Interrompidos

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Ouvimos um assovio, alguém entrando no estábulo.

- Mas, que merda! - Esbocei brava. - E agora?

Caleb me olhou pálido como a cera, saiu de cima de mim.

- Se recomponha e finja olhar as patas do trovão.

Caleb tirou a camisinha xingando baixo e se vestiu tão rápido que deu tempo de sermos pegos,  ele passando a escova no pelo do belo animal e eu abaixada olhando o casco.

- O que fazem aí? - Siro nos olhou desconfiado.

- Preparando o Trovão pra cavalgar. - Minha voz estava um pouco trêmula. - Estou conferindo os cascos. - Não olhei pra ele com receio da minha cara acabar me entregando.

- Caleb, seu pai o espera para um jogo de futebol. - O homem abriu mais ainda a porta do celeiro. - E Você moça, pode saindo do meu estábulo, trovão precisa se alimentar antes que saia com ele.

- Depois cavalgando, Audrey... Agora é hora do futebol. Vamos entrar.

- Claro! - levantei, ajeitando o vestido e torcendo pra que ele não achasse a minha calcinha perdida. - Até mais! - Saí correndo do celeiro rumo a cozinha de casa. - Merda!

- O que foi? - Amélia estava sentada numa das cadeiras da sala de jantar. - Você está com palha nos cabelos. - Ela apontou para a minha cabeça. - Onde estava?

- No celeiro! - Não menti, ao menos não totalmente. - Fui ver o Trovão.

- Sei... - ela fez uma careta desconfiada, levou a xicara a boca.

Me sentei a sua frente para tomar o café da manhã, chata e intrometida como é, não fechou a matraca.

- Todos resolveram ver o trovão hoje... Caleb saiu daqui as pressas para ver esse cavalo... ele deve ser muito especial!

- Ele é! É um cavalo incrível. O melhor daqui pra cavalgar.

Eu estava com a cabeça na minha virgindade que esteve por um triz.

Amélia ergueu uma das sobrancelhas.

- Sei...

- Por que você não vai brincar de bonecas com a Júlia?

- Porque já sou bem grandinha para brincar de bonecas... - Ela empinou o nariz, não sorria.

Amélia sempre atentou Caleb e sempre teve um grande ciúmes do irmão, meu primo estava sempre encrencado, ou era eu quem melava seus encontros ou era ela.

- Ta bom, prima! Desculpa, você é uma mocinha!

- Obrigada, prima! - Ela forçou um sorriso e se levantou da mesa. - Com licença!

- Amélia! - Ela voltou-se pra mim. - Eu adorei o seu pudim de limão. Você tem muito talento na cozinha.

- Obrigada... Quero ser engenheira de alimentos... E quando eu crescer, vou cuidar deste vinhedo, vou vir morar aqui com o meu marido Francês e com meus dois filhos. - Ela falava com tanta convicção que me fez ter vontade de rir.

- Não tenho dúvida disso. Você terá um futuro brilhante!

Amélia só sorriu e saiu me deixando sozinha na mesa com os meus pensamentos.

TODO MEU (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora