O Garoto do Carro (Romance Gay)

Capítulo 13 - Eu Sei

Fabrício

Eu sei que o Matheus vai ficar meio puto comigo, mas eu precisava apresentá-los. Foi engraçado, quando meu amigo olhou para Leandro e vice versa. Da pra notar que existe algo ali, e eu como melhor amigo não podia deixar isso passar.

_ O Leandro parece ser bem tímido, não é Matheus?

Matheus que acabou de sentar à minha frente, apenas confirma com a cabeça.

_ Cara, você ficou com...

_ Shut up!

O professor de inglês pede silêncio e eu não consigo terminar o que ia falar para o Matheus. Algo nós sabemos, o
professor Antônio não aceita conversa em salas de aula. É a regra número 1 dele.

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O sinal soa anunciando o fim daquele primeiro dia. Duas aulas de biologia, duas de inglês e um tempo livre. Que primeiro dia. É claro, discursos sobre vestibular e nome da escola. Ou seja, as aulas nem voltaram e eu já quero férias.

Saio do lado do Matheus, ele está quieto. Algo me diz que hoje, ele vai finalmente me contar.

Leandro passa por nós na porta da escola e eu aceno um tchau, ao qual ele responde. 

Aquele garoto parece ser bastante na dele, mas entendo ele. Aluno novo, é bem assim.

Matheus caminha em silêncio ao meu lado e juntos entramos na minha casa. Meus pais estão no escritório, mas, como sempre temos algo congelado na geladeira, facilita muito o almoço.

Entramos e meu amigo ainda está quieto. Deve ser por conta do que ele quer me contar. Será que ele vai falar sobre ele? A verdade é que eu sempre esperei ele me contar, mesmo sabendo de tudo.

_ O Matheus, pode deixar a mochila lá no quarto, vou colocar alguma coisa pra fazer aí almoçamos e descemos pra sua casa.

_ Beleza, mas não repara não, mas vou dar uma descansada enquanto você arruma algum almoço. Ontem demorei pra voltar, mãe e eu conversamos até tarde na lanchonete.

_ De boas, pode ficar em casa. Aliás, você sabe que já é de casa mesmo.

Matheus vai andando para o meu quarto e eu pego o corredor para a cozinha. Lá pego uma lasanha e coloco para assar. Esperando os minutos para poder comer me recordo de como foi descobrir sobre meu melhor amigo.

2016

Fim de mais um ano letivo, ainda não acredito que sobrevivi aos dois últimos dias de simulado. Se o ritmo era assim no primeiro ano, não queria nem pensar como será no último ano do médio.

Matheus, saiu antes de mim, mas combinamos deu ir na sua casa mais tarde, uma sessão de filmes na Netflix e pipoca. Só isso, apenas o que precisamos depois desse final de ano.

Entendo que o São Marcos é a melhor escola da cidade, mas uma semana inteira de prova, sendo os dois últimos dias simulados, não é fácil!

O Matheus anda bem estranho desde a última festa que fomos da cidade. Ele está fechado, além de viver com o celular na mão (sério, depois que ele ganhou um celular com redes sociais, ele só fica nele, principalmente depois da festa).

Levanto e começo a me arrumar, sei que o Matheus deve estar deitado, mas até eu chegar em sua casa. A verdade, é que não quero ficar sozinho em casa hoje. Sei que meus pais trabalham duro, mas ficar sozinho em casa não é pra mim.

Chego na casa do Matheus e toco a campainha, ele demora pra vim, mas, depois de uns minutos ele aparece.

De fato, acertei, ele está com uma cara de sono e apenas de short. É engraçado, pois ele fica vermelho ao me ver.

_ Entra aí, Fabrício, fica a vontade. Eu vou tomar uma chuveirada pra ver se acordo. Sério, esse monte de prova e de revisões. Quase nem dormir.

Entro e vou indo para o quarto dele, já vim tanto na casa dele que me sinto em casa.

Ao entrar no quarto me jogo na cama dele e algo bate em minha cabeça. Procuro o que foi e vejo um celular. Retiro ele e ao pegar o celular, ele desbloqueia.

Na tela aparece um tumblr, um tumblr com o nome de garoto escondido no carro. As fotos que aparecem são de garotos, garotos se abraçando e em uma delas, um garoto está beijando outro, e eu conheço muito bem o menino que vejo. É o Matheus. A foto é da festa da cidade. Agora faz sentido, o porque dele ter ficado olhando as fotos da festa quando foram divulgadas e também.

O engraçado é que eu vi todas as fotos, mas essa não. Ou simplesmente passei sem perceber. Sempre desconfiei que o Matheus não fosse hétero, mas nunca comentei nada, e agora, eu sei, mas não deveria.

Bloqueio o celular e ponho ele na mesinha. Se meu amigo, não quer comentar sobre, eu vou entender...

Daquele dia em diante, sempre deixei o espaço aberto para que meu amigo fala-se, mas ele nunca falou, com o tempo deixei de lado o assunto. E hoje, sinto que ele vai dizer.