Capitolo uno

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10:30h da manhã. Turim (Itália)

- Tudo preparado!

Apenas observava Andrea com as mãos apoiadas sobre a mesa, enquanto dava início ao seu plano que em breve estaria sucedido. Assentimos com a cabeça.
O peso da arma em minhas mãos trêmulas, confesso ainda não estar seguro com a idéia de atacar carros forte, apesar de este ser considerado o roubo mais fraco do histórico. Mas o chefe manda, ele pode, obedece quem tem juízo.

- Muito bem, - dizia e andava de um lado para o outro, olhando cada gângster daquela sala. - estamos próximos de efetuar mais um dos nossos dons, um dom excepcional. Se há alguém nessa sala que queira desistir, pois bem, que desista agora! - olhou em volta e todos se mantiveram quietos - Perfeito!

- Só me explica por que vamos roubar carros-fortes? - Douglas sussurrava para mim.

- Parece que o propósito é atingir o Delegado.

- Claro, havia me esquecido desse filho da puta - soltou um típico sorrisinho safado.

- Chegou a hora, cada um já sabe a sua função. Paulo?

- Os grupos de bloqueio estão divididos em duas funções. O primeiro grupo irá se certificar de que absolutamente nenhuma viatura, nenhum reforço entre no quarteirão - eu falava tudo com segurança e serenidade, tentando passar o que eu não tinha - O segundo grupo está responsável pelas Delegacias, quero as portas desses infernos pegando fogo, entenderam?
Todos assentiram.
- O terceiro grupo vai ser o responsável por efetuar o ataque, abrindo alas para que o quarto grupo entre em ação e prestem muita atenção, botem o lugar abaixo, mas quero esses carros abertos e o dinheiro em mãos!

- Muito obrigado, Paulo! Bem, vocês ouviram, quero tudo exatamente como o planejado, haja o que houver na frente.

- E as pessoas? Nesse horário elas estão nas ruas! - alguém disse o que eu não tive coragem de dizer.

- São tão corruptos quanto os políticos, simplesmente não os enxerguem!

Esse era o ponto que eu detestava, as pessoas não têm que pagar por nossos erros.

- Agora, o que estão esperando?

- Ah moleque, estou doido para estourar a fuça de alguns tiras!

- Esse é o teu momento, brilha!

Em seguida saímos.
Eram 11:20h da manhã. Precisávamos de uma mensagem para agir. Uma única mensagem, que estava atrasada. Senti que tinha dado errado, algo no plano não tinha sido bem pensado. Eu já não aguentava mais aquele ar de suspense.
O primeiro grupo já nos deu certeza, mas para que pudéssemos agir, precisávamos que o segundo grupo tivesse sucesso.

- Vamos lá! - dizia a mim mesmo enquanto olhava para o relógio de pulso.

- Já não estou mais aguentando ficar aqui parado! - Douglas resmungou. - Bando de incompetentes, se eu estivesse lá faria diferente, mas não teria emoção, quero logo meter tiro em alguém.

  Estávamos na terceira organização, nunca pensei que poderia ser tão tedioso.

- Dybi, e aí?

- Nada ainda. - balancei a cabeça negativamente - Espera! - suspirei aliviado. - Aí galera, quero ação, tentem não ferir as pessoas. Vamos meter chumbo nesses filhos da puta! 

Entramos em ação, sorrateiros, abrindo fogo contra os policiais. Mas algo não estava certo, cidadãos corriam assustados de um lado para o outro buscando refúgio. Segui atirando e influenciando os outros dudes, já que eu era o manda chuva do grupo tinha que ficar na frente. Os tiras começaram a reagir, porém estavam em minoria, ainda assim persistiram, caras idiotas. Agindo assim só saciam a minha vontade de matá-los.
Por usarem armamento pesado conseguiram nos atingir, e para alguns foi fatal.

- Douglas, acione o comando para que o próximo pelotão entre em ação!

- Está na hora, explodam tudo! - assim ele fez.

Estava tudo correndo bem, já estávamos quase no fim. Agora nos resta catar o dinheiro e sair fora.
As explosões começaram. Nossa, tinha até me esquecido de como era o barulho dessas coisas. Todos colocaram tampões de ouvido. Montamos guarda frente ao estacionamento. Alguns minutos depois tudo já havia sido despedaçado, inevitavelmente casas desmoronadas, lojas, vidros quebrados e pessoas feridas, algumas delas embaixo dos escombros. Meu humor tinha sido afetado

- Peguem todo o dinheiro - ordenei - E vamos embora!

- O que foi cara?- Douglas pôs a mão em meu ombro - Tudo saiu bem!

- Talvez para nós, mas para essas pobres pessoas...

- Corruptas e tão sujas quanto nós!

Ignorei, pois não pensava assim.

- Andem mais rápido com isso!

Ouvi barulho de sirene se aproximando com velocidade.

- Eles chegaram, demoraram mas chegaram.

- Mas ainda falta um carro!

- Vamos, daremos cobertura, tratem de limpar esse carro.

O tiroteio começou novamente, varias viaturas chegavam aos montes.

- Paulo, a gente não vai dar conta, estamos em minoria agora.

- Pare de ser cagão Douglas, seja homem!

- Não foi você quem disse para não machucarmos as pessoas? Se entrarmos em confronto com os tiras, vamos aumentar a quantidade de pessoas atingidas. Os dois não dá , se decide , ou salva as pessoas ou salva o dinheiro.

- Retirada! - gritei em seguida dando cobertura para os caras que estavam trazendo o dinheiro.

Aguardei que entrassem nos carros.

- Apressem-se. Droga! - resmunguei largando a arma ao ver que ela estava sem balas

- Vai Paulo, entra no carro!

Douglas continuou a atirar. Estava prestes a entrar quando algo me chamou atenção,ou devo dizer, alguém me chamou atenção. Uma garota estirada no chão, ainda agonizando com o tiro que levou. Apenas mais uma vítima. Sua pele clara e cabelos negros me causaram surpresa e encantamento, sua beleza ali por um fio. Não posso mais passar por cima do meu ser.

- Douglas, me cobre!

- Dybala, onde você vai? Entra no carro!!

O coitado não sabia para onde olhar, se para mim ou para os policiais.

- Seu filho da mãe, deixa essa garota, vamos!!

- Cala a boca e me ajuda aqui.

Justo no momento em que fui ajudar, ela apagou. Coloquei dois dedos em seu pescoço para checar. Foi apenas um desmaio.

- Abre a porta do carro.

Ele fez tudo abanando a cabeça, reprovando meu ato. Peguei a garota no colo e a coloquei dentro do carro. Douglas entrou e cantamos pneu. Missão cumprida.

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