Árvore da misericórdia

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Tyler estava sentado no sofá quando Daniel chegou em casa com Lola. Era início de manhã, perto das nove, e os dois haviam passado a última hora passeando com a minúscula Poppy pelo condomínio onde os Ferreira viviam. Precisariam de um dia inteiro para conhecer todo o lugar.

Daniel sorriu ao encontra-lo.

— Ei, cara, você está bem? — O baixinho bagunçou seus cabelos curtos. — Está pálido.

— Eu estou acordado numa manhã de domingo.

— Ele não dorme bem no sábado — sussurrou Lola, esticando-se para beijá-lo no rosto.

— Percebi isso ontem! — quase gritou Daniel. Descobrira na noite anterior que a amiga gostava de berrar quando Ella e Vitor não estavam. — E nem foi porque eu quis!

— Galera, minha mãe tá no cômodo ao lado.

— Como se ela não soubesse que você transa.

O brasileiro abraçou o próprio corpo e olhou para baixo, estranhamente quieto. Tyler era sempre o amigo bem-humorado que estava à procura de uma piada ridícula para contar, mas, ao menos naquela manhã, estava apático.

— O que você tem, Ty?

— Nós deveríamos ir para aquela maldita piscina. — Crispou os lábios. — Está quente.

— Eu não trouxe roupa de banho — reclamou a garota.

— Metade do meu armário está tomado por coisas suas. Tenho certeza que tem alguma roupa de banho.

Lola desistiu, balançou os ombros e correu escadas acima, deixando os dois garotos ali sozinhos. Ela dormia ali tantas vezes que qualquer dia apareceria com mala e cuia para uma mudança — não que o brasileiro fosse reclamar.

— E você ainda não a pediu em namoro? — Daniel riu, de braços cruzados.

Tyler abriu e fechou a boca algumas vezes, sem uma resposta. Era um garoto desejado na escola, assim como grande parte do time, mas nos últimos meses... Bem, o garoto não ia dizer que Lola não era simplesmente incrível.

— O que foi?

— Nada, eu... eu não sabia que era tão óbvio.

— É que você olha para ela do mesmo jeito que o Nicholas olhava para mim. — O garoto deu um sorriso. Nick tinha uma expressão leve sempre que virava-se para ele, por vezes com um sorrisinho fino, outras mordendo os lábios. — Tente. Leve-a para jantar hoje.

— Por que ela aceitaria namorar comigo? Nós somos...

Saturno e o Astronauta Azul [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora