Capítulo 57 - Tudo passa pelos meus Olhos

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MATHEUS

Aquela manhã foi um borrão, eu ouvi risos, eu ouvir piadinhas, mas não estive sozinho. O Fabrício esteve comigo o tempo todo. Eu chorei diversas vezes e ele esteve lá.

Finalmente o sinal do último tempo soa e eu posso sair desse inferno.

_ Lá vai o boqueteiro da sala. O Matheus, se você quiser pode dar uma chupada que eu deixo. - Diz Vinicius.

Eu olho e vejo os garotos sorrindo e segurando a parte da frente da calça. Abaixo a cabeça, só quero sair da sala e ir embora.

_ Então, não vai rolar. O Matheus gosta de homens e não de moleques e por sinal né? Não deve ter nada aí no meio das suas pernas.

Me assusto pois a voz que diz isso é de menina, levanto o rosto e vejo Jamily ao meu lado. 

Ela me olha e sorrir, Fabrício que está do meu outro lado está parado.

Saímos os três da sala, no corredor Jamily fala que se precisar de alguma coisa ela estará sempre ali por mim.

Agradeço a ela e ela se aproxima de Fabrício.

_ Olha, acho tão lindo a forma que você trata seu amigo. Sério, você é um cara em um milhão, espero que saiba disso. 

Ela dá um beijo na bochecha dele e sai em direção à porta da escola.

_ Matheus, a Jamily me deu um beijo. Cara, eu não estou crendo.

Sorrio para o Fabrício, se tem alguém que merece ser feliz é ele.

Na empolgação ele me abraça e alguns garotos nos olham, o meu amigo desce e me abraça pela cintura, eu o olho e ele sorrir.

_ Eu estou aqui por você, e não vou repetir.

Saímos da escola e vamos para a sua casa, lá eu apago em sua cama. A última coisa que ouço é ele falando novamente da Jamily.

Acordo e já está tarde, resolvo ir encontrar com a minha mãe no serviço dela. Não quero ficar sozinho em casa.

_ O Fabrício, eu vou encontrar com minha mãe, ela deve está saindo. Não quero ficar sozinho e preciso andar um pouco.

_ Eu vou com você, não vou te deixar sozinho hoje. Vou dormir lá, a tia Aurora não vai se importar mesmo.

_ Ela te adora e eu nem sei porque.

_ Ah é meu jeito, até a Jamily viu isso.

Começo a rir e descemos, mando mensagem para a minha mãe, mas ela não me retorna. Logo chegamos na ponte e esperamos.

_ O Matheus, eu acho que sua mãe já deve ter ido, já foi uns vinte minutos.

_ Ela não responde as minhas chamadas ou mensagens.

Pego o meu celular enquanto espero perto da rua.

Ouço um barulho de motor e de pneu e olho, um carro vem rápido. Não consigo mexer e o carro vem em minha direção.

A ponte, no mesmo lugar que conheci o menino de olhos tristes, é ali...

Fecho meus olhos e espero o impacto...

Um barulho forte e sinto que sou derrubado. Abro meus olhos e o Fabrício está em cima de mim.

_ Matheus, você está bem.

Os olhos deles estão tão próximos ao meu. Ele se abaixa e eu levanto com sua ajuda. Eu o abraço. Ele acabou de salvar a minha vida.

Olho para o carro, que ao vim em minha direção, iria me atingir, mas por conta do Fabrício ter me empurrado, o carro que vinha rápido bateu na ponte e a atravessou a poucos centímetros de onde estamos.

O carro vai afundando e não consigo ver quem esta nele. Me levanto e envolvo Fabrício em um abraço, minha vida passou diante dos meus olhos e eu fui salvo graças ao garoto que sempre esteve comigo.

_ Obrigado Fabrício, eu te amo meu amigo.

É a primeira vez que digo que o amo, ele é mais do que da família, ele é meu irmão, e eu nunca tinha dito isso

Fabrício mexe em meu cabelo e ao meu ouvido ele sussurra.

_ Também te amo, meu irmãozinho.

Logo o local está cheio de gente, bombeiros chegam e eu vejo os patrões da minha mãe, junto de Leandro, Zeca e um garoto que eu nunca vi.

A mulher grita e entre lágrimas eu entendo o que ela diz, é o filho dela naquele carro, então foi o Paulo, ele que tentou me matar.

O meu olhar encontra o de Leandro, os olhos dele, é ele? Será? Ele me olha, mas seu olhar desce e ver os braços de Fabrício me envolvendo e pode ser impressão minha, mas ele fica triste.

Meu celular toca e vejo que é a minha mãe. Eu o atendo e ela diz que está em casa e que seu celular estava no silencioso.

Seguro o braço de Fabrício e o puxo, ele me dá sua mão e juntos saímos de lá, a ponte que está marcando a minha vida. Dou uma última olhada e vejo Leandro me seguindo com o olhar...

O Garoto do Carro (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora