Zeca
Ouvir toda a história do Isac, uma história que eu já suspeitava, mas ouvir e ter a certeza é saber que o Paulo sempre foi um monstro, é querer saber onde eu perdi meu amigo, se é que um dia tive um amigo.
Me levanto e aviso que vamos na casa do Paulo agora. O Leandro me avisa que o tio só irá chegar depois das 17 e seria a melhor hora de ir, pois sem o tio, ninguém naquela casa iria querer nos ouvir.
Peço que Leandro ligue para seu tio e o avise que estamos indo para a casa dele.
Eu quero terminar com isso logo, olhar para o Isac, para o Leandro é ficar com mais raiva do Paulo, como ele teve coragem de fazer o que fez com dois garotos tão meigos, tão inocentes, tão sinceros.
Lembrar das marcas em Leandro, de como ele teve medo de mim, de como o Paulo falou dele. Poxa, se eu tivesse o conhecido antes, se eu não tivesse ouvido as coisas que o Paulo dizia do primo, sempre que o garoto vinha nas férias.
Descemos, finalmente está quase na hora, não quero mais esperar, não suporto mais.
O carro para em frente à casa do Paulo, não sei como será, mas de algo eu sei, eu preciso me controlar para não socar o Paulo.
A empregada da casa está saindo e sorrir para nós, me arrependo de nunca ter perguntado o seu nome, pois ela sempre foi simpática. A vejo dar um abraço em Leandro e volto a olhar na porta onde o senhor André está.
_ Oi Zeca, oi sobrinho, e oi, você eu não conheço. O que vocês queriam conversar?
_ Senhor André, se o senhor não se importar é melhor entrarmos e nos sentarmos.
Andre me olha e fica sem entender.
_ O tio, o assunto é sério. Tem mais alguém em casa já?
_ Não, a sua tia saiu para fazer compras e seu primo ainda não chegou da rua. Mas entrem. Estou vendo que o assunto é sério.
Entramos em silêncio e quando chegamos na sala, eu olho para os garotos, não sei quem irá falar primeiro, mas vejo Leandro abrindo a boca.
_ Tio, eu preciso te contar uma coisa, não apenas eu, mas vou começar, porque eu vejo que passou da hora.
Andre olha para Leandro e eu percebo que o olhar dele está sério.
_ Tio, eu vou direto ao ponto, seu filho, meu primo, é um monstro! Sim, ele é mimado, ele é idiota, mas, o que o senhor não sabe, ele me estuprou! E não apenas uma vez, mais varias. Ele me ameaçou, e ainda está acabando com a vida do Matheus. Isso tudo, porque ele é um monstro.
Leandro diz tudo e começa a chorar, ele abaixa a cabeça e eu quero ir abraçá-lo, eu quero estar com ele. Mas, me detenho e olho para André, ele parece atordoado.
_ Senhor André, eu sei que você não me conhece, mas meu nome é Isac e seu filho me estuprou e me deixou machucado sangrando no banheiro, isso foi há dois anos. Eu me escondi, eu nunca mais voltei no clube, eu sumi de vez, mas não dá pra ficar mais assim.
_ Gente alguém me explica isso, porque não estou acompanhando. - diz André.
Isac conta tudo por partes que contou mais cedo para mim e para o Leandro, e eu vou acompanhando o rosto de André. O pai de Paulo sempre foi uma pessoa maravilhosa, mas, nunca teve muita voz com Paulo.
Quando Isac termina, Leandro relata como tudo começou, a conversa que Paulo ouviu, o estupro, as ameaças e sobre o Matheus.
_ Eu sei tio que parece difícil de acreditar, mas é verdade. Seu filho é um monstro.
André vai dizer algo, mas a porta se abre e dela entram Paulo e dona Lucinda.
_ O que esse viado está fazendo na minha casa, André ? Eu disse que não quero essa aberração aqui perto do meu filho.
Seu André apenas olha para ela e Paulo de aproxima, ele olha para o Isac e para mim e fica vermelho.
_ Pai, eu posso...
_ Explicar? Explicar o que Paulo! Me fala! Eu acabei de descobrir tudo! Acabei de descobrir que meu filho é um monstro! Acabei de descobrir que você que se diz o machão, que fez um escândalo quando seu primo se mudou para aqui, estuprou dois garotos! Isso que eu fiquei sabendo, e um deles sendo seu primo. Cala tua boca! Apenas isso!
Paulo fica mudo, eu nunca o vi daquela forma.
_ O que você tá dizendo? André, você tomou o que? Nosso filho nunca faria isso. Ele é homem. Isso é coisa desse anormal aí, não é?
_ Lucinda, você é cega? Qual o propósito teria para eles mentir sobre isso, e olhe você mesma o rosto do nosso filho, ele está branco, ele está com medo. Conta logo, Paulo, você fez tudo isso, não fez?
Paulo não diz nada. É a primeira vez que o vejo assim, sem ação.
_ Anda filho diz que eles estão louco. Você não faria isso não é? - diz Lucinda.
Paulo se vira pra sair mas André se levanta e o segura. Paulo empurra o próprio pai que cai no chão.
Paulo se vira e pega a chave do carro que está na mão de Lucinda e sai de casa...
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O Garoto do Carro (Romance Gay)
Ficção AdolescenteEm um olhar eu encontrei o amor, em apenas uma troca de olhares eu achei quem eu esperava. Mas, quem é você?