Paraíso

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Uma semana depois, Daniel ainda acordava com uma bizarra falta do melhor amigo em sua cama. E, uma semana depois, ele estava se preparando psicologicamente para voltar para a escola.

A febre pelos dias de jejum fora uma boa desculpa por um tempo, mas agora Luci obrigava-o a levantar e fazer as últimas provas. Isso também o fazia lembrar que em poucos dias Nicholas teria quinze anos.

Ele estava esperando do lado de fora da casa, sentado no muro baixo. Daniel apertou as mãos ao se aproximar dele.

— Bom-dia, raio de sol. — O loiro piscou. Chamava-o daquela forma algumas manhãs.

— Por que raio de sol de novo?

Ele apontou para o céu sobre suas cabeças. Abria em azul, cortado pelas fortes vigas amarelas.

— Dourado.

Daniel não entendia nada sobre cores, mas se lembrava de o avô ter falado sobre dourado significar luz e magnitude e... Bem, de dizer que os olhos de Luci tornavam-se daquela forma pela manhã.

Foram calados o caminho inteiro, apenas encarando os pés. Talvez a pior parte de tudo aquilo fosse saber que nunca poderiam se tocar na rua.

Lola estava sozinha no pátio, trançando as pontas dos cabelos. Ela mordeu a boca ao ver os dois garotos.

— O que eu perdi?

— Ahn... Nada.

— Aham, tá. — Santiago revirou os olhos e pôs-se de pé. — Veja só, eu já sabia que isso ia acontecer, mas... Bem, pensei que fosse demorar.

— Não fala isso alto. — Nicholas corou. — Sabe que pode dar merda.

É claro que vai dar. Eles vão me bater e até me matar e ou te perseguir ou dar parabéns por ter conseguido me foder.

Fizeram dupla na aula de biologia, Nick dormiu com a cabeça em seu ombro na de física e impediu-o de ficar no banheiro sozinho durante o intervalo. Por algum motivo, Paul encarou-o profundamente através do espelho até que o loiro notou, então abaixou a cabeça e não disse nada.

Na saída, ele passou o braço por seus ombros e esfregou seus cabelos. Do outro lado da rua, uma mulher gritou.

— Você conhece? — Daniel apontou para ela, que acenava.

— É a... Minha mãe, porra!

Nicholas atravessou a rua correndo, e o menino precisou esperar alguns carros para poder segui-lo.

Juliet era uma versão mais estreita e sorridente do filho, com um pouco menos de sardas e cabelos platinados que iam até a linha da cintura. Ela usava negro e tinha os braços fechados em tatuagens coloridas.

Saturno e o Astronauta Azul [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora