Diamantes

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— Você está mesmo bem com o fato de eu estar com um cara, mãe? — Nicholas perguntou ao rolar para fora da cama. Daniel resmungou pela falta do loiro sob seu corpo, mas não acordou e virou para o outro lado. Era o quinto e último dia que dormiam no hotel com Juliet e Matt ainda não perguntara por que estava tão fora de casa.

— Por que não estaria? — Ela tragou um pouco do cigarro em seus lábios. A fumaça dançou ao redor do garoto, chamando por ele. — Não é algo que você possa mudar, filho.

— A maioria das pessoas diria que sim porque eu namorei a Greer.

— Por isso existem os bissexuais, e você é um. Nasceu com você do mesmo jeito.

— Meu pai vai me matar. — Aquela era a pior parte. Matthew poderia aceita-lo fora de casa todas as noites, fodendo aos doze anos e até mesmo engravidando alguém, mas, caso desconfiasse do que ele e Daniel eram... Bem, a morte parecia o mais leve.

— Seu pai é um hipócrita do caralho. Ele não tem voz aqui.

Juliet atirou o resto do cigarro no lixeiro e entrou no banheiro. O quarto de hotel era pequeno, com uma minúscula cozinha e duas camas de casal no que deveria ser a sala. Com a permissão ignorante de Luci, aquilo havia se tornado uma casa para os dois garotos.

— Toma. — Sua mãe voltou com uma pequena caixa. — Guarde até que eu vá embora.

— Por quê?

— Porque eu estou mandando. E acorde o pequeno, vocês têm aula.

Daniel virou as costas para ele quando tentou acordá-lo, encolhendo-se na cama. Nicholas deitou sobre ele.

— Anda, anda, anda!

— Mais um pouco, mãe — ele sussurrou, inconsciente.

— Eu não sou sua mãe! Anda, Dani. — Apertou-o nos ombros, balançando-o de um lado para o outro. — Eu tenho sorvete de flocos.

— Disse flocos? — O menino abriu os olhos âmbar. O sol incidia neles.

— Hey. Nós temos escola.

— Mas não vai ter fantasias hoje, e eu gosto delas.

O Halloween havia sido três dias antes, na sexta-feira. Daniel se vestira de Jigsaw, quase matando a mãe do coração, e Juliet maquiara o filho como um elfo alto demais até para Tolkien. Tinha sido o melhor de quinze aniversários para Nicholas.

— Bom-dia, baixinho.

— Bom-dia, girafa. — Ele coçou os olhos e bocejou, erguendo o tronco. A blusa vermelha do loiro caía para além de suas coxas. — Onde está sua mãe?

Saturno e o Astronauta Azul [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora