Capítulo 30

61 10 8
                                    

Samantha:

Ver o desespero na cara de Heitor, quando apareci na sua porta com Alice, foi impagável. Ele precisa saber que nao desisti dele, que estou na jogada, e que a qualquer momento posso fazer seu castelinho em ruínas.
A outra parte boa, foi ver Luh chegando, se tivesse demorado um pouquinho mais lá, teria adiantado o meu plano. Mas foi melhor assim, o apressado come cru, como diz o ditado. Quando enfim desmascarar Heitor não será nada desleixado, será bem maquinado, como ja está sendo.

************************

Luh:

Depois de fazermos amor da forma mais carinhosa que já fizemos, Heitor adormeceu, coisa que não consegui. O desespero em suas palavras, a promessa que me fez fazer, a forma urgente como me tocou e por fim, declarar que me ama, isso derrubou todas as minhas barreiras, me fazendo esquecer toda a sua angústia. Mas agora tudo voltou a tona, na minha cabeça milhões de perguntas são feitas a todo minuto, o que deixou ele nesse estado? Nessa confusão? Por que pedir para não deixa-lo?
Heitor se mexe do meu lado e abre os olhos, um sorriso meio sem jeito abre em seus lábios mas logo se fecha, por que sei que deve ter um enorme ponto de interrogação na minha testa.

- Sabe que precisamos conversar né? Falo calmamente.

- Sim, mas não agora, por favor.

- Quando então?

- Não sei, apenas confie em mim, sei que é pedir muito, mas apenas confie.

- Não dá, tenho medo, sinto que o que quer me contar é algo grande. Falo levantando da cama indo em busca das minhas roupas.

- E é, me dê dois dias.

- Não posso, fala agora ou me procure quando achar que devo saber. Falo já vestida.

- Você prometeu!

- Sei o que prometi, mas jogar no escuro anula qualquer promessa. Caminho para fora do quarto e ele vem junto.

- Eu amo você. Suas palavras me fizeram parar no meio da sala e lágrimas brotaram nos meus olhos. - Não vá.

- Não posso ficar, sinto muito. Eu também amo você, mas... As lágrimas rolam deixando minha voz embargada, e uma frase não terminada.

- Luh... sinto-o fraquejar, olho por cima do ombro e ele está despedaçado assim como estou. Lágrimas quentes molham nosso rostos, caminho em sua direção segurando o seu rosto.

- Preciso ir, vou lhe dar o que pediu, dois dias. Enxugo o suas lágrimas. - Não me magoe, é apenas isso que peço. Por que se eu quebrar, sinto que nao tenho mas conserto. Voce foi tudo que eu sempre quis, e perde-lo seria meu fim. Dou-lhe um beijo carinhoso nos lábios e saio pela porta rumo ao meu carro.

Como chegamos a esse ponto? Estamos pouco tempo juntos, mas sinto como se fosse uma vida inteira. Não quero soar como uma pessoa melosa, mas estou me sentindo assim. Dentro do carro, choro um pouco mais ao volante, tínhamos planos para o dia de hoje, e isso veio como uma tempestade, fria e escura, nublando tudo. Seco as lágrimas que ainda caiem. Dou partida no carro e dirijo sem rumo, não sei o que fazer, estou no escuro, sem saber qual direção ir para que tudo volte como era antes ou até melhor. Sia voltou a cantar de onde parou.

Help me out of this hell
(Me ajude a sair deste inferno)
Your love lifts me up like helium
(Seu amor me eleva como o hélio)
Your love lifts me up when I'm down down down
(Seu amor me eleva quando estou para baixo, para baixo)

A letra da música me atinge de uma forma dolorosa. Quando dou por mim estou em frente a casa da minha mãe, acho que não dirigi tão sem rumo assim. Desligo o carro e penso um pouco mais, posso ir para casa e chorar sozinha ou posso conversar com minha mãe e pedir um conselho. Escolho a segunda opinião minha mãe pode me dar uma palavra confortante, me acalmar.

Entro já chamando por ela.

- Mãe? Falo chorosa.

- Luh? Me olha com cautela. - O que houve filha?

- Heitor! Mae se que me disse para lhe dar o tempo necessário para que ele pudesse se abrir e me contar o que há de errado, mas não consegui. Falo entre soluços.

- Oh filha. Me abraça com ternura. - Me conta o que aconteceu. Sentamos no sofá e narro para ela tudo o que houve.

- Mãe, já pensei em milhões de coisas.

- Filha você fez certo, ele lhe pediu dois dias para pensar e lhe contar o que está acontecendo, espere, se ele realmente sente algo por você virá e tudo ficará bem. Ela afaga meus cabelos e seca as minha lágrimas. - Que tal ficar por aqui esses dois dias, Mily está viajando e Will só vem amanha.

- Tudo bem mãe, vou ficar. Falo e abraço me aconchegado em seu colo.

- Posso cancelar a viagem e ficar com você.

- Nem pensar mãe, eu vou ficar bem!

Vou para o meu quarto, e me tranco la, mamãe passou apenas para dizer que tinha comida pronta e que estava indo para o restaurante. Ela sabe do que preciso, ja passou por uma traicao, e superou. Nao que meu caso seja isso, pois é o que espero.

********************************

Heitor:

Ela prometeu não me deixar, mas não foi isso que aconteceu. Luh se foi sem saber o que tanto escondo dela, Mas não vou culpar ninguém senão a mim mesmo. Que espécie de relacionamento sobrevive se confiança e cumplicidade? Nenhum.

O medo de Luh ir agora não é apenas uma sombra, ela se foi e levou com ela meu coração. Ela me deu os dois dias que pedi para resolver isso e me abrir por completo com ela. E farei isso. Alice passou o natal com a mãe, então o ano novo será comigo e darei um jeito nisso.

Chorei como uma criança, nunca me vi nessa situação, acredito que o fato de nunca ter estado em um relacionamento como esse nunca passei por isso. Íamos passar o dia juntos apenas nos curtindo, nos amando, só de pensar que vou passar dois dias sem tocar em sua pele, sem beija-la, sem sentir seu cheiro sinto um frio que se espalha por todo meu corpo. Não quero falar com ninguém, não quero ver ninguém, além do mais, as duas pessoas com que poderia contar, se fosse atrás me diriam a mesma coisa, que no caso seria: "eu te avisei". Isso seria Enzo e minha mãe. Prefiro me autoflagelar sozinho.

Me jogo na cama agarrado ao travesseiro, ainda tem um pouco do seu cheiro aqui, pelo menos isso, posso me recordar da nossa noite de ontem. Os sons que fazia, como me apertava, arranhava. Lágrimas quentes escorrem pelo meu costão molhando o travesseiro. Se Lorenzo me visse nessa situação, zombaria de mim, me chamaria de maricas e ainda tentaria me levar para ir atrás de alguma mulher. Meu amigo nao entende esse sentimento, mas o dia em que descobrir, ele saberá como é. Adormeço em meio as lágrimas, acordo horas depois com meu celular tocando, vejo que já é noite. Não conheço o número e resolvo não atender. O celular para mas volta a tocar insistentemente, olho o visor e vejo o mesmo número, decido atender.

- Alô.

- Heitor você precisa vir ao hospital agora mesmo. Uma voz urgente soa do outro lado da linha.

****************************

Olá meu amores... mais um capítulo para vocês.
Heitor vai sentir na pele o ditado " se não for por amor, vai ser pela dor", e essa vai ser a pior forma possível...
Espero que gostem...
Votos e comentários se merecer...
Bjs ate o próximo...

PAIXÃO REAL Onde histórias criam vida. Descubra agora