Elliott fechou a maleta de primeiro-socorros com um baque mudo. Nicholas olhou para baixo ao sentir a ardência nos cortes ainda abertos, com as mãos da mãe massageando seus ombros.
— Eu posso dormir com você hoje? — perguntou baixinho. Juliet balançou a cabeça.
— Você nem devia perguntar.
— Vai precisar colocar gelo nesse olho e lavar os cortes o tempo inteiro — Elliott comentou, observando a esposa colocar o filho no ombro. — Mas provavelmente vai ficar com cicatrizes.
— Já estou acostumado a essa ideia. Obrigado, Elliott.
Juliet deixou-o sozinho por poucos minutos e retornou para o quarto com o pijama de sininhos de natal de anos antes. Ela deitou-se ao seu lado na cama e ergueu o grosso cobertor até os ombros.
— Eu sinto muito. Deveria estar lá para ajudá-lo.
— Está tudo bem. Talvez eu precisasse de uma surra.
— Nick...
— Está tudo bem, mãe, sério. Eu estou aqui agora, um
pouco ferido, é verdade, mas nós sempre precisamos voltar para casa.
— Não dessa forma. Não sozinho.
— Estou acostumado a ficar sozinho.
Nicholas esticou-se para deitar no peito dela, com os olhos quentes. Estava realmente de volta em casa, de volta para a mãe e seus incríveis olhos azuis, mas não era como se estivesse inteiro. Um pedaço seu ficara em Cahi.
Acordou com Juliet ainda ao seu lado, enrolando mechas de cabelo nos dedos tatuados. Sua mãe tentou sorrir.
— Como se sente?
— Com fome. — Esticou as pernas e sentou-se na ponta da cama. — Eu pareço uma criança chorando para dormir na cama da mamãe.
— Não que você tenha feito isso quando era uma criancinha.
— Nunca fui de chorar muito, não é? Sempre ouvi sobre isso. Eu nunca pude chorar de verdade.
— Você pode agora, não? Mesmo que pareça difícil ou... Enfim. Você pode chorar até encher a casa e nós ficaremos bem.
Ele respirou fundo e esfregou o rosto. Ardeu.
— Eu me sinto à parte disso aqui.
— Nicholas...
— Cheguei agora, mãe. Ainda vou demorar a me acostumar com... essa coisa de ter uma família.
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Saturno e o Astronauta Azul [COMPLETO]
Ficção AdolescenteNicholas é um garoto prodígio. Mais alto, mais bonito e mais inteligente que os outros de sua idade, pivô do time de basquete da escola e orgulho do pai exigente. Ele segue para ter o ensino médio perfeito, sem pedras no caminho. A não ser uma: Dani...