21 • A conversa na estrada

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Abri os olhos enquanto deitado na cama e fui incomodado por mais uma lembrança do dia da pequena festa na casa de Gabriela... festa da qual minha mãe nunca soube sobre e que resultou num castigo por tempo indeterminado para Gabi.

Já haviam se passado uma semana e nós dois conversávamos apenas pelo celular, afinal, o quarto de Gabriela tornara-se uma cela da qual ela — como prisioneira — não poderia sair.

Gabriela: Aqui está imensamente, profundamente, horrivelmente, e mais alguma palavra com ente no final, chato. Não posso sair, não posso ver seres humanos, não posso fazer nada... pelo menos tenho o celular para conversar com você!

Eu: E não é que tudo tem seu lado bom?

Gabriela: Ha, Ha... Ha. Sinto muita saudade de nós dois 2gether. **(Together: juntos, em inglês)

Eu: Eu também.

Nosso bate-papo através de mensagens foi interrompido quando recebi uma notificação do Instagram que dizia: Vinicius Alencar postou uma nova foto depois de algum tempo.

Obviamente cliquei e fui redirecionado até a tal foto nova. Resultado: Vinicius com seus dentes maravilhosamente bonitos, brancos, alinhados e arredondados em suas pontas, juntos de sua "namorada" cujos cabelos eram tão feios que até mesmo o shampoo se recusava submeteder-se a qualquer procedimento de lavagem.

"É... ele não deve estar mesmo sentindo minha falta", pensei.

Eu: Gabi?

Gabriela: Oii.

Eu: Sente saudade de você, Vini e eu juntos?

Gabriela: Olha, eu sinto bastante sim... mas quero que saiba que enquanto isso continuar acontecendo entre nós três, eu vou sempre estar do seu lado.

Eu: Você ainda conversa com ele, certo?

Gabriela: Só nas reuniões do clube de teatro, mas nessas férias... você sabe o óbvio.

Eu: Não precisa deixar de conversar com ele por minha causa, é serio!

Gabriela: Eu sei! Mas fica estranho conversar com ele sem que nós três estejamos amigos um do outro, sabe?

Eu: Eu sei... mas por que não é estranho eu e você?

Neste momento ela visualizou a mensagem, mas ficou um tempo sem responder. Um tempo tipo... cinco minutos.

Gabriela: Eu não sei...

— NICHOLAS! — disse mamãe surgindo na porta extremamente animada, —  sabe o que com muito esforço eu consegui lá na empresa?

Eu soltei o celular na mesma hora, tendo sorte por estar em cima da cama, pois se não ele estaria no chão com a tela rachada. 

— O que seria mãe? — fingi surpresa e curiosidade.

— Folga na Quinta e na Sexta!

— Por quê?

— Vamos visitar a vovó!

Precisei de uns cinco segundos para deixar com que minha mente processasse tal informação, e quando esta o fez, levantei correndo para abraçar Joana, esquecendo completamente a conversa que eu tinha acabado de ter com Gabi sobre Vini.

— Não acredito, não acredito. Eu, não acredito, mãe!!!

Ela não conseguiu segurar o riso e sentiu-se mais animada ainda junto a mim.

O melhor ano do nosso colegialOnde histórias criam vida. Descubra agora