Capítulo 2

11.1K 1K 71
                                    

- Linda, o que houve? - Pergunta minha irmã.

- Nada. Eu estou bem. - Minto. - Só um pouco cansada.

- Vai se deitar um pouco antes do jantar. - Diz beijando meu rosto. - Daqui a pouco te chamo.

- Obrigada. - Agradeço.

Quando entro no quarto que compartilho com Francine, me jogo em minha cama, e deixo as lágrimas rolarem.

Não sou um monstro que está chorando porque não quer um bebê, estou triste pois sei que minha família acabará sendo prejudicada por minha culpa.

Não sei porque, mas tenho uma sensação estranha, que ainda verei Tom novamente. E não será um encontro agradável, ou amigável.

Minha mente vagueia para o passado novamente.

Quando escutei aquela voz grave que atendeu a ligação, eu não sei ao certo o porque, mas meu corpo tremeu do mesmo modo como acorreu no restaurante, quando o desconhecido ficou me encarando.

Eu sabia que deveria desligar, mas a curiosidade falou mais alto.

Quem estava do outro lado da linha era o homem do restaurante.

Quando minha irmã e eu fomos embora, ele mandou seu segurança nos seguir. O mal educado pelos menos poderia ter nos dado uma carona, mas preferiu nos seguir de longe, enquanto estávamos na chuva.

Tom quis marcar um encontro comigo, mas não aceitei.

Não o conhecia para aceitar um convite de um estranho para jantar.

Fiquei horas tentando imaginar o que se passava na cabeça dele, para mandar alguém nos seguir, depois me mandar flores, e me chamar para jantar.

Por que alguém teria tanto trabalho com uma ninguém como eu? Não fazia sentido algum para mim.

Como ele não é o tipo de homem que recebe um não como resposta. Duas horas depois que desliguei o celular, ele apareceu na porta de meu quarto.

Fiquei tanto surpresa, como assustada.

Tom invadiu meu quarto com arrogância, isso me deixou muito irritada. Minha vontade era manda-lo embora, mas eu queria saber o motivo dele estar em meu quarto.

Conversamos por um bom tempo, mas ele não me contou o motivo daquilo tudo. No outro dia Fran e eu iríamos embora, e eu nunca iria saber o que se passava por trás daqueles olhos gélidos.

Tom insistiu que eu fosse jantar com ele naquela noite, tentei de todas as formas dizer não, mas foi impossível.

Quem saíria com um desconhecido, em um lugar desconhecido? Quem em pleno juízo mental seria louca o suficiente para isso? Infelizmente eu fui.

Depois de tanta insistência, aceitei seu pedido para que ele me deixasse em paz.

Quando Tom foi embora, pesquisei seu nome no Google. Apareceu várias reportagens falando sobre seus negócios, e sua vida agitada com as mulheres.

Havia várias fotos de Tom em eventos sociais, com lindas mulheres como acompanhante.

Fiquei me perguntando o que ele viu em mim? Estaria afim de fazer caridade comigo? Por que um homem rico, iria querer sair para jantar comigo?

Eram tantas perguntas em minha mente, mas para nenhuma delas eu tinha uma resposta.

Fran estava mais animada para o encontro do que eu mesma. Eu sentia que algo ruim iria acontecer, mas fui ingênua e não ouvi a voz do Espírito Santo me alertando.

No horário marcado Tom me buscou no hotel, eu quis desistir na hora, pois Fran iria ficar só, mas ela insistiu que eu fosse que acabei cedendo.

Tom me levou para seu apartamento na cobertura. Achei estranho, pois pensei que iríamos em um restaurante, mas ele logo me acalmou dizendo que estava cuidando de mim, para que eu não saísse nas capas de revistas no outro dia.

Ele foi muito gentil comigo durante todo tempo que ficamos conversando, mas seu olhar frio estava lá, por trás de uma névoa negra.

Já era tarde da noite, quando eu quis ir embora, pois já estava preocupada com Fran.

Foi nesse momento que Tom me beijou. Me assustei no início, logo o susto foi substituído por algo que não sabia explicar.

Tom foi o primeiro homem a me beijar, para falar a verdade foi o primeiro homem que deixei se aproximar de mim.

Enquanto ele me beijava algo em minha cabeça me mandava parar, mas outra me dizia para continuar. Eu sabia que era errado, mas não tinha forças para parar com o que estava acontecendo.

As coisas tomaram um rumo diferente do que eu imaginava para a noite.

Por uma fração de segundos me vi jogando minha vida espiritual no lixo, mas não interrompi o que aconteceu em seguida.

Me entreguei a um homem amargo e sem coração.

Meu desejo era me casar com um homem que me amasse, e só então me entregaria a ele. Meu marido seria um homem gentil e bondoso, coisa que pelo jeito Tom desconhece.

Tom foi rude, e destroçou meu coração com palavras cruéis.

Eu não merecia ser tratada como uma vadia. Por mais que eu tenha fraquejado, e deixado ele me usar, eu não merecia as coisas dolorosas que ele me disse.

Fui tão burra em me deixar levar, por atos gentis, que acabei não escutando Deus falando a meu coração que era errado o que eu estava fazendo.

Senti tanta vergonha de mim mesma, que por um momento pensei em desistir de minha vida. Mas a graça de Deus estava sempre ao meu lado, e Ele falava a meu coração, que os homens podem ser perdoados de seus pecados se, se arrependerem de coração.

Escuto a porta do quarto ser aberta, enchugo minhas lágrimas com rapidez.

Fran adentra o quarto sorrindo, mas logo sua feição é substituído por preocupação.

- Me diga o que está acontecendo Linda. - Pede. - Confia em mim.

- Papai e mamãe não irão me perdoar. - Digo chorando.

- O por que eles não vão te perdoar? - Senta na beirada da cama, e enchuga minhas lágrimas.

- Estou grávida Fran. - Digo entre soluços.

- Você está o que?! - Pergunta minha mãe da porta do quarto.

Seu rosto está pálido, e seus olhos arregalados.

Tenho a impressão que acabei com minha família. Acabei com a confiança que eles depositaram em mim algum dia.

🌹🌹🌹🌹🌹🌹🌹🌹🌹🌹🌹🌹🌹🌹🌹

Caminhos que se cruzam Onde histórias criam vida. Descubra agora