Capítulo 51

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Poncho passou toda a noite acordado e alerta aguardando o momento em que Any despertaria. Não se afastou dela nem por um segundo. Ao amanhecer se levantou apenas para ir ao banheiro e tomar um café, somente porque Tisha chegou e praticamente o obrigou a fazer isso.
_Minha bebita, acorda logo meu amor, estamos preocupados com você. - aproveitando o tempo a sós com a filha - Seu marido vai acabar em uma das camas desse hospital se você continuar quietinha assim. - sorriu, mas uma lagrima escapou.
_Voltei Tisha, ela acordou? - se sentando ao lado.
_Ainda não meu filho. - sorriu secando a lagrima - Vou tentar encontrar Henrique e trazê-lo aqui. Aquele velho bobo está com vergonha de chorar.
Poncho sorriu.
_Depois do tanto que eu chorei, ele não deveria sentir vergonha alguma.
_Já volto. - Tisha saiu sorrindo e fechou a porta.
Os próximos minutos pareceram eternos, mas finalmente Any começou a despertar, seus olhos abriram aos poucos, permaneceram por um tempo vidrados e depois passou a refletir medo. Estava assustada.
_Calma querida, está tudo bem agora. - falou calmo.
_O que...que lugar é esse? Onde estou? - ainda confusa, olhava para todos os lados, mas parecia não enxergar Poncho.
_Não precisa se assustar amor, eu vou chamar o medico, só um minutinho.
Poncho foi até a porta e chamou pela enfermeira. Logo o medico estava no quarto e examinava uma Anahi ainda muito atônita, o olhar perdido, procurando por algo ou alguém no quarto.
_Senhora Herrera?
_Quem? - Any pediu, confusa demais para perceber que falavam com ela.
_Precisamos examiná-la senhora Herrera. - o médico insistiu.
_Como assim? Quem? - voltou a perguntar cada vez mais confusa.
Poncho sorriu.
_Any, meu amor, tudo bem?
_Quem é Any? E essa tal senhora Herrera?
Poncho voltou a rir
_Não é hora para brincar Anahi.
_Anahi? E quem é você? - Any olhou assustada para Poncho - Quem é esse homem doutor?
Todos no quarto se entreolharam assustados. O médico tranquilizou Any antes de levá-la para mais exames e constatou que tudo estava bem, exceto pela falta de memória dela.



_Como? - Poncho praticamente gritou ao receber a noticia.
_Ela não apresenta lembranças nem mesmo do próprio nome senhor Herrera, isso pode ser temporário, mas não podemos forçá-la a se lembrar. Tem que ser gradual, ela precisa recordar sozinha.
_Mas você disse que estava tudo bem doutor!
_E está, a saúde dela está perfeita, mas não podemos esquecer que ela bateu a cabeça durante o acidente. Isso não é permanente senhor Herrera, aconselho ao senhor a deixá-la o mais a vontade possível no ambiente familiar, mostrar fotos, ter contato com familiares, mas tudo isso sem esquecer do repouso absoluto dela. - dizendo essas palavras o medico se retirou e deixou um Poncho confuso e perdido. Quando tudo parecia que ficaria bem, mais uma vez algo o puxava para baixo em seus sonhos.
_Any, posso entrar? - perguntou parado a porta, com receio.
_Cla-claro. - olhou um tanto nervosa para ele - O médico me disse que...que você e eu...que nós...
Poncho sorriu.
_Somos casados. - completou por ela -  Sim, somos casados e muito felizes há dois meses. E você está grávida, ele te contou também? - se sentou proximo a cama, sempre mantendo um tom de voz suave e tranquilo.
Any levou as mãos a barriga num gesto de carinho e proteção, sorrindo.
_Ele contou sim. Nós já escolhemos um nome?
_Ainda não, não sabemos o sexo. Você está gravida de quase três meses, ainda falta um pouquinho para sabermos. - colocou a mão sobre a dela.
Num gesto involuntário de defesa, Any puxou suas mãos para longe daquele desconhecido. Sabia que era seu marido porque o disseram, mas como agir se não se lembrava do proprio nome?
_Posso entrar? - o medico já havia informado os parentes e amigos, assim evitando uma cena constragedora.
_Quem é a senhora? - Any sussurrou para Poncho.
_Essa é sua mãe, querida.
_Minha bebita está bem? - Tisha quis saber.
_Mas você disse que não sabíamos o sexo ainda? - olhou acusadora para Poncho.
Poncho riu alto.
_E não sabemos, sua mãe costuma chamar você de bebita.
Any corou.
_Oh sim.
Tisha sorriu.
_Não se preocupe linda, o médico disse que é uma situação temporária, logo vai se lembrar de tudo.
_Eu espero que sim. - suspirou - Eu...eu tenho um pai?
_Claro que tem. - Henrique respondeu ao entrar no quarto - Um muito protetor por sinal. Só deixei você se casar com esse rapaz porque ele é bom para você.
Amnesia a parte, Any conseguia sentir a atmosfera cheia de amor, e sentia segura próxima a essas pessoas. Aos poucos se permitiu relaxar e a entender porque havia se casado com o tal Poncho. Ele era realmente especial.

POV Any

Me sinto horrível, não só por não lembrar nem mesmo o meu nome, mas principalmente por não lembrar que amei o meu marido ou que fazíamos planos para o nosso filho.
Esses ultimos dois dias, pude entender o que meu pai quis dizer quando disse que Alfonso era bom para mim, ele quase não saiu do quarto, está sempre conversando comigo, mas nunca me pressiona, eu poderia me sentir sufocada com a presença constante dele, mas tudo o que sinto é segurança. Posso ver nos olhos dele todo o esforço que faz para não me deixar desconfortável e evitar toques mais que amigos. Queria poder voltar a ser a Anahi que ele ama e tanto admira, mas por mais que tente minha cabeça parece um quarto escuro, não consigo e sempre que me obrigo a tentar lembrar, sinto tanta dor que acabo por desistir.
_Any?! - Alfonso me chamou, acordando de meu transe.
_Oi. - me esforcei por meu melhor sorriso.
_Você está bem? Quando entrei parecia distante, o cenho franzido. Sente alguma dor? - a preocupação dele me tocou.
_Não é nada, só estava...tentando lembrar.
_Não faça isso, na hora certa você vai se lembrar. - se sentou na cama segurando minhas mãos - O médico disse que tudo vai voltar de maneira natural. Talvez quando estivermos em casa, e você cercada por fotos e um lugar familiar, isso ajude a lembrar.
_Espero que sim, é frustrante não reconhecer meu proprio rosto no espelho. - o encarei procurando algum traço familiar, mas não achei nada.
Poncho sorriu, acho que porque eu o analisava com muita frequencia. O sorriso dele é reconfortante, as vezes consigo entender porque o amei. Era fácil amar um homem como ele. Seria fácil voltar a amá-lo também?
_Poncho?!
_Pode falar pequena.
_Como nos conhecemos? Por que se apaixonou por mim? - desviei o olhar envergonhada - Como eu me apaixonei por você?
Ele ficou em silêncio e tive que olhá-lo para buscar respostas. Ele sorriu e acariciou o meu rosto com tanta ternura que senti as lagrimas inundando meus olhos. Esperei por dois dias para ter coragem de fazer perguntas tão simples, que eu deveria saber a resposta se me lembrasse de algo.
_Vamos ver por onde eu começo... - fez uma carinha de quem estava pensando, sorrindo, me pergunto se ele está sempre de bom humor assim ou é só para ter paciência comigo - Era uma vez...
_Alfonso, não tem graça! - falei irritada, mas ele só sabia rir, estava se divertindo.
_Não consegui resistir. Senti falta de ver esse seu biquinho quando fica bravinha. - apertou meu nariz como se aquilo fosse natural para ele, mas não era para mim.
E só então começou a me contar.

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