Epílogo

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Any estava sentada na varanda, admirando o jardim, enquanto via mais uma vez os álbuns repletos de fotos da família. A saudade de seus pais ainda era presente, assim como dos sogros. Os filhos, todos grandes e casados já não moravam mais com ela e Poncho, mas todos os finais de semana os visitavam.
Nunca imaginou que chegaria aos 80 anos tão feliz e realizada como agora.
_O que está fazendo amor? - se sentou ao lado dela com dificuldade.
Any admirou o rosto do marido, tão enrugado quanto o dela, mas o mesmo olhar cheio de amor e sorriu.
_Só lembrando de quando éramos jovens e bonitos.
_Podemos não ser mais jovens querida, mas você ainda continua linda. - acariciou o rosto dela.
_Eu nunca imaginei que seria tão feliz assim. - encostou a cabeça no ombro dele.
_Fizemos um ótimo trabalho com nossos filhos e netos, não foi? - pediu enquanto olhava uma das fotos.
_Creio que sim, eles são pessoas incríveis. - ela respondeu com um sorriso cansado
_Sim. São sim e isso é tudo o que importa.
_Obrigada por todos esses anos maravilhosos Poncho. - ergueu o rosto e selou seus lábios aos dele.
_Eu que agradeço meu anjo, não poderia viver sem você.
_Estou tão cansada amor. - fechando os olhos.
_Então descansa querida, eu vou estar com você. Sempre.

Jonathan chegou ao jardim, carregando em seus braços a pequena Marichelo, sua filha que recebera o nome da avó como homenagem.
A garotinha tinha apenas seis anos e era muito especial, doce e carinhosa.
Viu seus pais no jardim e seguiu até eles sorrindo, sempre que quisesse encontrá-los, sabia que  seria ali.
_Pai, mãe, olha só quem veio visitar os avós. - sorriu se aproximando.
Mas a resposta não veio, não se moveram e não abriram os olhos. Os álbuns estavam descansando no colo de Any, seguros embaixo de suas frágeis mãos, os dedos entrelaçados aos de Poncho, a cabeça descansando sobre o peito dele. A expressão era serena e podia jurar que havia um sorriso no rosto dos dois. Uma lágrima escapou por seus olhos, ele não os encontraria mais naquele jardim.
Marichelo sorriu.
_Não chora papai, a vovó e o vovô estão felizes. - segurou o rosto do pai com as pequenas mãozinhas.
Jonathan sorriu triste.
_Estão querida?
Marichelo assentiu.
_Estão sim, olha ali. - apontou para o canteiro de rosas, mas Jonathan não via nada.
Marichelo sorriu e acenou com a mão para o vazio. Mas o vazio estava preenchido com algo que só aquela pequena inocente poderia ver.
Any e Poncho sorriam para a netinha, antes de finalmente partirem de mãos dadas.
Jonathan beijou o topo da cabeça de sua filha e entrando na casa ligou para os irmãos.
Marichelo tinha razão, onde quer que estivessem, eles estavam felizes e juntos, um amor feito para durar pela eternidade.

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