Abri os olhos enquanto deitado na cama e fui incomodado por mais uma lembrança do dia da pequena festa na casa de Gabriela... festa da qual minha mãe nunca soube sobre e que resultou num castigo por tempo indeterminado para Gabi.
Já haviam se passado uma semana e nós dois conversávamos apenas pelo celular, afinal, o quarto de Gabriela tornara-se uma cela da qual ela — como prisioneira — não poderia sair.
Gabriela: Aqui está imensamente, profundamente, horrivelmente, e mais alguma palavra com ente no final, chato. Não posso sair, não posso ver seres humanos, não posso fazer nada... pelo menos tenho o celular para conversar com você!
Eu: E não é que tudo tem seu lado bom?
Gabriela: Ha, Ha... Ha. Sinto muita saudade de nós dois 2gether. **(Together: juntos, em inglês)
Eu: Eu também.
Nosso bate-papo através de mensagens foi interrompido quando recebi uma notificação do Instagram que dizia: Vinicius Alencar postou uma nova foto depois de algum tempo.
Obviamente cliquei e fui redirecionado até a tal foto nova. Resultado: Vinicius com seus dentes maravilhosamente bonitos, brancos, alinhados e arredondados em suas pontas, juntos de sua "namorada" cujos cabelos eram tão feios que até mesmo o shampoo se recusava submeteder-se a qualquer procedimento de lavagem.
"É... ele não deve estar mesmo sentindo minha falta", pensei.
Eu: Gabi?
Gabriela: Oii.
Eu: Sente saudade de você, Vini e eu juntos?
Gabriela: Olha, eu sinto bastante sim... mas quero que saiba que enquanto isso continuar acontecendo entre nós três, eu vou sempre estar do seu lado.
Eu: Você ainda conversa com ele, certo?
Gabriela: Só nas reuniões do clube de teatro, mas nessas férias... você sabe o óbvio.
Eu: Não precisa deixar de conversar com ele por minha causa, é serio!
Gabriela: Eu sei! Mas fica estranho conversar com ele sem que nós três estejamos amigos um do outro, sabe?
Eu: Eu sei... mas por que não é estranho eu e você?
Neste momento ela visualizou a mensagem, mas ficou um tempo sem responder. Um tempo tipo... cinco minutos.
Gabriela: Eu não sei...
— NICHOLAS! — disse mamãe surgindo na porta extremamente animada, — sabe o que com muito esforço eu consegui lá na empresa?
Eu soltei o celular na mesma hora, tendo sorte por estar em cima da cama, pois se não ele estaria no chão com a tela rachada.
— O que seria mãe? — fingi surpresa e curiosidade.
— Folga na Quinta e na Sexta!
— Por quê?
— Vamos visitar a vovó!
Precisei de uns cinco segundos para deixar com que minha mente processasse tal informação, e quando esta o fez, levantei correndo para abraçar Joana, esquecendo completamente a conversa que eu tinha acabado de ter com Gabi sobre Vini.
— Não acredito, não acredito. Eu, não acredito, mãe!!!
Ela não conseguiu segurar o riso e sentiu-se mais animada ainda junto a mim.
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O melhor ano do nosso colegial
Novela JuvenilNicholas é um garoto gay que acaba de sair da sua antiga cidade para viver uma aventura em São Paulo junto com a mãe Joana, que luta para encontrar um emprego e manter uma vida estável com o filho, logo após um trágico divórcio. O jovem amante de mú...