Na semana seguinte, Joana e eu fomos ao Shopping para que eu pudesse comprar algumas calças novas. Nunca fui muito de gostar de gastar dinheiro com roupa, mas ela fazia questão com que eu fosse com calças novas para eu usar no meu primeiro ano do ensino médio.
Com a música no último volume e vidros do nosso carro velho abertos, mamãe não se importava em cantar alto enquanto dirigia pelas ruas a caminho do shopping.
— Mãe, você não tem vergonha de fazer este tipo de coisa na rua? Com tanta gente observando e ouvindo? — gritei para que ela ouvisse.
Ela por um momento abaixou o volume quase que o deixando inaudível.
— O dia em que todo mundo for pagar nossas contas e lavar as nossas roupas, deixarei com que me julguem!
E antes mesmo que Joana pudesse aumentar novamente o volume do rádio, busquei começar um assunto a fim de que ela não precisasse voltar a danificar nossa audição com aquele maldito som.
— E os empregos mãe... conseguiu encontrar algum?
— Eu fui em mais de quatorze entrevistas... estou bastante confiante, as expectativas parecem boas.
— Imagino como você deve estar ansiosa... jornalismo é algo que você sempre amou fazer.
— E sempre vou amar! — Joana disse segurando firme no volante, sem tirar a atenção da estrada, — fazer jornalismo foi algo que sonhei desde minha adolescência, e sem o seu pai em nosso caminho, acredito que poderei finalmente crescer bastante na área. Prometo que quando eu começar a ganhar mais dinheiro nós vamos...
— Estou extremamente contente com a casa em que moramos agora! — interrompi antes que ela falasse sobre trocarmos de casa.
A casa em que estávamos no novo bairro não era muito nova e era um tanto quanto desgastada por falta de reformas. Estávamos morando de aluguel, portanto não era um lar definitivo. Sempre quis morar numa casa com um andar, e neste novo lugar do qual nos mudados finalmente me fez realizar este desejo de infância.
— Eu te amo tanto filho.
Passamos pela cancela da entrada do shopping, demoramos dez minutos para encontrarmos uma vaga para que estacionássemos nosso fusca.
Entramos nos shopping e andamos de loja em loja para achar os preços mais em conta de calças jeans masculinas, e foi então que chegamos na última loja possível do shopping.
— Esta é a nossa última esperança de encontrarmos calças legais e baratas pra você Nick! — Joana disse enquanto encarava do lado de fora o nome da loja pregado em cima de suas largas entradas. — Você pode começar dando uma olhada enquanto vou no banheiro? Estou muito apertada!
— Tudo bem.
Logo depois da minha mãe ter saído correndo de forma engraçada em direção do banheiro mais próximo, adentrei a loja e fui direto à ala masculina. A loja em que entrei costumava ter preços bem em conta na antiga cidade que morávamos, e por isso acabou sendo nossa última esperança.
Avistei de longe uma promoção de três calças por R$99 reais. Não acreditei quando eu vi. Quando cheguei na mesa onde elas estavam expostas, verifiquei a qualidade do tecido e percebi que eram de boa qualidade.
"Por que será que estão tão baratas?", pensei comigo mesmo.
— Elas estão em promoção porque são nossas últimas do tipo na loja! — disse uma voz masculina atrás de mim. — Precisa de ajuda?
Quando virei me deparei com um garoto cujo o rosto era impossível de se esquecer. Não acreditei quando eu vi que a pessoa que estava me atendendo era justamente o menino que me viu cair de bunda semana passada no banheiro da escola.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O melhor ano do nosso colegial
Teen FictionNicholas é um garoto gay que acaba de sair da sua antiga cidade para viver uma aventura em São Paulo junto com a mãe Joana, que luta para encontrar um emprego e manter uma vida estável com o filho, logo após um trágico divórcio. O jovem amante de mú...