Caleb e Samantha

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Caleb

entrei no hospital, bati meu ponto irritado, a enfermeira que estava ao meu lado até me olhou de rabo de olho, a encarei querendo perguntar qual era o problema, se nunca tinha visto alguém de mal humor na vida.

- Boa noite! - disse a enfermeira batendo o ponto assim que saí de erto dela.

Passei no pronto atendimento, peguei minha prancheta, tinha três pacientes a minha espera, os exames estavam prontos e era só analisar e dar procedimento ao tratamento.

Duas horas depois Samantha apareceu vestida de uniforme sirurgico, sorriu para mim.

- Hora do café? - Perguntei, porque estava precisando muito de um café e relaxar no refeitório.

- Estou morrendo de fome. Não deu pra almoçar e acabei de assistir uma cirurgia de seis horas, com o Dr Kent Kennedy. - ela revirou os olhos - Eu queria saber o que aquele cara tem contra residentes. Parece até que Ele nunca foi um!

- Hum... Tenho desconfiança de que ele não trepa a um tempão. - coloquei a caneta no bolso, o Etestoscópio no pescoço, apaguei a luz da minha sala e a segui para o elevador. - E pela sua cara a cirurgia foi um sucesso, e não conseguiu por as mãos no paciente!

- Até consegui! Mas fui repreendida quatrocentas vezes. Você acha que ele não trepa? O cara tem fama de ser o maior garanhão do hospital. Dizem que todas as enfermeiras já passaram pela cama dele. - Sam riu. - E você, como vai o casamento?

- Já viu ele pegando alguém? - A encarei me divertindo. - Já escutou alguma das enfermeiras dizendo que saiu com ele? - Torci a boca. - Pelo que sei faz um ano que a esposa dele morreu, tem um filha de um ano... então você pode presumir do que ela morreu!

- Tédio! - Sam acrescentou maldosa.

Gargalhei entrando no elevador.

- Se tédio matasse... acho que mais da metade da população estaria neste hospital.

- Vamos esquecer o Dr Kent "chato de galocha" Kennedy, sim? Já esgotei a minha cota desse cara por hoje.

- Hum... quem você tá pegando? - A olhei de lado, sorri.

- Ninguém! - ela sorriu - Resolvi me dar um tempo.

- Isso é bom! - Supirei.

Saimos na área da lanchonete, sentamos e pedimos um café.

- Divide uma torta de frango comigo? - Perguntei pois ela sabe que não consigo comer um pedaço inteiro, é grande demais.

- Claro! Estou faminta. Mas, você não me respondeu...Como vai o casamento?

- Não me casei, não sei por que está me perguntando isso. - Dei de ombros, nos olhamos, passei as mãos no rosto bufando. - A verdade é que ela praticamente está no meu apartamento e está sendo muito bom, não fico tão sozinho e ela também está bem perto da universidade, então juntou ao util e o agradável, mas nem fizemos um mês de namoro e os pais dela já estão perguntando quando é que nos casamos! - Abri os braços me sentindo precionado. - Não achei que ele era tão primitivo.

- Talvez eles tenham sido sarcásticos, justamente porque vocês estão morando juntos. Pensou nisso? Você é bem dramático as vezes, Caleb!

- E porque não pode continuar deste jeito?! - Peguei meu café e puxei o prato com a torta, dei um garfo para ela e espetei o primeiro pedaço.

- Você é bem complicado, sabia? Ela disse que quer casar? - a encarei ouvindo suas palavras atentamente. - Se você não quer casar e ela não quer casar, qual é o problema afinal?

- Claro que quer! Se não quisesse nao teria jogado a conversa que foi seu pai quem perguntou quando iamos nos casar... Eu sei o que é duplo sentido.

- Talvez não tivesse duplo sentido. Você está ficando paranoico. O que me pareceu é que o pai indagou sarcástico porque ela não sai da sua casa, ela comentou com você por que achou engraçado e você está distorcendo tudo porque tem medo de se amarrar. - Sam serviu-se de mais da metade da torta. -Pede um café.

- Você não estava lá e não escutou o modo como ela falou. - Ergui uma das sobrancelhas, Sam me encarou como se dissesse que eu era teimoso. - Tá!... entendi!

- Pede logo esse café, tá!

- Susan, trás mais dois cafés, por favor? - Olhei pra Samantha arregalei bem os olhos. - Sua chata... Hoje as mulheres estão todas um purre!

- Você não passou por uma cirurgia com o Kent Kennedy.

- Ainda não... Por enquanto estou com o Dr. Moore... Oswald, seu amor... não sai da cola do Kennedy. - Fiz um bico. - Não sei o que ele quer com isso, acho que ele desistiu de ser homem e se apaixonou pelo Doutor bonitão.

- Quem não se apaixonaria? - ela sussurrou, mas eu escutei bem. - Você acha que o Oswald é gay? - ela tentou disfarçar.

- Que nada! - Fiz careta. - Ele vive dando em cima de você, não se faça de besta, Samantha... Eu ouvi muito bem ele te chamar para ir ao terraço.

- Metade dos homens solteiros desse hospital dá em cima de mim, porque eu sou a filha do diretor. - Ela revirou os olhos.

- Não é só por isso. - Sorri de lado. - Você é muito linda... sabe disso!

- Pode parar! Eu não caio mais nesse seu charminho barato! - Ela riu. - Posso ser muito honesta com você?

- Claro! - Relaxei na cadeira tomando meu café fresco.

- O Dr Kennedy mexe comigo. - Ela soltou rápido. - Ele é um carrasco, um mala sem alça, mas é lindo e um homem experiente. Estou cansada de garotos, Caleb! Nada pessoal.

- Haaaaaaaaaaaaaaaaaa... - gargalhei. - Eu sabia... Tinha algo de estranho, então você está disputando o coração do Dr. Bonitão com o Oswald!

- Caleb, para! Eu não estou disputando nada com ninguém.

- Há... Obrigado! - Disse fazendo cara de nojo, igual a um gay. - Também não queria essa boceta depiladinha! - Joguei os cabelos que não tinha para trás, rimos. - Eu só acho que deve tomar cuidado... Se a fama dele já não é lá aquelas coisas, melhor você o conhecer primeiro, ver qual é a dele antes que se entregue e se quebre.

- Não vou me entregar a ninguém! Eu só tenho uma queda por um cara mais velho.

- Está certo... Boa sorte, e se casar com ele me chame para padrinho. - Sorri amável para ela. - Vamos voltar ao nosso turno... eu vou até as 14h, e você?

- Eu acabei de encerrar. Vou tomar banho e ir pra casa. A propósito ligue pra sua namorada. Se eu bem te conheço brigou com a moça a toa.

- E eu te dou outro conselho. - Segurei em seu braço. - No setimo andar, creche, uma menininha de cabelos castanho chamada Emmanuelle Kennedy... - Pisquei para ela. - Se quer conquistar, comece pela filha. - Dei um beijo em seu rosto e entrei no elevador sozinho, pois para ir a creche era outro elevador.


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