Mascarado

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Dói, dói para caralho, foi tudo que Nicholas conseguiu pensar ao levantar da cama, agulhas grossas atravessando a área baixa de sua cintura com força. Não era um incômodo realmente muito grande, ele dormira bem, mas andar até o banheiro foi terrível de tão desconfortável.

Engraçado que era um desconfortável bom.

— Não me deixa aqui sozinho — Daniel gemeu da cama assim que o ruivo lavou o rosto. Ele balançou a cabeça.

— Já são dez horas. Vai, levanta daí.

— Você é um porre de manhã, sabia? — O menino surgiu na porta, o corpo desnudo marcado pelos lençóis e por mordidas. — Está tudo bem?

— Como você aguenta o dia seguinte?

— Bem, eu digo que é consequência de algo bom, então não parece tão ruim. — Ele sorriu, esticando-se para abraçar o namorado pelo pescoço.

— Algo bom, huh? — Fodidamente bom. — Deveríamos comer.

— Depende do que.

— Quem é você e o que fez com meu namorado baixinho?

Daniel riu, corando.

— Esse é o único momento que eu posso ser lascivo, sabia? Tipo... Dizer coisas maliciosas e não me sentir um pecador nível expert.

— Pode ser malicioso na minha presença, já que eu sou o seu namorado e fizemos umas coisas piores que isso.

— Não se esqueça de me dar esses vídeos depois. Eu vou querer ver quando for visitar sua mãe por um mês. Aquela câmera foi o melhor presente do mundo.

— Acho que eu vou querer ver todo dia, afinal. Você dança bem.

Meia hora depois estavam no sofá da sala, com as pernas esticadas e um pote de sorvete. Daniel estava encostado no braço do ruivo, ainda sonolento.

— Seu pai vai passar duas semanas longe e nós vamos fazer o que esse tempo todo?

— Nós podemos apenas ficar aqui e agir como um casal de verdade.

— Nunca conseguiremos agir como um casal de verdade enquanto as pessoas ainda morrerem — ele resmungou, melancólico. — Mataram um garoto dia desses na saída de uma balada GLS, o que os impede de fazer o mesmo com a gente?

Nada.

— Eu sei, Dani, mas... Ah, porra. Devíamos dar a cara à tapa.

— E receber a porra de uma tapa do mundo todo pelo resto da vida. — Daniel suspirou, trêmulo. — Eles vão adorar te bater e me bater até que ou nos matem ou nos separem e eu... eu não...

Saturno e o Astronauta Azul [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora