Perseguindo carros

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O relógio no criado-mudo batia três da tarde quando Daniel acordou nos braços do namorado, com duas camadas de cobertores sobre seu corpo. Nicholas esticava os braços sob ele, de olhos fechados.

— Bom dia, raio-de-sol.

— Você fica bem gay pela manhã. Eu adoro isso.

Nick riu, puxando-o pelos quadris para cima. Não era uma boa ideia ficar numa cama com aquele ruivo logo ao acordar.

— Mal abri o olho e você já está com a mão na minha bunda? Deveria supor algo?

— Já disse que gosto dela.

— Percebi. Ela está ardendo por causa da noite inteira. — Dani revirou os olhos e ergueu o peito, chacoalhando os cabelos. — Deveríamos reversar de novo. A contagem está desigual.

— Eu descobri que gosto para caralho de reversar.

— Caras, não na frente da minha salada. — A cortina foi aberta com força, e a figura gigantesca de Jacob surgiu antes da delicada de sua namorada. Cada um segurava um prato. — Nós precisamos ir para casa. Já são três horas, minha competição é em poucos dias e a mãe vai nos matar se não chegarmos antes das cinco.

— Mas eu estou gostando daqui.

— Não que eu me importe muito, Nick. Nós realmente temos de ir.

Nicholas rolou os olhos e ergueu o tronco, apoiando-se nos cotovelos. Jake mordeu o garfo.

— Vocês podem sair? Nós...

— Já entendi. — Sally levantou as mãos. — Vamos. Apareçam lá embaixo em meia hora.

Demoraram um pouco mais, mas apareceram e chegaram à casa dos Valentine-Hoster antes das cinco. Elliott e Juliet dormiam abraçados no grande sofá, com suaves pijamas.

Juliet foi a primeira a abrir os olhos para encontra-los.

— Parece que todo mundo andou fazendo bebês essa noite. — Ela esfregou um olho, encarando os quatro adolescentes na sala. — Não arrumaram os quartos ontem. Podem ir subindo.

— Mas, mãe...

— Nicholas, mamãe não está pedindo. Mamãe está mandando.

O ruivo revirou os olhos e puxou o namorado para o andar de cima, no vazio quarto sem qualquer foto. Numa época distante, Nick era apaixonado por fotografia graças ao talento da mãe. O garoto nem sabia onde aquelas fotos todas haviam ido parar.

— Você não quer ligar para o seu amigo, baixinho? Ele deve estar sentindo a sua falta.

— O seu também. — Apontou para o quadro do time da baquete, puxando o telefone do gancho. Seu namorado cruzou os braços e sentou na cama.

— Coloque no viva voz. Eu quero ouvir a voz dele. Talvez seja por isso que você o ama tanto.

— Estamos mesmo discutindo por ciúmes?

— É. Namorados fazem isso.

Padre Owen demorou um pouco para atender. Nicholas encarou o telefone no viva voz.

— Minha mãe não liga à tarde, então, olá, Daniel.

— Olá, padre. — O menino riu. Nick ergueu uma sobrancelha. — Você está bem?

— Eu sempre estou bem, meu filho. — Me chama assim de novo. — Encontrou o que procurava tão longe?

— Encontrou. Como pensei. — Melhor. — Bob ainda está aí?

Saturno e o Astronauta Azul [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora