Saturno e o Astronauta Azul [COMPLETO]

Vênus

Nicholas deu duas batidas no ombro do pai depois que ele fechou a gravata. O sol brilhava do lado de fora, as flores no jardim era brancas e amarelas e o garoto se perguntou como diabos o casamento do próprio pai parecia um conto de fadas.

Ele saiu do quarto quando o grupo de amigos de Matt entrou com garrafas de uísque aos gritos. Lia estava em algum canto por ali, mas os convidados já chegavam e ele precisava achar o namorado. Não o via por dois dias.

Daniel estava na quinta fileira com a família, num terno azul claro com o paletó atirado num ombro. Nicholas vestia-se de preto, o que não era nada novo, e sorriu ao encontrar o baixinho.

— Seu pai já está pronto? — Gregor perguntou após um breve abraço.

— Sim, eu acho. Ele deve estar descendo.

Ele ajoelhou-se na frente de mama Luci para que ela beijasse-o e arrastou o namorado para fora do jardim com o argumento que precisava encontrar Lia e as madrinhas. Daniel saltitou atrás dele até que estavam no outro lado da pousada, no morro que descia para a praia.

— É o único momento que teremos para conversar até o fim do dia. Matt exige que eu fique na cadeira à sua esquerda como um filho exemplar.

— Mal posso esperar para Lia engravidar e a gente poder se livrar dessa sua obrigação.

— Imagine como eu me sinto. — O ruivo sorriu. — Isso me faz parar para pensar que em dois anos nós vamos morar com a minha mãe, lá na puta que pariu, longe de tudo isso.

— Acha que vai ser mais fácil? — O menino tinha um olhar duvidoso.

— Em alguns aspectos, sim. — Sabia o quanto podia ser difícil. — Juliet é muito tranquila com tudo, ama você, e o meu padrasto é capaz de colocar uma bandeira arco-íris na sala assim que chegarmos. — Daniel riu baixinho daquilo. — E o Jake... Bem, ele é o Jake e isso já é suficiente.

— Eles são tão legais que nem parecem reais.

— Você também não parece real. — Você quebra Hobbes por completo. — E mesmo assim estamos aqui, juntos há um ano.

— É ridículo pensar que você ainda tentava me convencer que gostava de garotas.

— Não é como se você fosse muito diferente. — Ele rolou os olhos. — Ficou de doce por meses.

— Eu não queria entrar num rótulo, mas agora eu gosto dele. — Daniel balançou a cabeça e tocou-o no rosto por reles segundos, ciente que estavam a poucos metros de seus pais. — Eu tenho um pouco de medo da faculdade.

— Por que está me contando isso agora?

Ele olhou para o mar agitado.

— Porque eu só analisei agora. Quero ir com você para o norte porque... Bem, sinto que lá não vou ser perseguido pelo medo constante de ser descoberto pelo meu pai ou pelo seu, mas... um país diferente, uma língua diferente e uma família diferente? Isso não assustou você no início?