40 - A tempestade

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- Quando ouvi o barulho do tiro pisquei, ele foi soltando a mão que segurava minha cabeça e caiu, eu o olhei e vi seus olhos pararem e a lágrima escorrer.
Fechei os olhos tentando apagar a imagem na mente mas não consegui.

- De olhos fechados eu sentia os respingos em meu rosto, ele me marcou com seu sangue que esta também em meu ombro, meus braços e meus seios manchando o sutiã branco neve. Abri os olhos devagar e vi aqueles olhos negros sem vidas me encararem. O vestido no meio da porça de sangue entre nós, já não era mais branco e separava a loucura que a vida e a morte são.
Mãos me seguraram e me ajudaram a levantar do chão frio e úmido.

- Já não sentia mais meu corpo, vi Justin segurar o paletó e envolver em meu corpo. Ele balbuciava algo que eu não entendia, mas eu só conseguia olhar para o lado onde o corpo de Sammy está caído completamente sem vida.

- Jullie, você vai ficar bem agora. Está machucada? Ele machucou você? Ouvia ao longe as vozes, vi as luzes das sirenes da ambulância e dos carros de Polícia que piscavam sem parar, foi quando percebi que estava do lado de fora. Algumas pessoas me cercaram, paramédicos me sentaram no fundo da ambulância, colocaram a luz em meus olhos, o dedo na frente do meu rosto ia de um lado para o outro, sei que tudo que a pessoa parada na minha frente, queria que eu o seguisse. Permaneci parada eu não conseguia pensar direito, era como se tudo tivesse em câmera lenta. Me deitaram na maca e me colocaram dentro da ambulância, senti o movimento dela se movendo, até sua parada.

- Possível trauma, ela tem machucados na boca, um pequeno corte na cabeça, arranhões pelo corpo e um tiro de raspão no ombro. Ela não fala, nem chora ou tem qualquer reação. - Disse a voz me segurando na maca, enquanto alguém pegou a prancheta que talvez esteja com meus dados.
Eu via as luzes do corredor passando ficava imaginando elas como as luzes de Natal. Olhava tudo ao redor mais não dizia nada eu simplesmente não conseguia sentir nada.

- Me colocaram dentro de um tubo completamente nua. Não senti vergonha, medo ou qualquer coisa que me fizesse sentir.
Eu não sinto nada. - Pensava sozinha comigo em meu abismo silencioso.

- Como ela está? A voz de Justin ecoou no ambiente.

- Em choque. - Respondeu a médica. Ela não fala, não chorou, nem teve nenhuma das reações que algumas vítimas tem, ela não gritou e nem perguntou nada. Espero que tenha sorte, mas não fique preocupado ela vai falar, só dê um tempo. - Disse ela tranqüilizando.

- Meu amor. Pode falar comigo? Justin está na minha frente segurando minhas mãos e olhando em meus olhos. Eu não sinto suas mãos e nem consigo responder suas perguntas.
Ele continua dizendo que tudo vai ficar bem, me pergunta inúmeras vezes onde dói, enquanto me apaupa os braços. Ele me beija de leve o rosto e tudo que eu consigo ver na mente é o corpo de Sammy.

- Ela não tem ferimentos graves, levou um tapa do agressor, provavelmente durante a tentativa de estupro, levou um tiro de raspão no ombro e tem alguns arranhões. O pior de tudo é o trauma, ela precisará muito da família e dos amigos. Mas vai superar, com calma ela consegue. - Disse a médica assinando alguns papéis e saindo.

- Nada ainda, e vocês arrumaram as coisas pra espera-la? Ela vai receber alta amanhã de manhã. - Disse Justin ao celular se afastando.

- Filha! Disse Papai e mamãe entrando no quarto e logo me abraçando. Meus olhos se encheram de lágrimas e eu não consegui segurar o choro.

- Chore, pode chorar vai aliviar a dor. - Disse mamãe agarrada a mim também em plantos.

- Foi um susto e tanto. - Disse Justin desligando o celular. Tudo vai ficar bem vamos cuidar de você.

- Nem me fale, pensei ter perdido minha filha. - Respondeu papai.

- Sammy! Gritei em meio ao choro e todos me olharam. Ele não merecia.

50 Tons de BieberOnde histórias criam vida. Descubra agora