Capitolo trentanove

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Acordei mais cedo hoje, mais cedo que o próprio Paulo. Fiquei refletindo sobre a minha vida enquanto olhava para aquele teto branco e bem limpo do quarto impecável. Me levantei por fim, lembrei de que precisava ir para casa e que ontem não é hoje, ou seja, o prazo de cavalheirismo do Dybala já se esgotou.

- Aurora?
Paralisei de medo quando uma voz sonolenta e grave chamou por meu nome.

- Devia avisar quando vai abrir a boca! - me virei com a mão no peito esquerdo, tentando conter meus batimentos disparados.

- Como vou avisar que vou falar sem falar?
Sorri.
- Ainda é cedo, sabia?

- É, e daqui a pouco se torna tarde, até de mais!

Peguei meu vestido que se encontrava sobre uma cadeira.

- Teu pai está em casa? - disse e se ajeitou nos travesseiros.

- Não, ainda não. - vesti o vestido e fui até o Paulo para que ele fechasse o mesmo.

- E tem que ir? - pôs as mãos no zíper.

- Não sei, me diz você se eu tenho que ir?- ajustei o vestido no corpo enquanto ele subia o zíper.

- Ih, já conheço esse truque! - fechou e voltou a se deitar.

- Que truque, Paulo? Não tem truque! - me abaixei para pegar meus saltos (mas não estavam ali). - Mas se não precisar de mim, estarei em casa esperando o meu pai, pois ele precisa! - me levantei virando-me para ele. - Pode me emprestar o celular? Moro longe daqui e preciso que me peguem!
Ele ia falar algo, mas não deixei.
- Eu vou pagar, não se preocupe!
Ele esviou o olhar de mim por alguns segundos, voltando a me encarar com desprezo nos olhos.

- Por que está fazendo isso, é algum tipo de costume feminino?

- Não, mulheres de verdade não costumam fazer as idiotices que eu faço, só estou tentando não me culpar mais, lidando com as minhas consequências.

- Que diabos de consequências?

- Das minhas escolhas, Paulo! - molhei os lábios involuntariamente. - Eu jurei à mim mesma não olhar na sua cara e olha onde eu estou! - abri os braços. - Acha que estou sendo um exemplo de algo a não ser de trouxa?
Ele ficou calado e sem expressão .
- Eu não quero ir, e você não me deixa ir. - bufei. - Literalmente!

- Acabou o discurso?
Revirei os olhos.
-Belas palavras! - disse debochado e aplaudiu.
Respirei fundo.

- O celular, por favor?

- Não era mais inteligente pedir que eu te levasse?

- Não é necessário! - dei as costas e ultrapassei a porta do quarto.

- Sabe que não sai daqui se eu não quiser, não é mesmo?
O ignorei e continuei andando.
- É a prova viva disso!

- É, eu sei - entrei na sala avistando minha sandália. A peguei e me sentei no sofá para calçar-las.- Será que pode me deixar sair? - me levantei. - Por favor!

- Bom dia! - Douglas apareceu na porta de seu quarto que ficava no corredor.

- Ah, Bom dia! Será que poderia me emprestar seu celular?
Ele juntou as sobrancelhas.
- Preciso chamar um uber! - sorri de canto.

- Eu te deixo em casa! - disse fofo e sorridente.

- Não se atreva! - Paulo disse autoritário.
Revirei os olhos.

- Homenzinho chato! - resmunguei baixinho.

- Eu ouvi isso, amor! - debochou.

- Cara, ver a tua cara de manhã é até suportável mas não acha que apenas de cueca é tortura? - Alex disse aparecendo na sala também.

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