Infinito - Livro I

Capítulo 38

Uma vez me disseram que 'uma vida vivida só por viver não é vida'. Na época em que ouvi isso pela primeira eu não consegui entender o real significado dessa frase, mas hoje eu consigo.

Engraçado como a vida está sempre dando voltas, às vezes você acredita que percorreu uma longa distancia, mas, na verdade, estava correndo e voltando para o mesmo lugar. A vida é assim, um ciclo. Demora um pouco para aprendermos isso, para identificarmos em qual ciclo estamos. Eu por exemplo, demorei muito tempo para entender que eu deveria me arriscar ao máximo pelas coisas com as quais me importo...

Demorei tempo de mais para compreender uma simples frase que ouvi por ai. Não era nada, mas sempre que paro para pensar tenho vergonha de mim mesma que demorei tanto tempo para entender isso. Talvez, se eu tivesse lutado um pouco mais...

Não, acho que as coisas não teriam mudado tanto. Acho que eu nem teria mudado alguma coisa. O destino, por mais doloroso e cruel que ele possa ser, é imutável.

Temos que aprender com nossos erros. Temos que perder algo para aprender a dar valor. Essa é, infelizmente, uma característica natural do ser humano.

Mas, voltando a falar sobre riscos...

Até onde é permitido lutar por aquilo que é importante?

A traição é considerada válida se for em nome do amor?

Teria eu feito diferente?

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Ponto de vista de Cecília Wolf

Elena costuma dizer que nossa humanidade fora completamente destruída. E eu costumo sempre discordar veementemente.

Para mim somos, agora, mais humanos que nunca, nossos sentidos foram aumentados com a transformação, logo nossas emoções também. Tudo é mais intenso para nós, amor, solidão, ódio.

Ela, que sempre se cercou de dor e melancolia, não poderia entender minhas razões para estar sempre ao lado de Lucas, completamente viciada no seu olhar, seu cheiro... Então surgiu Lana. O mundo em que Elena vivia pareceu virar de ponta cabeça. Nós primeiros dias ela sentia-se culpada por estar atraída por uma pobre mortal... Tanto que me fez ir buscar a garota na pousada. Para mim e para Lucas também, ela não passava de uma humana qualquer... Lucas, assim como Elena, não gostava muito da idéia de mantê-la por perto. Eu sempre acreditei que essa garota poderia de alguma forma fazer Elena enxergar o mundo de uma maneira diferente, talvez até mesmo fazer Elena sentir-se amada...

Minhas expectativas foram muito bem depositadas em Lana. Por mais que Elena não gostasse de me contar sobre o seu novo relacionamento eu podia perceber, sentir a aura de felicidade que a rodeava desde que Lana chegou a sua vida. Amélia também parecia ter certa curiosidade pela garota, afinal Lana tinha algo... Nunca vi nada assim, todos gostam de estar perto dela.

Foi uma surpresa para todos quando Ryan reapareceu.

Não nos entendemos desde o inicio, era um assassino quase tão brutal quanto o que me criou. Um rastreador do Consilium, uma das perolas de Felipe.

Quando recebia uma tarefa era implacável, e destruía até o ultimo homem que permanecesse em pé. Nada o detinha, nada era capaz de controlá-lo... A não ser Joseph. Era um bom homem, pacifico e puro. Nunca serei capaz de entender como alguém como ele seria capaz de se apaixonar por Ryan.

Acredito que Ryan tenha perdido a cabeça e a alma quando Joseph se foi. Nenhum de nós poderia culpá-lo, afinal não teríamos feito o mesmo que ele?