir a luta de Elena, seus dentes trincados e o feroz rugido que saia de sua boca.

A dor em meu peito era maior do que qualquer coisa agora, Elena sofria e eu não podia fazer nada... Minha mão buscou a sua cegamente e quando nossas peles se tocaram o mundo parou. Abri meus olhos apesar do peso das minha pálpebras... Elena olhava para mim como se eu fosse a coisa mais preciosa no mundo, senti-me perfeita, completa. Porém, meu momento mágico acabou rápido e meus olhos se fecharam mais uma vez.

À alguns segundos eu achava que estava pronta para partir, mas depois de ver seus olhos e ouvir sua voz tão suplicante pedindo para eu ficar, eu queria e desejei com todas as minhas forças poder ficar com Elena. E assim, através do líquido que escorria pelos meus lábios e enchia minha boca, a vida voltou para o meu corpo.

A sensação foi maravilhosa, senti-me forte e feliz, a dor insignificante em meu quadril, comprada com a dor no meu peito, havia passado, porém tudo foi tão rápido... E se eu soubesse o que viria depois teria implorado para que aquela sensação não acabasse. A dor foi de longe a pior coisa que já senti em em toda minha vida, meu sangue parecia tóxico para meu próprio organismo, minha pele estava em chamas... Aquele sofrimento parecia não ter fim, os segundos em que a dor se prolongou paraceram anos... Mas, depois de uma eternidade, a dor se foi e o que sobrou foi o vazio.

Livrar-me da dor era tudo o que eu queria... Mas a solidão que eu sentia agora me deixava com medo.

Levantei-me e toquei involuntariamente meu quadril, não havia nada. Olhei ao redor mais uma vez nada, nada além das árvores e escuridão, a chegada da noite não me surpreendia quando entrei no táxi já sabia que o crepúsculo não demoraria, a solidão foi o que me assustou. Estava preocupada com Elena e Daniel... Onde eles estavam? Eu queria gritar, perguntar por eles, mas eu tinha medo de receber uma resposta que não gostava, pois, apesar de não sentir sua falta, estava preocupada em saber onde Ryan estava.

De repente o silêncio absoluto foi rompido por um uivo distante. Os olhos vermelhos que já me perseguiram em sonho estavam me vigiando... Havia alguém se aproximando, podia ouvir os seus passos sobres as folhas secas no chão do bosque...

"Lana?" Eu num ouvi voz mais doce, meu coração inflou apenas com uma palavra. "Onde está você querida?" Eu não vi seu rosto mas minha alma sabia quem era a dona daquela voz... A mulher que eu só vira por fotos ou sonhos... Talvez aquilo fosse apenas um sonho também, mas o vento calmo e a árvore na qual estava encostada paraeciam bem reais...