Infinito - Livro I

Capítulo 31

"Xeque." Elena disse ao mover uma de suas peças.

"Não é possível. Você disse que só pode entrar em minha mente quand o estou vulnerável... Como você tá roubando?" Ela fez uma dramática cara de ofendida.

"Roubando?!" Ela desmontou o tabuleiro derrubando as peças pelo chão. "Eu não acredito que você achou que eu estava roubando." A garota apoiou-se nas mãos e impulsionou o corpo na minha direção.

"Pois achei." Alfinetei.

"O que eu faço com você?" Seu rosto estava tão próximo do meu que eu acabei esquecendo como se respira.

Avancei alguns centímetros na intenção de diminuir a distância entre nós duas, mas aparentemente Elena tinha outros planos. Suas mãos me empurraram levemente para trás, meu corpo cedeu rapidamente ao seu toque. Ele me deitou no chão e suas mãos desceram lentamente pelos meus braços e...

Elena abriu um sorriso tão grande e satisfatório, como se tivesse ganhado um grande prêmio. Logo em seguida eu senti as cócegas, involuntariamente comecei a sorrir sem parar. A risada doce e suave de Elena misturava-se a minha extravagante gargalhada.

"Para! Para, por..." Eu implorava durante o ataque de riso.

"Admita que eu não roubei e que eu sou a melhor jogadora de xadrez que você já viu!" Eu tentava tirar suas mãos de mim, mas minha força era ainda menor com as gargalhadas que as cócegas provocavam. Droga de ponto fraco!

"Eu admito! Eu..." Ela parou e me olhou com as sobrancelhas erguidas esperando que eu continuasse. "Você não roubou e..." Ergueu as mãos pronta para começar de novo. "E você é a melhor jogadora de xadrez que eu já vi!"

"Muito bem." Elena me puxou para cima.

"Isso não é justo." Eu disse.

"Cada um luta com as armas que pode, meu bem." Ela me abraçou e beijou o topo da minha cabeça.

A abracei de volta.

"EU não tenho nenhuma arma contra você..."

"Claro que tem." Ela me apertou de leve em seus braços. "Você é meu ponto fraco e ainda minha fonte de energia..." Era estanho estar tão próxima do seu corpo e não sentir batimentos cardíacos, mas eu procurava não pensar nisso quando ela me abraçava. Tentava sentir seu cheiro e pensar que ele já esteve até em meus sonhos...

"Sabe, eu penso a mesma coisa sobre você." Ela pôs uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha. Olhando no fundo dos seus olhos, eu nunca vi nada tão bonito.

Ela sorriu.

"Por que sua pulsação ficou acelerada?"

"Você é a melhor parte do meu mundinho."

"Como um universo particular..." Apenas afirmei com a cabeça, ela compreendia o que eu sentia. Mais que isso, Elena completava cada pedaço que um dia já esteve em falta.

Eu podia ainda ter certas dúvidas sobre o que eu iria fazer com a minha vida, podia não ter certeza da minha função no mundo, mas agora eu tinha certeza que Elena estaria sempre comigo.

Seus lábios macios passearam por minha bochecha e queixo, eu esperava que ela beijasse meu pescoço, mas era pedir demais de uma garota de quinhentos anos talvez...

Nada no mundo tinha o gosto que sua boca tinha, nada se comparava as sensações que o toque da sua pele fria causava no meu corpo. Por mais que tudo parecesse perfeito quando estávamos juntas, sempre tinha um pressentimento... A estranha sensação de que eu estava deixando passar algo.