Daniel sentia o suor escorrer pela testa enquanto tremia para ligar a televisão para a irmã. Se Melissa não estivesse ali, encarando-o com inocentes olhos âmbar, já teria desabado em lágrimas.
Poppy soltou um resmungo deprimido.
— Dani... — a menina chamou-o docemente. — O que é veadinho?
Ah, merda, não.
— Oi?
— Ele disse que você é veadinho. O que é? — insistiu.
O garoto respirou fundo e ajoelhou-se na frente dela, pegando suas mãos.
— Sabe quando o papai diz que ama a mamãe e ela devolve com um beijo? — Mel aquiesceu. — Eles são um casal hétero... e eu sou gay porque meu casamento não vai ser dessa forma, entendeu? Veadinho é um xingamento para gay.
— Como assim? — Ela franziu a testa.
— Ahn... Sabe o Nick? Ele não é só meu melhor amigo... É meu namorado também, Mel. Eu sou gay, porque gosto de garotos como ele e não de meninas.
— Ah... Então um gay é um menino que gosta de meninos? Só isso?
— É... Basicamente.
— E por que você está chorando?
Daniel abaixou a cabeça e puxou-a para um abraço. Não parecia mais tão complicado agora que sua irmã pequena sabia.
— O Nick é seu namorado mesmo? — perguntou ainda agarrada a ele. Não parecia querer soltar. — Tipo... vocês se beijam e tudo mais?
— Sim, Mel. Nós nos beijamos e tudo mais.
— Hm... sempre achei bonitinho como ele te chamava de baixinho e sorria para você. Parecia que... ele te amava como o papai ama a mamãe.
— Era a maneira dele de dizer isso. — Suspirou. — Vem, vamos terminar de ver o filme.
Daniel deitou a cabeça da irmã em suas pernas, alisando os cachos abertos que caíam em suas costas. Melissa era a coisa mais doce que conhecia, e estava grato por sua aceitação.
— Quando vocês casarem... eu posso levar as alianças?
— É claro que pode. — Mesmo que eu não tenha certeza agora.
— Com um vestido florido? E sapato branco?
— Com um vestido florido e um sapato branco, sim. — Sorriu.
— Mesmo?
— Mesmo, mesmo.
A menina gargalhou e chacoalhou as pernas divertidamente. Daniel acompanhou-a com uma simples risada, levantando a cabeça para ver a televisão. O filme estava no final.
— Quando você começou a namorá-lo?
— A senhorita está curiosa, huh?
— É porque eu acho bonitinho.
O garoto encolheu os ombros.
— Olha, eu vou te contar uma coisa que você precisa me prometer, tá? — Mel virou-se e balançou a cabeça. — As pessoas vão contar muito que gays são ruins e que vão ferir a família e... tenta sempre lembrar que o seu irmão é gay e que ele não tá aqui pra destruir nossa família, tá bom? Que eu te amo, tá?
— Eu sei que você me ama, Dani. E eu prometo que ninguém vai falar mal de você. — Mel levantou a mão, sorrindo.
Daniel beijou-a no rosto.
— Muito bem, bebê.
Contanto que você e vovó fiquem do meu lado, ficarei bem.
A fechadura da porta rodou, e foi como se o mundo tivesse caído.
Gregor encostou-se à ombreira.
— Vá para seu quarto, sim? — o garoto sussurrou para a irmã pequena. Melissa correu para fora, escapando do pai. Daniel virou-se para ele. — Pai...
— Não. — Gregor levantou a mão grosseiramente. — Eu não quero ouvir nada. Quero você calado.
Ele engoliu a contragosto.
— Você tem uma hora para sair dessa casa.
Daniel sentiu o coração parar.
— Pai...
— Calado! — gritou. O chão tremeu. — Uma hora.
Um hora.
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Saturno e o Astronauta Azul [COMPLETO]
Novela JuvenilNicholas é um garoto prodígio. Mais alto, mais bonito e mais inteligente que os outros de sua idade, pivô do time de basquete da escola e orgulho do pai exigente. Ele segue para ter o ensino médio perfeito, sem pedras no caminho. A não ser uma: Dani...