Capítulo 11

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Passei toda a noite em claro sem conseguir dormir um segundo sequer.

Não quis ser pega desprevenida de novo. Apesar da forma que ele saiu do quarto, não iria retornar tão cedo.

Pelo jeito feri seu ego de algum maneira. Mas ele que não pense que irei aceitar essa humilhação calada,  está muito enganado. Posso até ter aceitado esse casamento, mas ele não irá encostar em mim novamente.

Mas tenho medo do que ele possa fazer, sei que ele não é um homem bom, e pelo jeito não pretende ser, por isso fico receosa. Tom quando quer algo é capaz de qualquer coisa, por isso quero estar bem longe de seu caminho, e tentar ao máximo me manter afastada.

- Você está bem Linda? - Pergunta mamãe.

- Estou sim. - Forço um sorriso. - Só estou cansada pela mudança.

- Tom está lhe tratando bem?

- Sim. - Minto.

Apesar que não o vejo desde ontem a noite. Quando saí de meu quarto ele já havia ido trabalhar. Apenas deixou um bilhete avisando que seu motorista iria me levar em casa para buscar o resto de meus pertences e Jhef.

- O motorista está te esperando meu bem. - Diz papai vindo até mim com meu filho nos braços.

- Já estou pronta. - Digo. - Dê um beijo em Fran por mim.

Quando cheguei em casa ela já havia ido trabalhar. Falando em trabalho, minhas férias terminam em breve. Só espero que Tom não me proíba de trabalhar.

- Vá com Deus meu bem. - Se despede mamãe beijando meu rosto.

- Fica com Deus também. - Retribuo o beijo.

- Não demore para visitar sua velha mãe.

- Não irei. - Digo sorrindo. - Até logo mãe.

Papai me entrega Jhef que está dormindo, e pega minhas malas.

O motorista de Tom que ainda não sei o nome, caminha até nós e ajuda papai com as malas.

Ele é um homem alto, loiro dos olhos azuis. Está sempre tão sério que até dá um pouco de medo.

Abro a porta traseira do carro e ajeito Jhef em sua cadeirinha, que não estava ali quando vim buscá-lo.

Papai vem até mim e me abraça com carinho.

Meus olhos se enchem de lágrimas, mas pisco repetidas vezes para conte-las.

- Te amo pai. - Digo.

- Eu também te amo minha pequena. - Coloca meu cabelo atrás de minha orelha. - Lhe desejo toda felicidade do mundo, que Deus lhe abençoe grandemente. Lutas podem surgir, mas não se esqueça que Deus está com você, nunca se esqueça disso.

- Não me esquecerei. - Sorrio fraco.

Fico me perguntando se meu pai está desconfiando de algo, mas se ele ao menos soubesse o que está acontecendo não deixaria me casar com ele.

- Se cuida meu bem. - Se despede. - Cuide bem de nosso garotão.

- Cuidarei. - Lhe mando beijo. - Me mande notícias.

- Você também. - Diz sorrindo. - Até breve.

O motorista da a partida no carro, e começamos a caminhar lentamente.

- Qual o seu nome? - Pergunto.

Ele olha pelo retrovisor do carro, e diz:

- Jonas senhora Harris. - Diz com a voz grave.

- Nada de senhora. - Peço. - Apenas Melinda.

- O senhor Harris não iria gostar que eu chame a senhora pelo primeiro nome. - Diz.

- É claro. - Suspiro cansada.

Tenho a impressão que de agora em diante serei tratada com respeito, não por mérito meu, mas sim porque temem Tom.

Todo caminho até o apartamento de Tom é feito em silêncio.

Quando enfim chegamos ao destino final, pego Jhef em meu colo, que ainda está adormecido.

Caminho lentamente até ao elevador. Jonas caminha atrás de mim com minhas malas em mãos.

Passo a minha mão pelas costas de meu bebê, e o abraço forte.

Passarei por tudo que virá, por amor ao meu filho. Por ele enfrentarei qualquer dificuldade.

Quando enfim chego ao meu quarto, me assusto, pois tem um berço enorme ao lado de minha cama. Algumas sacolas espalhadas pelo chão.

Deito meu pequeno na cama com cuidado para não acorda-lo.

- Você demorou.

- Quer me matar do coração? - Pergunto, dando um pulo de susto.

Levo minha mão direita ao coração que está acelerado.

- Não foi minha intenção assusta-lá. - Diz Tom olhando para Jhef.

- O que são todas essas coisas? - Pergunto.

- Olhe. - Diz apenas.

Me agacho e pego algumas sacolas, e coloco sobre a cama. Abro a primeira, e dentro tem um macacão infantil de cor azul.

- É lindo. - Sorrio. - Mas não precisava se incomodar. Jhef já tem roupas demais.

- Não deixarei faltar nada a ele. - Diz. - Nunca!

- Nunca lhe faltou nada Tom. - Digo. - Posso não ser rica como você, mas nunca deixei meu filho passar necessidades.

- Nosso filho. - Me corrige com um olhar frio.

Pego outra sacola e a abro, e tem um conjuntinho de roupas para Jhef.

- Não quero que você o deixe mimado. - Digo. - Ele tem que saber dar valor as coisas. E se você começar a dar coisas a ele que não precisa, será isso que ele irá se tornar. Um homem mimado.

- Apenas quero aproveitar o tempo perdido. - Diz ríspido.

Passo as mãos pelo meu rosto, enquanto suspiro alto.

- Se você quer aproveitar o tempo perdido, não será com presentes caros que fará isso. - Retruco. - Se quer ser um pai presente o leve para passear no parque, tomar sorvete, algo do tipo.

Tom me encara mas não diz nada. Até acho estranho essa atitude dele, pois estava esperando xingamentos ou que ele me mandasse fazer algo desagradável.

- Mamãe. - Me chama Jhef ainda sonolento.

- Oi meu bem. - Caminho até ele.

- Tolo. - Estende os bracinhos para mim.

O pego em meus braços e coloco ele sentado em meu colo.

- Está gostoso o colinho da mamãe? - Pergunto sorrindo.

- Sim. - Diz bocejando.

Olho para Tom que está petrificado no lugar, ele olha para Jhef em meu colo, mas não é um olhar gélido. Pela primeira vez vejo algo de bom vindo dele, espero que não seja a última.

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Bom dia.
Tudo bem com vocês?

Um bom final de semana a todas, com as bênçãos de Deus.

Até segunda com o próximo capítulo. 🌹❤😍

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