Capitolo quarantuno

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Entrei no quarto devagar, quase não produzindo som algum, nem mesmo os dos passos, pois eu estou descalço. Fechei a porta novamente. Entreguei uma xícara com café para Aurora e me escorei no criado-mudo ao meu lado.

- Deixa eu ver se entendi bem... - disse e molhei os lábios que já estavam secos. - Ela conhecia a tua mãe, você e teu pai?
Ela apenas assentiu com a cabeça.
- Disse como a sua mãe morreu?

- A mesma velha história de sempre contada por meu pai, mas nunca algo concreto.

- Você tem influência na polícia. Se o caso foi registrado, já que foi reação a um assalto, você pode saber o que aconteceu! - cruzei os braços.
Ela ficou me encarando com a expressão pensativa.

- Como nunca pensei nisso? - balançou a cabeça.
Revirei os olhos.
- Não! - desviou o olhar. - Meu pai jamais permitirá que eu tenha acesso à esse  tipo de informação. - voltou a me encarar. - Paulo, você poderia pegar para mim!
Inclinei a cabeça e apertei os olhos.

- Ah, péssima ideia!
Ela se levantou.

- Você é gângster!
Desviei o olhar.
- O...olha, você nem precisa sair de casa ou sacar uma arma para alguém, só precisa de um telefonema para um dos seus hackers, especialistas em ilegalidades!
Neguei com a cabeça.

- Hum, hum! - tentei sair do quarto.
Aurora me prensou contra a parede.

- Por favor?

- Estamos falando de arquivos da polícia, sistema seguro, segurança redobrada talvez, é perigoso!
Pegou em meu braço.
- Não vou pôr meus homens em risco por uma coisa tão sem importância!
Sua expressão mudou imediatamente.

- Por que eu ainda insisto que sou importante!?
Encolhi os ombros em resposta.
- Está bem! - disse e deu um gole no café. - Acho que eu conheço alguém... - a mesma deu uma pausa e em seguida ficou muda.

- Conhece? - a encarei.
Ela desviou o olhar.

- Ah! - abriu e fechou a boca várias vezes. - Colegas de trabalho do meu pai, como você disse, tenho influências e até tenho amizade com alguns. Quem sabe não me ajudam? - voltou a me olhar.

Sabe quando você se arrepende de ter dito algo que não devia? Aurora tinha essa mesma energia.

- Faça isso, peça à algum de seus amigos! - sorri se canto. - Quem sabe alguém sinta pena ou talvez se canse da sua insistência!

- Quer dizer que posso te vencer pelo cansaço?

- Faça isso e te passo uma bala nos miolos!

- Aonde você vai?
Continuei andando.

- Ao banheiro! - disse simples.

- Mas tem banheiro no seu quarto!

- Estou com vergonha!

Passei da porta. Encontrei Douglas e Alex sentados no sofá, comendo enquanto viam televisão.

- Douglas, sabe quando o Andrea e a esposa dele estarão na boate novamente?

- No próximo sábado, eu acho. - ele me encarou. - Por que a pergunta?

- Talvez eu lhes dê a honra de minha presença!

- Não vai fazer nenhuma besteira, vai?

- Eu estou em desvantagem, acha mesmo que eu seria tão idiota?

- Eu posso responder? - Alex levantou a mão.

- Afinal... O que é que está acontecendo, alguém pode nos dizer?
Olhei para Aurora. Ela assentiu.

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