Capítulo 8 - O Aluno Novo

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MATHEUS

Então é isso, o auditório lotado, aquele barulho tradicional. Os gritos de reencontro, ou de agitação diante a um novo ano letivo.

Sento com Fabrício na última fileira de carteira. E começo a reconhecer os rostos de alguns de meus colegas.

Logo, o silêncio paira. O diretor Airton apareceu à frente do auditório. A autoridade que ele exerce sobre os alunos é grande. Ninguém tem coragem de contrariar o que ele fala.

_ Alunos, sejam bem - vindos. Nesse ano ...

Ao meu lado um aluno passa e eu não consigo mais prestar atenção no que o diretor está falando. O menino está caminhando devagar. De cabeça baixa, provavelmente é algum estudante novo, já que nunca o vi na escola antes.

Ele procura algum lugar e eu vendo isso, cutuco Fabrício que pula uma cadeira para o lado. Eu faço o mesmo e o garoto percebe que tem um lugar perto dele. Ele se senta e eu reparo nele. Eu o conheço, mesmo não sabendo de onde.

_ ... então um ótimo ano letivo a todos.

Já acabou? O discurso do diretor esse ano foi mais curto, ou eu que realmente não prestei atenção.

_ Vamos Matheus, sério, quero ficar naqueles lugares que ficamos ano passado. O melhor para prestar atenção e também para olhar pra fora quando a aula ficar chata.

Me levando com Fabrício e todos os estudantes. O clima de primeiro dia é leve. Todo mundo conversa com seus amigos, os professores estão sorrindo. É o clima está ótimo.

Subimos para o segundo andar e caminhamos para a última sala do corredor. Sala que é destinada para os formandos. Ainda é estranho dizer essa palavra.

Somos os primeiros a entrar na sala e escolhemos nossos lugares de sempre. É engraçado isso, aqui nunca tivemos
mapa de lugares, mas, sempre sentávamos nos mesmos lugares e isso já acontecia desde o nono ano.

_ Poxa Fabrício, imaginar que ano que vem não estaremos aqui mais. Que vamos sair da escola que estudamos por anos.

_ Eu estou comemorando. Sério, eu já estou cansado daqui. Estudo aqui desde meus 4 anos. Já não aguento mais. Tá que depois que você veio estudar aqui eu me senti melhor. Mas, mesmo assim. Quero ir embora, quero conhecer pessoas novas e ...

Fabrício para de falar e eu já até sei porque. Olho e vejo que Jamily entrou na sala. Meu amigo tem uma queda por aquela menina desde quando ela apareceu na escola no nosso primeiro ano. Mas, ela é namorada de Paulo e meu amigo sabe que não é bom ficar no caminho de Paulo, aliás, todos sabemos.

Fabrício já ficou com outras garotas, até chegou a namorar a Juliana no ano passado, mas, ele sempre me disse que seus relacionamentos não iam para frente por conta do que ele sente por Jamily.

_ Terra chamando Fabrício. Acorda!

Fabrício sorrir para mim. E eu lhe dou um soquinho.

_ Poxa, ela é maravilhosa.

De fato, Jamily é linda. Ela tem 1,56, morena clara e cabelos negros lisos. Seu rosto tem um jeito angelical. Além da beleza física, ela é um amor de pessoa. Já tive a oportunidade de fazer trabalho com ela e posso dizer, Jamily é super dedicada.

_ Aiai, sei, mas ela é namorada do Paulo.

_ Eu sei, só não sei como ela namora aquele imbecil.

Concordo com meu amigo, Paulo é o tipo de garoto que se acha o maioral, por conta das medalhas e trofeus que ele ganhou nos últimos anos, sem falar da fortuna que é herdeiro.

Paulo sendo filho dos patrões da minha mãe, sempre fingiu que nunca tinha me
visto fora da escola e eu não me importava. Nunca quis ser amigo dele.

Aos poucos a sala vai enchendo, e os lugares vão sendo preenchidos.

_ E você, quando vai me contar quem é a pessoa que você sente algo. Sério, desde que te conheço, você nunca demonstrou querer nenhuma menina, mas, às vezes te pego olhando pro nada e sei que está pensando em alguém. - Diz Fabrício.

Fabrício de fato já me pegou durante meus suspiros, só que eu nunca expliquei para ele quem é o motivo deles. Aliás, como explicar se eu nem sei quem é a pessoa?

_ Já disse que não tem ninguém. Eu realmente não sinto nada de especial por ninguém e você sabe disso. Você sabe que nunca fiquei com ninguém.

Sim, eu nunca fiquei com ninguém, devo ser o único jovem de 17 anos que nunca beijou na boca. Mas, tudo bem.

_ Eu sei, e ainda não entendo como. Já disse que você é daqueles românticos. Que espera o grande amor. Quanto eu, amo sim uma pessoa, mas curto as outras. Sério, nunca pensei que iria perder a virgindade no colégio, mas rolou ano passado. Você devia encontrar alguém, fazer sexo é incrível.

De fato, Fabrício tinha transado com uma menina que ele ficou em uma viagem de férias com a família. O engraçado é que seus pais nem imaginam, aliás, se ele não tivesse me contado não iria acreditar.

_ Ahhaha, eu ...

Aquele garoto, o mesmo do auditório, ele passa do meu lado e se senta duas carteiras depois de Fabrício. A sensação que eu o conheço toma conta de mim.

O observo se sentar, aquele rosto, aquele olhar. Quem é ele? Eu quero saber.

_ Matheus, você tá aí?

A voz de Fabrício me faz voltar a realidade. Meu amigo repara onde meu olhar estar e sorrir de canto de boca. Será que ele sabe que eu não gosto de garotas?

_ Oi, estou sim. Só me perdi no que ia falar.

Vejo que Fabrício sorrir e abre a boca para falar algo, mas, o professor de biologia aparece.

O Garoto do Carro (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora