MATHEUS
Quarta- feira, meio de semana, quando o cansaço começa a bater. Vim para a escola hoje foi difícil, ontem passei a tarde com o Otávio e só fui para casa quando ele foi para o cursinho.
Dois dias que passo a tarde apenas dando amassos com ele e chego em casa e viro à noite pondo em dia tudo que foi dado pelos professores.
Resultado, o cansaço já bate com força e logo na sexta já teremos o primeiro teste.
_ Acorda Matheus, sério, você está com uma cara. Virou à noite de novo, não foi?
É a terceira vez que Fabrício me cutuca para que eu não durma no segundo tempo de aula.
_ Foi sim, tive que ficar até de madrugada pondo tudo em dia dos exercícios. Mainha acha que preciso arrumar meus horários.
_ Já lhe disse isso ontem de noite quando me mandou mensagem. Você pode está curtindo ficar com Otávio a tarde toda, mas depois você fica aí quebrado.
_ Eu sei, é que quando ele chega aqui fica difícil dizer não para ele. Ele é tão...
_ Você já está desse jeito com ele e ainda nem transou. Imagina quando transar.
Vou responder, mas soa o sinal. A turma se anima, o terceiro tempo é aula de Educação Física, de longe a aula que mais me dar preguiça.
_ Sério, vou aproveitar esse tempo e da uma cochilada em algum canto do ginásio.
_ Sério? Hoje é dia de aula obrigatória já esqueceu?
Sim, eu tinha me esquecido. Aqui no último ano, ainda temos educação física, mas das 4 aulas que temos no mês, duas são obrigatórias e avaliativas. As outras duas, podemos optar em ficar fazendo outras atividades.
_ Putz! Ou seja, vamos ter que participar.
_ Claro né, Matheus. O professor vai chegar e vamos ter que nos trocar primeiro.
É não vou descansar. Desço ao lado de Fabrício, a turma está agitada, ainda mais vindo de uma semana e meia de intensa pressão nas aulas, só que eu, apenas quero dormir.
Entramos no banheiro do ginásio e eu acordo de vez ao ouvir a voz de Paulo.
_ Mas sério gente, não acho que ele deva usar o mesmo banheiro que nós, vocês já viram que ele gosta de macho, imagina se ele atacar um de nós enquanto estamos no banheiro.
Os garotos da turma estão o rodeando e eu entro de vez com Fabrício.
_ Deixa ele cara. O Matheus estuda com a turma desde que éramos novos e ele nunca fez nada com nenhum de nós.
Ouço o Zeca dizendo o meu nome, então é sobre mim que o Paulo estava falando.
_ Será Zeca? Eu que não quero me trocar na frente dele. E falando dele, olha a mocinha aqui.
Paulo aponta para mim e todos me olham, eu quero sumir dali. Eu sabia que algo assim podia acontecer, mas não esperava que fosse assim.
_ O Paulo está certo! Sempre desconfiei que esse aí e também me recuso de me trocar enquanto ele não sair.
O Júlio, um garoto que eu nunca conversei mais de duas palavras já concorda com o Paulo.
Me viro para sair, mas Fabrício segura o meu braço. O olho e ele me passa o olhar "você não vai sair".
_ Eu não concordo. Eu sou o melhor amigo dele e posso garantir que não tem nada disso que o Paulo está falando. Sério? Até semana passada vocês sempre se trocavam com todo mundo aqui. O que mudou?
Paulo chega perto de Fabrício.
_ Se você, não liga, garanto que é como ele. Porque é aquele ditado se você se mistura com gente assim, fica igual. É o seguinte, ou seu amigo viadinho sai daqui ou ninguém vai se trocar e vamos chamar o professor.
_ Chama! Quero ver o que ele vai dizer. - Diz Fabrício.
Eu quero deixar isso pra lá, encosto no ombro de Fabrício e digo que vou sair. Olho para os garotos lá dentro e apenas o Zeca mostra indignado. Leandro está ao seu lado, mas olha para o chão.
Me viro para sair e saio correndo, pois eu sei que isso vai ser só o começo...
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O Garoto do Carro (Romance Gay)
Fiksi RemajaEm um olhar eu encontrei o amor, em apenas uma troca de olhares eu achei quem eu esperava. Mas, quem é você?