Capítulo 37

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No terceiro dia o número de vampiros à nossa porta duplicou e Amélia perdeu por completo a esperança de um acordo pacífico. Agora ela e os outros vampiros pareciam sempre em alerta, e não passava um segundo sequer em que Elena não estivesse ao meu lado com o corpo rígido de preocupação. Eu não me importava com isso, a eminência da separação era casa vez mais esmagadora e cada momento que eu passasse com ela valeria a pena.

Seu rosto já estava gravado na minha mente, mas sempre que fechava os olhos para dormir eu temia que já fosse o fim e o seu rosto não passasse de uma lembrança.

Eu também tentava dividir meu tempo com os outros, vovô era o que parecia mais distante sempre em vigília, Lauren e Ania sempre se dispunham a conversar comigo para tentar esquecer ou aliviar o fato de que vamos todos morrer em poucos dias... Lauren, parecia mais fechada e carrancuda que o normal, mas todos figíamos não estar desesperados a nossa maneira.

Desde a tarde de ontem Lauren e Elena vinham amadurecendo o plano de me fazer ficar invisível e a partir daí comecei a procurar nos grimorios de Lauren algo que não me forçasse a dar as costas aos meus amigos como uma covarde. Até o momento minha tarefa não passava de um passa-tempo para Elena e perda de tempo para mim.

Era meio dia em ponto e eu estava na cozinha com Elena.

"Se as coisas têm gosto de lama para você, como consegue cozinhar tão bem?" Perguntei.

"Primeiro, nem tudo tem gosto de lama." Ela deu um sorriso largo que fez os seus dentes ficarem à mostra, brancos e afiados. A mistura equilibrada entre perfeição e perigo, assim como ela era por inteiro. "E segundo, cheiros ainda são a mesma coisa. Na verdade, posso sentir os aromas das coisas melhor do que qualquer outro cozinheiro no mundo. E terceiro, prática. Muita prática!"

"Quando vai assumir que essa sua competitividade não é normal?"

Ela fez uma cara de ofendida.

"Não é minha culpa!" Ela fez drama. "Eu não tento sempre ser a melhor, é um dom natural."

Eu ri da sua feição de campeã. Elena era boa em cumprir promessas, fazia muito tempo em que eu não a via com o olhar deprimente. Agora, ela fazia piadas e estava sempre com um brilho diferente no olhar. Acho que o medo da separação também a alcançara e assim como, eu ela estava tentando aproveitar cada detalhe.

"Pode provar isso aqui, por favor." Levantei-me para ir até ela é acabei esquecendo o livro que estava em minhas pernas. Ele caiu aberto no chão.

"Droga."

"Cuidado, essa coisa é provavelmente mais velha que eu."

Apanhei o livro com delicadeza e apenas por curiosidade observei a página que em que ele abriu. Assim como era com os outros livros eu só entendia uma palavra aqui e ali, por esse motivo Elena estava comigo para traduzir o que eu não entendia. Como ela disso os grimórios eram tão velhos quanto ela.

As primeiras palavras que meus olhos capturaram foram 'distorcer' e 'visão'. De imediato um lampejo um plano apareceu em minha mente. Distorcer a visão dos nossos inimigos parecia uma boa idéia.

"O que foi?" Elena perguntou. Eu entreguei o grimório para ela que começou a ler imediatamente. Suas feições mudaram de curiosa para chocada. "Vamos falar com Lauren."

Ela me puxou pela mão e saímos da cozinha um tanto rápido demais para um ser humano.

"Acho que Lana encontrou alguma coisa..."

Todos olharam para mim quando Elena pôs o livro na mesa.

"Talvez..." Eu disse.

Lauren pegou o livro e começou a ler calmamente.

Infinito - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora