- Seu estado de saúde é bom, está se recuperando bem! - o médico dizia enquanto anotava no prontuário. - Mais tarde voltarei para lhe medicar, passar bem. - assentiu e em seguida saiu.Ainda de pé, coloquei as mãos no bolso e a encarei.
- Se importa de ficar aqui um pouco? Não quero passar horas sozinha, isolada em um quarto de hospital.
- E o seu pai?
- Já disse, ele não virá!
- E porque ele não virá? Tem algo mais importante do que uma filha baleada em um hospital?
- Talvez para um pai atencioso não, mas isso não cabe ao meu pai.
Acho que arqueei as sombrancelhas.- Sua mãe talvez?
- Quem dera ela estivesse aqui... - sua expressão mudou de irônica para triste. - Antes que me pergunte, minha mãe faleceu a muito tempo - seu olhar se perdia no chão. - Eu era uma doce garota. - voltou a olhar para mim.
- Não é mais uma doce garota?
- A vida se encarregou de me mostrar que doçura não basta para viver no mundo e também o amor - suspirou - Alguns apontam esse sentimento como o melhor mas na verdade ele é o pior de todos, só que o ser humano é idiota demais para entender. - sorriu pelo nariz - As vezes acho que sou um E.T - ela sorriu para mim e revirou os olhos, de uma forma engraçada.
- Parece que vai ficar dias aqui. - dei uma observada no local atingido, agora enfaixado.
- Não diga isso nem brincando. - sorriu novamente - Ai!
- Se sente bem?
- Ainda dói um pouco, só isso. - dizia tudo com um sorriso nos lábios. - Então, Paulo, o que fazia no centro na hora do tiroteio?
- Ainda cismada comigo! - balancei a cabeça e molhei os lábios involuntariamente - Para sua informação, mocinha, eu estava apenas de passagem.
- De qualquer forma, eu te agradeço, mesmo que fosse um marginal - piscou para mim -
- O que foi? - perguntou notando a minha atenção voltada para seu abdômen.
Olhou para o ferimento que sangrava.- Ah, meu Deus!
- Não, não ponha a mão. - fui até ela.
Sua voz era de medo:
- Será uma hemorragia?- Fica calma, pode ser apenas uma abertura ou apenas calor.
- Hum rum - assentiu com nervosismo.
- Vou chamar o médico, não se preocupe!
Saí do quarto e fui à procura do médico responsável por Aurora. Rodei aquela droga de hospital e nada. Já tinha até gravado a planta na minha cabeça, acho que até os nomes dos pacientes.
- Com licença!
"Filho da puta", pensei.
- Preciso que o senhor venha comigo, tenho uma paciente com problemas.
- Só um instante.
- O instante que o senhor precisa vai ter no caminho que não é curto, pelo contrário - sorri cinicamente.
Acho que amedrontei o coitado.
- Sim, vamos!
O encarei e fiz sinal para que ele passasse. Chegamos no quarto, ele entrou, trocou o curativo e deu um medicamento para ela enquanto fiquei escorado nas ombreiras da porta.
- AURORA- um idiota passou correndo pela porta.
Não só pela porta mas por mim também,quase me pisando.
- Meu amor, como você está?
- Estou bem, Álvaro. Para quê tanto alvoroço?
Nome de baitola. Sorri comigo mesmo.
- Ela está bem, foi apenas o calor.
Assenti para o doutor.
- Obrigado!
Continuei sendo...Eu. Olhei o relógio de pulso e estava mais que atrasado.
- Preciso ir. Os gastos dela ficam por minha conta,entendido?
- Perfeitamente.
- Ótimo, não quero que ninguém saiba, absolutamente ninguém.
Retirei um bolo de dinheiro do bolso e entreguei para o safado.
- Metade é pelo teu silêncio, cuide bem dela. - apertei seu ombro e saí.
Agora eu tinha uma mentira para inventar, já que estava meia hora atrasado para uma reunião com o Andrea. E não podia nem dizer que estava dormindo porque, infelizmente, era na minha casa. Pensa Paulo, até que você está se saindo bem nas mentiras e nos rolos também. Entrei no carro e cantei pneu.
Abri a porta e todos me olharam.- Está atrasado, Dybala! - Andrea disse.
- Esqueci completamente.
"meu Deus!"
- Sente-se!
Me sentei.
- A mim você não engana. - disse o querido Douglas.
- Nem mesmo estou tentando.
Olhei para ele, que balançou a cabeça e sorriu.
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𝙻𝙰 𝙹𝙾𝚈𝙰 💎 𝙿𝙰𝚄𝙻𝙾 𝙳𝚈𝙱𝙰𝙻𝙰
FanfictionPaulo Dybala é um gangster com espírito de vingança que encontra sua obsessão em uma garota que vai contra tudo o que ele já viu. Uma história com muitas mentiras onde a verdade tende a ser decepcionante.