Capítulo 11 - O Intervalo

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MATHEUS

Não comentei muito sobre os valores da formatura em sala. O Fabrício até tentou falar, mas preferi não comentar nada na sala.

Assim que recebemos os papéis com os valores e autorizações, o professor retornou e começou a falar sobre os planos daquele ano.

Eu sabia que seria assim, a pressão dos professores, da escola, da família e a nossa própria. Só quem já viveu o último ano de escola, sabe como é difícil.

_ Matheus, você está muito calado, é por conta dos valores da formatura?

Fabrício me conhece bem, então confirmo com a cabeça.

_ É sim, além disso, a pressão já começou né? Dois tempos de aula e o professor Flávio já falou do vestibular. Muita coisa na cabeça e ainda é o primeiro dia.

_ Ah Matheus, você precisa tentar relaxar. Eu sei que vai ser osso, ainda mais ouvir isso o ano todo, mas calma. Hoje ainda é o primeiro dia. Vamos relaxar. Vou na sua casa depois da aula, pode ser?

Fabrício sendo Fabrício. Mas ele não deixa de tá certo. Esse ano, vai ser longo e não podemos perder um dia ainda calmo.

_ Pode ser, minha mãe vai está trabalhando. Então se você quiser a gente almoça na sua casa e vai pra lá ou você vai esperar eu cozinhar alguma coisa.

_ Você cozinhando? Ixi! Vamos fazer o seguinte, você sobe, a gente almoça e depois vamos pra sua casa.

_ Eu cozinho bem, seu idiota.

Olho e sentado em um canto, sozinho, Leandro está. Ser aluno novo sempre é complicado. Quero ir nele, mas não sei como. Aquele olhar dele, me passa uma sensação de querer cuidar. Será que é ele? Não, não pode ser. Aquele menino que eu vi há anos, não pode ser ele.

Continuo o olhando.

_ O Matheus, oi! Terra chamando Matheus.

Fabrício me faz voltar a realidade e eu o
encaro.

_ Poxa, eu tentando falar com você e você fica parado.

Resolvo mentir; não quero que ele pergunte o que estou olhando ou pensando. Eu sei que preciso contar para Fabrício, o que eu sinto, e precisa ser logo, mas, não será ali no pátio.

_ Foi mau. Você tava certo, eu também estou preocupado com a formatura, não vou participar, mesmo ficando mais barato. O bom é que eu já tinha dito que não iria participar.

_ Sobre isso, relaxa. Só digo isso. Relaxa. Lógico que você vai participar. Você realmente pensa que vou passar por uma viagem e uma festa inteira, sozinho? Você tá louco!

_ Mas...

_ Nem começa. Ok! Deixa tudo rolar, meus pais vão conversar com sua mãe. E sim, você não vai opinar.

Aí deus, o Fabrício sempre foi assim. Sempre me arrastava para as viagens, festas, mesmo eu não tendo como ir. A verdade é que ele não é apenas um amigo, ele é um irmão mesmo.

_ Fabrício, hoje eu preciso te contar algo lá em casa.

Falo sem pensar e ele apenas para de rir e me olha.

_ Ok! Mas, não pode contar de uma vez não?

_ Melhor não.

_ Tudo bem.

Fabrício me olha sério, nunca deixei de falar algo na hora, mas seria melhor assim. Porque ainda não sei como abordar o assunto.

O alarme toca e levantamos para voltar, Leandro passa perto da gente e eu sinto o seu perfume e meu corpo treme.

_Ah, esse garoto.

O Garoto do Carro (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora