O Garoto do Carro (Romance Gay)

Capítulo 54 - A história de Isac

LEANDRO

Eu apenas vejo, o Paulo foi longe demais, eu vejo o vídeo, acompanho com o olhar o Matheus sair correndo, observo a discussão e as palavras de Jamily.

Quero agir, quero ir atrás do Matheus, quero está com ele, quero dizer o que sinto, mas, não posso. Preciso ficar quieto. O Zeca conseguiu marcar um encontro com o Isac e segundo o Zeca, o Paulo estará acabado assim que o Isac abrir a boca.

O Zeca não me contou porque esse garoto é tão importante, mas algo me diz que tem coisa muito pesada vindo por aí.

Não vejo as aulas passarem, nem ouço os murmúrios sobre o vídeo durante o horário escolar. Não me importo. A única coisa que me dói é quando vejo Matheus entrando na sala e todo mundo o olhando.

As meninas ficam quietas, mas os garotos, todos estão rindo, alguns fazem gestos, mas, o Matheus apenas os ignora.

A última aula termina e o Zeca me arrasta logo para irmos embora. A aula termina quase 13 hora da tarde e como marcamos com o Isac as 14 horas na casa do Zeca, temos que correr.

Quanto mais se aproxima da hora, mais meu coração dispara, será que vamos conseguir parar de vez o Paulo, será que vou poder finalmente dizer o que sinto pelo Matheus?

O Zeca está sendo incrível, ele foi a alegria de ter vindo para essa cidade.

Ele sai do quarto e se senta na sala ao meu lado. Ele está de short preto e camiseta branca, o que o deixa mais gostoso. Anoto mentalmente que vou apresentar ele para a Thamires.

A campainha toca e ele se levanta, quando ele fecha a porta, vejo um garoto que se parece comigo, magro, um jeito mais simples, e feições de menino e não ainda de homem.

Ao olhar, eu começo a entender tudo. Isac entra e se senta no sofá a minha frente. Ele é tímido. Isso eu já noto.

_ Bom, Isac, esse é o Leandro e ele é primo do Paulo. - diz Zeca.

Ao ouvir o nome do meu primo, Paulo se mexe e começa a se levantar.

_ Calma, ele sofreu o que você passou. E precisamos de você.

O que eu passei? O que o Zeca acabou de dizer? Então é isso! Não, não pode ser.

_ Isac, eu preciso da sua ajuda. O Paulo me estuprou e abusou de mim por um tempo, e agora, ele acabou de destruir a vida da pessoa que eu amo. Eu não pode viver desde que cheguei nessa cidade, e só acho que poderei quando finalmente o Paulo não puder mais machucar ninguém que eu amo ou a mim. Só que se eu falar ninguém vai acreditar, se o Zeca falar eles vão achar que é armação. Eu realmente não sei o que aconteceu com você, mas sei que você pode ser a peça que falta para acabar com o Paulo. Por favor, me ajude, eu só quero ser feliz.

Termino de falar e estou chorando, eu disse tudo. Se o Isac for a única saída, eu vou implorar se for necessário.

_ Ok. Eu vou contar tudo.

O Zeca me olha e Isac começa a contar.

_ Tudo aconteceu há dois anos, eu ia num clube perto da minha antiga casa, lá eu sempre fui de ficar sentado lendo e quando não tinha ninguém na piscina nadava um pouco. Nunca gostei do lugar lotado, principalmente o vestiário, eu sou gay, e na época ficar sozinho com muitos garotos me dava mais medo do que tudo. Tudo começou a mudar quando um garoto apareceu no clube, ele ia todo dia na mesma hora durante um verão, todos os dias ele aparecia e começou a me olhar, começou a reparar sempre que eu resolvia entrar na piscina. Um dia, quando eu entrei, ele também entrou na piscina e nadamos em silêncio. Naquele dia, quando fui ao banheiro do clube me lavar ele foi junto e ficou fazendo hora, ele demorou para tirar a sunga e quando tirou, ficou me olhando e sorrindo. Eu na época, fiquei sem jeito, não sabia o que fazer. Isso continuo acontecendo no dia seguinte e no outro. Então, no quarto dia, esse garoto se aproximou de mim e entrou no chuveiro ao lado do meu. E ficou lá, passando a mão nele e me olhando, isso me deixou sem jeito, eu desliguei o chuveiro e me virei para pegar a toalha. Nisso, eu...

O Isac começa a chorar, e meu coração se fecha.

_ ... eu me assustei porque ele me segurou pela cintura e eu o senti. Em meu ouvido ele disse que sabia que eu queria aquilo também, que tinha notado desde o primeiro dia. Eu não sabia o que fazer, tentei empurrar ele, mas não consegui. Ameacei gritar e ele me deu um soco nas costas e eu fiquei sem ação. Ele sorriu apenas e me forçou. Naquele dia, ele me estuprou, ele foi um monstro, porque eu não queria, eu sentia dor, e ele apenas sorria. Quando ele terminou me empurrou e eu cai no chão e bati a cabeça e me cortei. Esse menino se apavorou, vendo sangue saindo da minha cabeça, ele saiu do chuveiro e pegou o celular, e ligou, ligou para alguém. Sei que depois, ele terminou o banho e me deixou lá, sangrando e machucado. Não sei se fiquei muito tempo lá, porque eu não tinha forças pra nada. Meu corpo todo doía, eu sangrava e meu ânus também. Eu vi o sangue escorrendo de mim.

Meu estômago começa a embrulhar, esse garoto que ele falou é meu primo. Eu sei disso. O Paulo fez algo imperdoável.

_ ... só sei que o Zeca apareceu e me ajudou. Ele, olhou o corte e o limpou, perguntou se eu queria ir ao médico e esperou até que eu tomasse um banho. Me perguntou o que tinha acontecido, pois o amigo dele tinha dito que me viu com um corte no banheiro e se assustou. Mas, que ele não estava acreditando na história. Com medo, eu não contei nada, mas, eu sabia que o Zeca aqui, sabia a verdade e quis me ajudar.

Então é isso, o Paulo estuprou outra pessoa e ainda o deixou lá. Meu primo é um monstro!

_ Isac, eu sei que é doloroso, mas você poderia contar isso para algumas pessoas? Meus tios precisam saber disso. Eu também irei contar o que sofri, só assim, Paulo irá ser detido.

Isac apenas balança a cabeça e eu o abraço. Zeca me olha e vejo que em seus olhos o que vi quando contei o que Paulo fazia comigo, ele sempre suspeitou que eu não era o primeiro, e agora ele também sabe...