LEANDRO
É agora, desde que decidi por em prática o plano para acabar de uma vez com Paulo, eu não duvidei um momento do que eu teria que fazer, mas, agora, parado com o telefone na mão, meu coração aperta.
Eu disco para meu pai primeiro, o senhor Alexandre sempre foi mais calmo, mais próximo. O celular é entendido no terceiro toque.
"Oi filho, aconteceu alguma coisa? Você ligando agora? Não é normal seu."
Sim, eu ligo normalmente de noite, e nem sempre. Acostumei em apenas mandar mensagem de texto.
"Pai, eu preciso conversar com o senhor. Eu queria que fosse pessoalmente, mas não dá para esperar."
" O que aconteceu, meu filho?"
Respiro e resolvo que de fato é a hora.
"Pai, eu liguei porque preciso dizer que sou gay. E não conseguia mais guardar isso."
Falo direto e não consigo segurar as lágrimas, sei que eles estão caindo. Sinto meu olho molhado.
O silêncio do outro lado da linha me apavora mais e mais.
"Pai..."
"Leandro, não vou mentir e fingir que isso foi supresa, não foi! Segundo, não é algo que eu queria para você, porque sei que vai sofrer muito preconceito, contudo, eu te amo. Só não sei como vai ser aí, a mulher do seu tio, você sabe, é muitooo, enfim, você vai contar para eles aí também?"
"Vou sim."
"Bom, então me avise qualquer coisa, se for o caso olhamos um outro lugar para você ficar aí. E deixa que eu conto para sua mãe."
"Mas, pai, você está decepcionado comigo? Me perdoa."
Sim, o meu maior medo era em decepciona-lo.
"Meu filho, para de bobagem. Você não me decepcionou. Só seja feliz, isso é o que me importa."
Desligo o telefone mais calmo, e desço do quarto. Meu tio está chegando e vai ser de uma vez.
Meu primo está comendo na cozinha e sua mãe está com ele. Quando minha tia me ver, ela sorrir e me chama para comer algo com eles.
_ O tia, vou aproveitar que meu tio está aqui também e falar algo para vocês.
A minha tia me olha, a dona Aurora está saindo e me dá um tchau. Meu tio se senta e eu lanço tudo.
_ Eu sou gay, não dá pra segurar isso mais e bem, acabei de ligar para meu pai, então... é...
_ Eu disse, mãe! Eu disse que ele era anormal, que ele era nojento. Tá aí a prova! Por isso eu não queria que ele viesse pra cá! Ele deu em cima de mim, eu sempre te disse maizinha.
Não acredito naquela cena. O Paulo dando uma de coitadinho é muito patético.
_ Eu achei que era coisa da sua cabeça, mas agora estou vendo! Você estava certo meu filhinho. Mas vou corrigir isso agora, olha, Leandro, você tem até o fim do dia para sair dessa casa. Não posso deixar meu filho com gente da sua... ah isso que é você!
Minha tia, sendo a mesma de sempre e dando ouvido para o filhinho mimado dela.
_ Anda André, põe ele pra fora. Eu disse que era uma péssima ideia ele vim para cá. Mas, concordei em respeito a você. Só que agora não dá!
Meu tio está parado sem reação. Desde que falei ele ficou assim.
_ Primeiro, calma gente! Segundo, eu já sabia e terceiro, isso não importa em nada. Meu sobrinho é igual a qualquer menino, ele não vai sair.
_ Igual??? Você tá cego? Ele é anormal! Ele é um viadinho, ele chupa todo mundo! Sério? Você vai permitir um cara desses morando na mesma casa que seu filho? Eu não permito! Se ele ficar, nosso comento vai acabar!
_ Tudo bem, tio, eu saio. Não tem problema. Não quero causar confusão para você.
Saio da cozinha e subo para fazer as malas, meu tio sobe em seguida.
_ Leandro, você sabe que não precisa ir. O casamento com sua tia já vem causando problemas e a chantagem dela não...
_ Não, tio, tem muito mais coisas. Você não merece a mulher que tem muito menos o filho. Você é um ótimo tio, uma ótima pessoa. Merece alguém que te valorize.
Tio Andre, apenas chora.
_ Tio me leva na casa de onde vou ficar.
_ Você já tem?
_ Um amigo já tinha sugerido e eu vou aceitar.
Saio com meu tio e dentro do carro ainda vejo o sorriso no rosto de Paulo. Ele não sabe, mas tudo isso vai acabar...
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O Garoto do Carro (Romance Gay)
Novela JuvenilEm um olhar eu encontrei o amor, em apenas uma troca de olhares eu achei quem eu esperava. Mas, quem é você?