Infinito - Livro I

Capítulo 30

Passava das nove quando Elena voltou. Amélia já tinha me levado a cozinha e me apresentado a Arthur o cozinheiro do local. Eu assisti enquanto ele me preparava um prato grego... Maravilhoso.

"Você resolveu as coisas com Thadeus?" Perguntei a Elena enquanto eu degustava minha sobremesa.

"Amélia falou para você o que houve?" Assenti. "Sim, está tudo bem. Ele é uma boa pessoa e um ótimo amigo, eu fui muito rude com ele."

"Bem que bom..." Bocejo. "Que as coisas foram resolvidas."

"E você precisa dormir." Ela disse. Estava com a cabeça apoiada na mão me vendo comer, um sorriso terno brotou em seu rosto.

"Não..." Outro bocejo. "Tá, talvez eu esteja um pouco cansada."

"Sim."

Nós subimos e Elena esperou sentada na cama enquanto eu colocava algo confortável para dormir. Quando sai do pequeno banheiro que ficava no quarto ela estava mexendo em uma pasta que estava em cima da mesa.

"Viu, eu disse que você também era cheia de talento." Ela me mostrou alguns dos desenhos que estavam na pasta. "Gostei desse." Ela apontou para o lobo cinza.

"É. Sempre achei que o lobo fosse minha mãe. Mesmo antes..."

"Hum, sua mãe tinha uma cor de chocolate muito bonita..."

"E o meu pai?"

"Avermelhado, quase canela."

"Ania?"

"Preto, como carvão."

"Quando sonhei com Damon, um parente distante, ele tinha quase dois metros de altura. Foi assustador..." Eu não tinha consciência do que estava falando na verdade... Como eu podia estar tão cansada?

"Lana, durma." Ela me guiou até a cama e me cobriu com um lençol, apesar dos meus protestos.

"Fique..."

Ela sorriu fraco. 

"Durma, meu amor. Quando você acordar prometo que meu rosto será o primeiro que você vai ver."

"Não..." Sua mão passeou pelos meus cabelos e inconscientemente fechei os olhos. Tentei reabri-los mas estavam muito pesados, foi um dia longo. "Isso não é um sonho. Minha imaginação não vai tão longe." Eu disse quando senti o toque gelado de seus lábios no meu rosto. Ouvi seu sorriso baixo.

"Tenha ótimos sonhos, meu amor."

"Me dê... Os sonhos..." 

"Guardei os mais bonitos para você." 

A minha consciência descansou finalmente e eu flutuei entre muitos sonhos, os primeiros tinham Elena que sempre sorria e me mostrava algo lindo, uma cachoeira, uma praça cheia de flores e pessoas felizes em algum lugar do mundo. Eu senti quando ela se foi, porém procurei dormir tranquilamente confiando em sua promessa. 

Se apaixonar é assim mesmo? Você se sente tão idiota, capaz de fazer qualquer coisa para estar com a pessoa amada? Sempre achei que eu fosse forte,  tinha de ser, afinal eu estava 'sozinha'... E então, tão rapidamente, sem exitar, eu havia encontrado uma fraqueza.

Uma fraqueza com nome, sobrenome e lindos olhos azuis.

Era isso, o oceano que ela carregava na cor dos olhos havia me tragado e ao mesmo tempo ela havia me salvado do afogamento. Ela era tudo agora, eu podia sentir isso. Era minha fraqueza e minha força, meu furacão e meu porto seguro... Elena era tudo e nada no mundo poderia mudar isso. Pertenceríamos uma a outra até...