Capítulo 28

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A minha humanidade me venceu quando já estava muito tarte. Eu adormeci nos braços de Elena, estávamos sentadas na enorme cadeira sob o céu estrelado. Ela me enrolou com o casaco grosso para que eu não sentitesse frio colada ao seu corpo, mas um calor estranho e acolhedor aquecia todo o meu ser. Eu podia sentir suas mãos passeando pelas minhas costas e acariciando meu cabelo, seus beijos ternos em meu rosto, suas palavras infinitas sobre as constelações que estavam a cima de nossas cabeças...

Dormir ali ao seu lado parecia tão certo, meu lugar preferido sem dúvidas.

Quando acordei estava em minha cama. Meu coração disparou quando percebi a intensa claridade que vinha da janela, e se tudo que vi ontem a noite não passasse de sonho?

Procurei meu celular, passavam das oito da manhã... Sentei-me na cama e comecei a repensar tudo, era bom demais e eu queria muito que fosse realidade. Cada beijo, cada luzinha que se ascendeu dentro de mim, as estrelas, suas palavras doces, seu toque frio que deixava marcas em minha pele... Eu queria tanto tudo aquilo, não poderia ser um sonho, e se fosse eu queria continuar sonhando. Eu ainda podia sentir seu cheiro doce em mim, podia transportar minha mente para aquele lugar perfeito...

Mas eu não poderia viver sonhando, poderia? Eu seria capaz de desistir de tudo por ela, viver num mundo de fantasia só para não me separar daquela sensação maravilhosa? Era muito cedo para decidir, mas uma parte do meu cérebro me informava que sim, eu era capaz de deixar tudo para trás por causa de Elena, era capaz disso e talvez mais. Essa conclusão me causou uma estranheza pela parte lúcida do meu cérebro.

Um lado gritava: Corra até o inferno atrás dessa garota, ela é a certa. A mulher que você esperou por toda a sua viada.
E o outro gritava simplesmente: É muito cedo para determinar qualquer coisa... E além do mais... Ela é uma vampira.

Minha discussão interna foi interrompida por duas batidinhas tímidas na porta.

"Pode entrar." Minha voz saiu rouca, talvez pelo fato de eu ter acabado de acordar ou pelo nervosismo...

"Olá. Bom dia." Sua voz penetrou o ambiente e uma luz diferente iluminou tudo. Havia uma bolha de alegria ao redor de Elena... Foi impossível ignorar sua felicidade com aquele sorriso enorme e essa nova luz. "Você dormiu bem?" Ela depositou a travessa com café da manhã na mesinha.

Resperei fundo umas duas vezes. Talvez fosse verdade e eu fosse a razão para a sua felicidade.

"Muito bem." Levantei-me e caminhei até a mesinha. Ela permaneceu de pé ao lado. Eu tinha que tirar essa dúvida estúpida, mas como eu faria isso sem parecer uma lunática. "Sabe, eu estive pensando..." Ela sentou no chão ao meu lado com um sorrisinho lindo e cabeça inclinada, esperando que eu continuasse. "Ontem à noite, foi tudo tão perfeito... Quase um sonho."

Ela me olhou com aquele sorriso e pegou minha mão.

"Sim, perfeito é uma palavra ótima para definir."

Eu quase pude ouvir o meu coração dobrar de tamanho. As luzes em mim começaram a dançar como pequenos vagalumes.

"Eu sei que você deve ter conhecido muitas garotas... Mas, para mim, você é de outro mundo!" Acariciei seu rosto de porcelana. "Tão linda, Elena" Em minha mente eu já podia chama-la de 'minha', mas preferi não arriscar.

Ela deu um sorriso terno e então se aproximou.

"Eu nunca conheci ninguém como você. Lana, você é única. Linda, inteligente, engraçada... Você é muito mais do que eu poderia ter imaginado. Nem se eu mesma a desenhasse não sairia tão perfeita."

Nossos lábios se tocaram num selinho demorado.

"Agora, coma e troque de roupa. Eu quero leva-la em um lugar... Se quiser, é claro!" Ela disse com um daqueles sorrisos conquistadores que derretem qualquer coração de gelo.

Infinito - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora